Foi com satisfação que recebemos a notícia da aceitação do plano de reestruturação da SATA pela Comissão Europeia. Salvamos as empresas; salvamos os postos de trabalho; salvamos as ligações aéreas para as gateways de Santa Maria, Pico e Faial; salvamos as ligações para o continente, Estados Unidos e Canadá que servem os Açorianos; e salvamos as ligações para outros destinos para captar turismo tão necessário à nossa economia. Nunca saberemos os contornos e os detalhes das negociações. Nunca saberemos os argumentos que tiveram de ser empregues para contrapor e rebater as posições seguramente dogmáticas da Comissão Europeia. Apenas sabemos o resultado que em meu entender é satisfatório. Estou feliz? Também! Triste? Seguramente, porque preferia que não tivéssemos chegado a este ponto. A um ponto de nos sujeitarmos a mandos externos. Num passado muito recente aconteceu o mesmo ao nosso país e tivemos de nos sujeitar às regras impostas pela Troika. Agora, também vamos ter que nos sujeitar às regras impostas pela Comissão Europeia (que era um dos elementos da Troika) para salvar a nossa companhia aérea. Até parece que cá, volta e meia, não nos sabemos governar e temos que nos sujeitar de quando em vez às imposições de uma entidade externa que deveria ser tão só uma parceira em vez de uma espécie de tutor severo!
O estado ruinoso a que a companhia aérea chegou não foi por causa da pandemia. Como muitas outras companhias aéreas europeias, a nossa também recebeu as ajudas europeias de emergência por causa da COVID-19.
O estado ruinoso a que a nossa companhia aérea chegou foi trilhado durante muitos anos, durante demasiados anos com alterações frequentes da administração, com rotas mirabolantes, com investimentos ruinosos em aviões!
O nosso governo de coligação tinha legitimidade para mudar o Conselho de Administração mas decidiu mantê-lo. Foi uma prova de confiança e uma aposta na estabilidade e o resultado está à vista: salvamos a nossa companhia aérea! Este resultado é incomensuravelmente melhor que a alternativa, que seria fechar a companhia. Este é o caminho certo!
Está tudo bem? Em meu entender não está, mas estou convencido que começamos a caminhar no bom sentido. Infelizmente vamos perder a empresa de handling que poderá ter impacto significativo na operação da Sata Air Açores e vamos perder pelo menos 51% da Azores Airlines. Em meu entender duas perdas significativas com impacto na nossa autonomia e soberania. Infelizmente o que foi feito durante anos colocou-nos a jeito! Ainda há desafios a vencer e todos os dias surgem novos. Tenho uma convicção de muitos anos que a liberalização do espaço aéreo para as Ilhas Terceira e de São Miguel confirmou: há espaço para a operação de companhias low-cost e todos nós estamos a pagar para isso! Não compreendo, pois, porque razão a nossa Azores Airlines não é a low-cost dos Açorianos; já o poderia ser há muitos anos e talvez agora não estivesse sujeita à feroz concorrência de uma low-cost estrangeira financiada por todos nós! Temos que defender o que é nosso, porque no dia em que não tivermos uma Azores Airlines ficaremos totalmente à mercê das vontades e dos preços de outras companhias aéreas. Os residentes em Santa Maria, Pico e Faial já sentiram isso no passado; não fosse a nossa companhia e essas gateways provavelmente já não existiriam. O serviço a bordo da nossa companhia é bom e somos bem acolhidos pelas tripulações. Quando tenho opção de escolha não hesito em voar na nossa SATA! Por estes dias celebramos o Dia da Região, cujo brasão de armas tem a divisa: “Antes morrer livres que em paz sujeitos”. Pense nisto nas próximas eleições; o modo como usa o seu direito de voto tem influência nestas “pequenas” coisas!
*Deputado CDS-PP
Pedro Pinto*