Diário dos Açores

Flores: a rejeitada pelo Governo

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No âmbito de um conjunto de perguntas, colocadas ao Governo Regional, acerca da ilha das Flores, foi notório o embaraço do Subsecretário Regional da Presidência face às minhas questões colocadas acerca de um investimento muito importante para as Flores e para os Açores.
Refiro-me, pois, ao já quase esquecido projeto para a Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE) que a muitas e muitos deve passar despercebida a sua inexistência, nas Flores. Isto por que, na verdade, do que não se fala, acaba esquecido.
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda não menoriza nem desvaloriza nenhuma ilha e, por isso, ao contrário do atual governo, não esquece os projetos determinantes para as nossas ilhas.
A RAEGE é um projeto que envolve o Governo Regional dos Açores e o Governo de Espanha que consiste na construção, instalação e exploração de quatro estações geodésicas fundamentais: duas em Espanha (Yebes e Gran Canária) e duas nos Açores (Santa Maria e Flores), que teve início em 2010 a partir da assinatura de um memorando precisamente entre o Governo dos Açores e o Governo de Espanha, através do Instituto Geográfico Nacional de Espanha (IGN). Para gerir e coordenar a participação dos Açores neste projeto foi criada a Associação RAEGE-AZ.
No site da RAEGE-AZ é possível perceber que os critérios para a localização das estações da RAEGE são estratégicos, e têm o objetivo de abranger “placas tectónicas diferentes: placa euroasiática (Yebes, Espanha), Placa norte-americana (Flores, Açores), a placa africana (Gran Canária, Espanha) e na micro-placa da junção tripla dos Açores (Santa Maria, Açores)”.
Na resposta à minha primeira questão, o sr. Subsecretário tentou, ardilosamente, desviar a atenção da responsabilidade do Governo dos Açores nesta questão, afirmando que havia sido os parceiros internacionais a desistir do investimento. MAS (sim, por que há um mas), o protocolo assinado entre o Governo dos Açores e o IGN de Espanha aponta para a necessidade de investimento na ordem 25 milhões de euros para implementar o projeto RAEGE, que se distribui da seguinte forma: 20 milhões da responsabilidade de Espanha, 5 milhões da responsabilidade dos Açores, sendo que entre as responsabilidades dos Açores constam, EXPRESSAMENTE, os investimentos necessários para a construção da Estação da ilha das Flores.
Atualmente a estação Geodésica da ilha de Santa Maria encontra-se, e bem, em funcionamento e, para terem uma ideia do quão importante este projeto é na fixação de mão de obra altamente qualificada, conta com 10 trabalhadores com formação, por exemplo, em engenharia aeroespacial, engenharia de telecomunicações, astrofísica, marketing, entre outras.
Enquanto se assistiu à criação da estação de Santa Maria, a ilha das Flores ficou pela aquisição de um terreno, localizado na via Fajã Lopo Vaz, na vila das Lajes. Estamos com quase 2 anos de governação da atual coligação e nada, absolutamente nada, foi feito relativamente a este projeto. Nem feito, nem sabido, nem sequer mencionado pelos dois deputados eleitos pelo círculo eleitoral das Flores, pelos partidos que sustentam o mesmo governo que despreza essa ilha.
Sabendo-se que este tipo de investimentos contribui cabalmente para a fixação de jovens e de mão de obra altamente qualificada e que a ilha das Flores tem uma enorme dificuldade em captar e fixar jovens, e não tendo tido resposta às minhas questões de forma clara, o BE irá propor a audição do Senhor Secretário Regional da Presidência, do Instituto Nacional Geográfico de Espanha, e da presidente do conselho de administração da RAEGE-AZ, com caráter de urgência, em sede de Comissão para que se possa saber o futuro do projeto RAEGE nos Açores, particularmente no que diz respeito à estação prevista para a ilha das Flores.
Resta saber se essa audição será aprovada pelas sras. e srs. deputados, dos partidos da coligação e dos partidos com acordos de incidência parlamentar, ou se o manto protetor a este governo, mesmo nas más políticas, se manterá.

*Deputada do BE na ALRAA

Alexandra Manes*

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