Diário dos Açores

De promessas está o inferno cheio

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Bem sei que alterei o sapiente ditado popular, mas a realidade que encontrei na ilha da Graciosa assim me obriga.
A Graciosa faz jus ao nome que lhe foi atribuído! Uma ilha pequena em tamanho, mas grande na sua graciosidade. De boas gentes! Boa mesa! Excelente oferta de zonas balneares!
No entanto, esta ilha padece de males vários, tal como as restantes ilhas mais pequenas da nossa região.
Desde logo, o primeiro denominador comum: despovoamento! Têm sido frequentes os discursos políticos do atual governo regional para solução deste grande mal, no sentido de inverter a realidade do desequilíbrio demográfico que apresenta uma população cada vez mais envelhecida, com um decréscimo acentuado de jovens.
Para inverter esta realidade, é necessário um conjunto de medidas políticas que se articulem e sejam transversais entre si. A execução de medidas avulsas sem qualquer articulação, de pouco, muito pouco, servirão, pois estabelecer um projeto de vida numa ilha pequena passa pela qualidade de resposta dos serviços públicos.
A saúde apresenta-se como um fator determinante para a fixação ou, pelo contrário, afastamento. Como tal, e sabendo-se da carência em enfermeiros, não se entende o atraso na publicação dos incentivos de fixação a enfermeiros... ou será que o Governo Regional está mais interessado em agir cirurgicamente satisfazendo as e os profissionais insatisfeitos com o anterior governo, de forma a garantir os seus votos, em próximas eleições?
A Graciosa necessita de mais médicos, mais enfermeiros, para poder apostar na saúde preventiva!
Outro grande problema é a habitação! Como fixar casais jovens e jovens quando não existe oferta na habitação? Alguém considera possível que jovens, em início de carreira, com os baixos salários praticados, consigam pagar os valores praticados pelo mercado imobiliário? É justo enviar jovens para a banca quando é cada vez mais difícil conseguir um empréstimo para aquisição de habitação permanente, ainda mais quando, ao momento, a taxa de juro sobe exponencialmente? Para quando uma resposta na habitação pública, com preços abaixo da média dos que são praticados pelo mercado imobiliário?
O poder local, embora propalado como aquele que está mais próximo à população, é o enteado deste governo. Ofícios de Juntas de Freguesia por responder desde fevereiro. Ou será de a cor política divergir das da solução governativa?
A mobilidade é outro dos males desta ilha. Ao contrário da ideia que se pretende passar, o aumento de voos não corresponde ao aumento de número de lugares! A capacidade de lugares no Dash 200 é bastante inferior à do Dash 400. Façam as contas... Por outro lado, esta ilha foi também afetada pela decisão abrupta do fim da “linha amarela” da Atlânticoline, sem que fosse feita uma preparação para tal. Tem a Graciosa a linha branca? Tem! E a capacidade no transporte de viaturas? 12! E se parte dessa capacidade for ocupada por viaturas que se destinam à ilha da Terceira? Pois... Fica a Graciosa a perder!
Na Graciosa, e eu visito esta ilha praticamente todos os anos, acentuou-se a degradação das estradas regionais e dos caminhos agrícolas.
No passado mês de abril, a Graciosa ouviu a palavra “Projetos” diversas vezes! Aliás, se há palavra fluentemente pronunciada pela boca do deputado do PSD, é “Projeto”. Projeto para isto, para aquilo e ainda mais um para acolá, no entanto, ao que parece, não terá passado mesmo da boca do sr. Deputado, pois, até para a população residente na Graciosa são desconhecidos. Onde está o projeto para a construção da gare marítima de passageiros? E o das termas com piscina exterior? Será que a população residente na Graciosa está a ser manipulada e esses projetos serão bandeiras para próxima campanha eleitoral?
Outro denominador comum nas ilhas mais pequenas é o de essas ilhas não terem beneficiado, absolutamente nada, com a eleição de deputados dos partidos que sustentam esta coligação de egos.
Pois, de promessas está o inferno cheio!

Alexandra Manes*
*Deputada do BE na ALRAA

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