Diário dos Açores

O “boom” pós COVID-19

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Com a problemática SARS-CoV-2/COVID-19 praticamente encerrada, vive-se um desconfinamento praticamente pleno. Muitas das regras, limitações e obrigatoriedades vividas nos últimos dois anos e meios foram abandonadas, permanecendo apenas as regras de etiqueta e de higienização mais elementares, sendo que o uso de máscara de proteção se restringe apenas a determinados meios de transporte.
Assim, com a “abertura” de uma nova época social, o desconfinamento pleno que se vive possibilita o encontro de muitos amigos e familiares, em diversos tipos de eventos, dos culturais/lazer, sociais e, até, religiosos, sejam todos esses de âmbito familiar/comunitário aos municipais e, inclusive, regionais.
Atendendoà imensa procura por momentos de convívio e de confraternização, tem sido, também, muita a oferta, sendo essa promovida tanto porentidades privadas como públicas, não esquecendo as associações sem fins lucrativos e outras de âmbito local/comunitário.
Sem prejuízo inúmeras iniciativas privadas, muitas das atividades ou festividades têm sido promovidas direta ou indiretamente pelas autarquias locais, que parecem assumir, no verão, o seu pico de atividade.Isto é: – em muitos casos, infelizmente – após a hibernação habitual, apenas se reproduzo que se tem feito e visto por aí. E note-se que tal não é propriamente negativo, há que reproduzir iniciativas positivas, que mereçam que o seja feita, em especial pelo benefício que trazem para os seus públicos-alvo. Mas fazer e também querer ter só porque sim, talvez não seja a estratégia mais inteligente.  
A questão aqui formulada não é uma afronta ao que se tem feito este verão – desde que com responsabilidade quanto ao erário público – mas sim à inexistência ou incipiência deatividade durante todo o ano, uma vez que os organismos públicos supracitados não são ou não deveriam ser vistos (apenas) como entidades promotoras de atividades sazonais.
O objetivo é, pois, fazer notar que muitos dos públicos visados e que necessitam de uma maior atenção das autarquias, como os idosos e as crianças, não existem apenas em “momentos-chave” para os autarcas, como no Natal, no verão e, até, em ano de eleições. A atuação junto desses públicos fica, muitas vezes, a desejar, considerando que as autarquias se limitam a promover ações isoladas e desarticuladas, que aparentemente visam promover os responsáveis por tais iniciativas.
Para bem intervir e atuar junto das populações é necessário planear, mas, infelizmente, muitos responsáveis políticos apenas têm visão no que respeita ao seu próprio futuro.


*Licenciado em Sociologia/Pós-graduado em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais

Mário Chaves Gouveia*

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