Diário dos Açores

Eles a darem-nos música...

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De vez em quando aparecem por aí uns ministros que julgam ter aterrado em terra de gente tonta.
Esta semana tivemos a fartura de dois e nenhum deles trouxe nada de novo, a não ser, como é costume, darem música para os nossos ouvidos.
A Ministra da Ciência certamente pretendia passar incólume à barraca cometida pelo seu antecessor, o célebre Ministro Heitor, que veio cá em 2020 assinar com a Universidade, perante a presença do então Presidente Vasco Cordeiro, um contrato-programa de financiamento à academia açoriana, no valor de 1,2 milhões  de euros ao ano, que o governo de Costa nunca cumpriu.
Elvira Fortunato lá disse que o compromisso “tem algum tempo”, pelo que “vai ser revisto”, garantindo que “é para ser honrado”, mas não soube explicar como, ora porque “está em fase final de assinaturas” (coisa muito complicada, como é sabido!), ora porque “os valores estão a ser finalizados”.
Ou seja, a Universidade açoriana, se já esperou dois anos, não custa nada esperar mais outro tanto, porque essas coisas entre Ministérios e as Regiões Autónomas são do tamanho da distância entre o Terreiro do Paço e as antigas ilhas adjacentes...
A famosa cientista ainda agora chegou ao governo e já parece ter a escola toda dos políticos e seus antecessores, que muito prometem , muito dizem e, depois, não fazem nada.
Já os conhecemos ao longe.
O outro ministro foi o da Economia, o tal que é acusado de estar ao serviço dos maiores lobies de Portugal, “pai” do famoso PRR, que distribui milhões sempre pelos mesmos e para os maiores deste país, inclusive os amigos, como agora se vê com o dono do celebérrimo “Atlântida”, constituído arguido esta semana.
Disse o ministro António Costa Silva, para quem quis ouvir boquiaberto, que admitia “a necessidade de adaptar o PRR à realidade regional”.
Agora? Depois do dinheiro já estar praticamente todo distribuído?
Era bom que o ministro perguntasse a António Costa Silva, que elaborou o PRR, porque não pensou nisto na altura.
É mais um a dar-nos música.
E ainda veio com aquela história da “Universidade Atlântica”, quando nem pagam à Universidade dos Açores, nem honram os compromissos assumidos.
É cada uma!
Também vindo de Lisboa, o Presidente da ANA trouxe uma notícia que já devia ter sido dada durante o pico da pandemia, quando os aeroportos não tinham movimento.
A instalação de mais salas de embarque no Aeroporto de Ponta Delgada entrava pelos olhos dentro de qualquer pessoa, mesmo não entendida em aviação. Em vez de realizarem as obras nos meses de menor movimento, vêm, agora, à pressa, em pleno Verão, acudir à desgraça.
O Presidente da SATA chegou-lhes bem ao pêlo numa audição parlamentar, mas agora o Presidente da ANA veio vingar-se, revelando que a SATA deve mais de 11 milhões de euros à empresa e não respeita os horários dos ‘slots’ em Ponta Delgada.
Nesta guerra de alecrim e manjerona quem se lixa - claro! - é sempre o contribuinte... e os passageiros desesperados.
E assim vamos sendo governados...

Esta semana também ficamos a saber que a SATA gastou mais de 22 milhões de euros com as reformas antecipadas e rescisões de 88 trabalhadores.
Ou seja, uma média de 250 mil euros por funcionário.
Eu não disse que vivemos no Dubai?
Surreal!

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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