Diário dos Açores

Promoção

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Sendo o turismo, como toda a gente afirma, uma actividade nuclear para o desenvolvimento económico e social da Região, essencial se torna a sua promoção.  Promoção que foi, desde sempre, uma área muito controversa da actividade governativa. Não se tendo, ainda, concluído por um modelo com irrefutáveis provas dadas.
A ideia de promoção turística refere-seà difusão de um lugar como destino para os turistas. E para isso é necessário definir uma estratégia clara e assegurar os meios necessários para sua implementação. Segundo Rita Marques “O turismo está perante o grande desafio de se saber reinventar, incorporando no seu modelo de desenvolvimento futuro a dupla transformaçãoverde e digital”.
O assunto é muito complexo e as hesitações recorrentes sobre o nosso modelo de promoção impedem que, o indispensável arranque pleno do turismo pós-covid, se faça de forma criativa e virada para o futuro. E, sobretudo, se evitem medidas e apoios avulsos – como foi o caso do recente apoio dado à Camara de Comercio de Angra – que apenas criam iniquidades que ninguém aceita.
Como em tudo, terá que haver plena transparência mas, para isso, as regras de jogo terão que ser claras e as competências definidas. Sendo a actual situação de indecisão da Associação de Turismo dos Açores (ATA) um “bom exemplo” daquilo que não deve acontecer. Continuando a aguardar e reentrada do Governo Regional e mantendo uma direcção, com mandato há muito ultrapassado.
Apenas a enormevontade de sair de férias das pessoas, paradas há dois anos por via da pandemia, tem assegurado um bom ano de 2022. Mas que será, contudo, mais um ano em que a sazonalidade se vai sentir, mais adiante, da forma habitual constituindo o grande obstáculo à sustentabilidade do sector.
O próprio CEO da SATA afirmou, recentemente, que “um dos paradigmas que esta a mudar na região é que tem de haver mais voos para qualquer lado, mas se foram forem vazios não interessam para nada. O que tem de haver é promoção do destino”. Acentuando a necessidade de haver mais voos internacionais durante o Inverno, nomeadamente charters.
Parecem ser, hoje em dia, indiscutíveis duas questões estratégicas na promoção dos Açores: a aposta muito forte na chamada época baixa e nos mercados da costa leste dos estados Unidos e do Canada. Sem deixar de manter, também, o esforço nos mercados emissores europeus tradicionais.
Começa a ser muito claro que os Açores estão vendidos na época alta e que os problemas que, a esse nível, se põem têm mais a ver com a capacidade hoteleira instalada e, sobretudo, com a restauração e os carros de aluguer. Bem como com todos os serviços não hoteleiros, cuja qualidade é essencial para a satisfação dos nossos visitantes.
Continuar a investir, essencialmente, para o Verão é um erro estratégico crasso.
Sendo o primeiro passo o de decidir qual o organismo que vai ser responsável pela promoção da Região e dotá-lo dos necessáriosmeiosfinanceiros e humanos (devida e altamentequalificados). Sendo a participação dos privados muito importante, a grande fatia do investimento terá sempre de ser oficial e a estratégia decidida a nível político, ouvidos aqueles parceiros.
Sendo o segundo passo, a definição dos nossos mercados emissores com maior potencialidade, sobretudo na época baixa, e que, na nossa opinião, são os acima referidos e nos quais temos grandes vantagens competitivas face a concorrência que temos de enfrentar na Europa.
E, finalmente, elaborar um conceito de turismo de Inverno para os Açores, criando os incentivos necessários para que a indústria da animação encete um novo caminho de criatividade e proatividade que terá de passar, também, pela saúde e o bem-estar.
A convicção, profundamente enraizada, de que o turismo de baixa estação na Região é para esquecer, é um paradigma profundamente errado e que urge combater de forma muito enérgica. O futuro do sector disso vai depender, nomeadamente no que diz respeito aos recursos humanos que terão de sentir que a carreira no turismo é sólida e promissora.
Não há negócio sustentável que resista a 5 meses de inactividade, na melhor das hipóteses.

António Simas Santos *

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