Diário dos Açores

Exames complementares de diagnóstico

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Conselhos de médico

1 – Os exames complementares de diagnóstico (ECD), na área da saúde, são isso mesmo que o nome indica “complementares”. Servem para ajudar na elaboração de um diagnóstico. Depois de uma história clínica e da observação física e psíquica do doente, o médico poderá solicitar um ou mais ECD para confirmar ou excluir uma ou mais hipóteses de diagnóstico.
2 – Os exames podem ser laboratoriais, de imagem, endoscópicos ou de patologia clínica. Os principais ECD são os seguintes: RX, TAC, ecografia, ressonância magnética nuclear, análises de sangue e da urina, eletrocardiograma (ECG), densitometria óssea, mamografia, citologia, biópsia, audiometria, espirometria, doppler, endoscopia, laparoscopia, etc., etc., etc. …  Existem “milhares”. Alguns têm nomes bem “complicadinhos”. Ora veja lá: tomodensitometria óssea bifotónica, histerosalpingografia, eletromiografia…
3 – Com o avanço das ciências médicas existem cada vez mais hipóteses de estudar um doente com o recurso a ECD. No entanto cada vez que um médico propõe ao seu utente a realização de um determinado exame isso tem implicações a vários níveis. Em primeiro lugar tem um custo económico ou para o utente, se o realizar na privada, ou para o Serviço Nacional de Saúde ou no caso dos Açores para o Sistema Regional de Saúde. Em segundo lugar essa decisão poderá atrasar a decisão da terapêutica. Em terceiro lugar uma grande parte dos ECD tem “sempre” algum risco de complicações. Em quarto lugar os ECD não são como o Cavaco Silva que dizia que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas…!!!
4 – Os ECD têm as suas limitações. Cada exame “serve” para um determinado fim, no auxílio para se estabelecer um diagnóstico. É por isso mesmo que só se deverão solicitar os exames estritamente necessários e fundamentais para cada caso de cada doente. Não vale a pena “pedir tudo”. Isso não é uma boa prática clínica.
5 – Os exames imagiológicos que implicam a utilização de radiações, como os RX ou a TAC (tomografia axial computorizada), têm efeitos secundários que não são de desvalorizar. Por exemplo as grávidas nos primeiros 3 meses de gestação devem evitar a todo o custo a sua realização, em virtude do risco de malformações congénitas no feto.Os riscos de cada exame deverão ser explicados ao doente, que deverá dar o seu consentimento só após estar na posse de toda a informação. O médico propõe, mas o doente é que decide.
6 – Os exames têm uma alta taxa de certeza diagnóstica, mas existem falsos positivos e falsos negativos. No caso dos falsos positivos o doente não tem a doença e o exame diz que tem. Isso poderá levar a procedimentos terapêuticos ou cirúrgicos desnecessários, com consequências que poderão ser graves para o doente. No caso dos falsos negativos o exame revela que o doente não tem “aquela” patologia, mas a verdade é que o doente tem. Existem também casos de interpretação duvidosa e outros em que um médico perante um exame considera uma coisa e outro médico considera outra. Nem sempre as coisas são só branco ou preto. Na medicina existem muitas áreas cinzentas.
7 – Existem muitas patologias que não necessitam de exames para se saber que o doente tem essa doença. Por exemplo no caso das fibromialgias não existe nenhum exame específico para a doença, não existe. Quanto melhor e mais experiente for o médico, menos necessita de “baterias” de exames complementares de diagnóstico.
Nota: Converse com o seu médico para ele lhe explicar a necessidade ou não de cada exame e os seus riscos associados. Confie no seu médico. Se ele disser que não necessita de exames é porque ele tem a certeza disso. Não insista em “pedir” ao médico para fazer exames e mais exames desnecessários. Não se esqueça que alguns podem ter efeitos secundários graves. Um colega e grande amigo meu fez-me um exame com um produto de contraste e depois fui “parar às urgências” com uma reação alérgica grave e tiveram que me administrar cortisona endovenosa. Haja saúde e … não abuse dos exames.


* Médico fisiatra e especialista em Medicina Desportiva

António Raposo*

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