Situação da Universidade dos Açores é de “sobrevivência”
Diário dos Açores

Situação da Universidade dos Açores é de “sobrevivência”

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A reitora da Universidade dos Açores (UAc) afirmou que a situação financeira da academia é de “sobrevivência”, enquanto o presidente do Governo Regional prometeu manter a “pressão” junto da República para a celebração do contrato de financiamento.
“A situação financeira da UAc é sempre de sobrevivência. Ou seja, neste momento não temos défice, mas a nossa circunstância financeira não nos permite alavancar os projetos que a UAc precisa e que a região também precisa”, afirmou a reitora Susana Mira Leal após uma audiência com o líder do executivo açoriano na sede da Presidência em Ponta Delgada.
A 28 de junho, na tomada de posse, a nova reitora da UAc lembrou que os “compromissos [financeiros] assumidos” pelo Governo da República, em 2020, “continuam por honrar”, no âmbito de um contrato-programa que previa, entre aquele ano e 2023, um reforço financeiro da academia em 1,2 milhões de euros anuais, que nunca se concretizou.
Na quinta-feira, Susana Mira Leal assinalou que não foram fixadas datas para a celebração daquele contrato aquando da visita à região, no início do mês, da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
“O objetivo agora é fazer o trabalho de casa no sentido da atualização desse contrato e de tentar que ele seja enquadrado ainda no Orçamento do próximo ano, que vai ser discutido em breve entre os diferentes ministérios”, acrescentou a reitora.
O presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, enalteceu o papel da academia como um “verdadeiro pilar autonómico” e realçou que o executivo tem vindo a reforçar as transferências para a UAc para compensar os “sobrecustos da tripolaridade”.
O Governo dos Açores apoiou a academia com 500 e 650 mil euros em 2021 e 2022, respetivamente, sendo que, para 2023, o apoio regional à UAc vai chegar aos 800 mil euros, disse.
Bolieiro considerou que a atuação do executivo açoriano deve ser “fonte de inspiração” para o Governo da República, vincando as “responsabilidades do Estado no financiamento do ensino superior público nos Açores”.
“Qualquer ministro ou secretário de Estado que passe pela Presidência do Governo [Regional] leva como encargo essa responsabilidade de lembrar os compromissos não cumpridos por parte do Governo da República em várias áreas e aqui em particular com a UAc”, destacou.
O social-democrata alertou que as mudanças no Governo na República não podem servir de “desculpa” para não “resolver o problema” da falta de financiamento à Universidade.
“A mudança de governo e da titular da pasta permitem conferir algum tempo para resolver a questão, não pode é ser uma desculpa para não resolver o problema. Por isso, obviamente que manteremos a pressão”, assinalou.
A 4 de julho, foi anunciado que o contrato-programa entre o Governo da República e a Universidade dos Açores iria ser revisto, segundo a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que reiterou o “compromisso” da República no financiamento à academia.

Relação com as empresas

A Universidade dos Açores pretende transformar a atual incubadora de empresas num Centro de Transferência Tecnológica para aumentar as relações entre a academia e as empresas, anunciou ainda a reitora.
 Susana Mira Leal apontou como uma das prioridades do mandato aumentar a “capacidade de transferência de conhecimento para as empresas”.
“Apresentei ao senhor presidente do Governo Regional o objetivo de transformarmos a nossa incubadora de empresas num Centro de Transferência Tecnológica, que é fundamental para que ela ganhe pujança”, afirmou.
Segundo disse, a criação daquele centro vai permitir à atual incubadora, intitulada InUAc, “ganhar capacidade” para concorrer a “projetos mais arrojados”, aumentar o número de empresas incubadas e de ‘spin-off’ (empresas com origem num grupo de investigação).
A nova reitora, que tomou posse há um mês, pretende ainda “alavancar mais um curso na área das ciências da engenharia”, de acordo com os “objetivos regionais de orientação para as ciências físicas e tecnológicas”.
Susana Mira Leal disse querer reforçar a “coesão regional” através a criação de “pós-graduações com alcance universal”, lecionadas através das modalidades de ensino à distância.
A reitora mostrou-se ainda “preocupada” com a possibilidade de não ser possível manter o ciclo básico de medicina na UAc, apelando ao Governo Regional para apoiar a contratação de “médicos doutorados” para o quadro da academia, uma “necessidade urgente”.
Doutorada em Educação, e especialista em Metodologia do Ensino do Português, Mira Leal tornou-se a sétima reitora da UAc e a primeira mulher a ocupar o cargo.

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