“É possível ser mais agressivo na mensagem promocional dos Açores no Continente”
Diário dos Açores

“É possível ser mais agressivo na mensagem promocional dos Açores no Continente”

Previous Article Previous Article Assinado protocolo entre os Conselhos Económico e Social dos Açores e da Madeira

Gilberto Vieira, Presidente da Associaçaõ de Turismo Rural dosdos Açores

 O atendimento personalizado, e a localização privilegiada estão entre os atrativos das unidades que integram a Casas Açorianas - Associação de Turismo em Espaço Rural, granjeando cada vez mais adeptos, principalmente junto dos turistas do continente.
A tranquilidade e o contacto com a natureza que proporcionam ao hóspede são outras mais-valias.
Mas não chega. Mais promoção é o que reivindica Gilberto Vieira.

Quanto é que as Casas Açorianas representam neste momento em relação a todo o alojamento nos Açores?
Percebo a questão que levanta, mas não se pode comparar, em nenhuma região do país, a oferta do alojamento em espaço rural, que é aquele que as Rural representam, com a restante oferta de alojamento.
As características próprias da oferta destas unidades que, como se sabe, são de pequena dimensão por forma a proporcionarem ao cliente um acolhimento personalizado por parte dos proprietários ou de as quem dirige, e a sua implementação em zonas fora das grandes urbes, muitas delas em contacto direto com a natureza, são os traços definidores que fazem com que, aqui nos Açores, as Casas Açorianas sejam um produto diferenciador.
No entanto, e indo mais diretamente à pergunta, as casas integradas na nossa Associação de Turismo em Espaço Rural são 131 casas com capacidade para receberem cerca de 630 clientes, pertencentes a cinquenta associados e espalhadas por todas as ilhas dos Açores exceto na ilha do Corvo onde pensamos ter um associado em breve.
Após dois anos de pandemia e tendo em conta a quase inexistência do mercado internacional, como é que as Casas Açorianas se reinventaram e se adaptaram? O que representou e representa o mercado do continente? Este foi sempre um mercado importante?
Os dois anos de pandemia tiveram várias fases distintas, houve alturas em que os Açores estavam fechados, períodos em que as medidas restritivas eram muito fortes e alturas de uma maior abertura, ao mesmo tempo que os nossos principais mercados emissores de turistas passavam por situações difíceis e estiveram, também eles, fechados por largos períodos.
Foi um tempo duro para os nossos associados e para toda a atividade do turismo.
Felizmente, para que o pior não acontecesse, foram criados alguns apoios para as empresas e, por outro lado, existiu uma comparticipação às deslocações entre as várias ilhas do arquipélago, incentivando-se, assim, o turismo interno açoriano, o que contribuiu para que as nossas casas tivessem clientes de outras ilhas.
O primeiro mercado a reagir foi o do continente, que ainda durante o ano de 2020 recomeçou a viajar e a fazer férias nas nossas ilhas, como os números demonstram.
O mercado português é historicamente o nosso principal mercado, e vai continuar a ser, no entanto a nosso ver é possível fazer mais promoção e ser um pouco mais agressivo na mensagem promocional dos Açores no continente.
As potencialidades do mercado do continente para o arquipélago açoriano são grandes, basta verificar quantos continentais já visitaram ou fizeram férias na ilha da Madeira e quantos já vieram aos Açores.

Já podemos falar em recuperação? Quais são as perspetivas para este ano? Quando é que as Casas Açorianas poderão alcançar os resultados pré-pandemia? O que é que está a ser feito para atingir esses objetivos?
A essa questão tenho de respondersim e não.
O ano está a correr bem e no verão o número de turistas até pode ultrapassar ligeiramente os números de 2019, mas depois ainda ficam a faltar os últimos meses do ano, e vai depender da procura nesse período, o resultado final.
Por outro lado, somos um território descontinuado e por vezes o ano pode correr bem numa ou noutra ilha o que não quer dizer que para todas as nossas unidades de alojamento nas diferentes ilhas os resultados sejamiguais.
Por isso é prematuro ser muito direto nessa resposta.
Quanto a atingir os números pré-pandemia, a nossa associação acredita, como disse atrás, que pode acontecer já este ano, mas se nada mais de anormal acontecer nos Açores, em Portugal e no mundo, acreditamos que em 2023 poderemos ultrapassar os nossos resultados de 2019.

O que diferencia as Casas Açorianas de outro tipo de alojamento na região? Quais as propostas que apresentam ao turista? Trabalham em rede, ou seja, propõem aos turistas outras unidades da Associação em outras ilhas?
Como mencionei na primeira resposta, as Casas Açorianos são pequenas unidades, quando comparadas com os hotéis e nesse sentido são mais personalizadas no atendimento e no trato com o cliente.
Em poucas horas da estada já identificamos o turista e já o tratamos pelo nome, e no segundo pequeno-almoço já sabemos quais são os seus gostos e preferências.
Para além do atendimento personalizado, a localização privilegiada da maioria das nossas casas é um atrativo, a tranquilidade e o contacto com a natureza que proporcionam ao hóspede são outras mais-valias.
Hoje, muitas das nossas unidades já indicam atividades que os turistas podem fazer, como passeio pedestres e visitas culturais nas proximidades.
Quanto ao turista que visita diferentes ilhas, é evidente que estão sempre presentes as nossas propostas para que fiquem alojados nas unidades nossas associadas.
Para dar alguns exemplos, posso dizer que nas feiras onde estamos presentes com stand, como na BTL, no nosso material promocional e no nosso site, que inclui o Guia de Turismo em Espaço Rural, as casas dos nossos associados estão todas presentes, com descritivos e mapas das ilhas com a sua localização.

Na perspetiva da Associação, é necessária mais promoção? Que tipo de promoção e em que mercados?
A promoção nunca é de mais, a nosso ver ela tem de ser contínua, não pode ser neste mercado num ano, depois mudam-se os planos e vamos apostar noutro mercado, sem que se veja o resultado do trabalho realizado.
A promoção custa muito dinheiro, por isso deverá existir um plano rigoroso, a pelo menos três anos, mas sendo o ideal cinco anos, que defina, entre outras coisas, os mercados a “atacar”, ou as regiões ou cidades, no caso de países de grande dimensão como por exemplo os EUA.
E como já abordei, o mercado português deverá constar numa pequena lista prioritária.
Ao fazer-se um plano de ação, este deverá ter sempre presente as ligações aéreas que são fundamentais para que os turistas cá cheguem.

Como é que a Associação analisa essa questão das taxas turísticas?
A direção das Casas Açorianas, na altura em que se começou a falar da criação de uma taxa turística nos Açores, fez um comunicado com a sua posição, que foi contra a criação da taxa turística regional, considerando-a “insensata” numa altura em que a atividade turística apenas começa a sua recuperarão.
Achamos a implementação da taxa turística precipitada, consideramos que passou na Assembleia Legislativa dos Açores devido a “jogos” políticos que demonstram pouco respeito pelos empresários dos diferentes setores que compõem esta atividade económica e pelos turistas.
Recordo, a propósito, que o turismo é a atividade que tem alavancado a economia regional, e que foi dos setores mais afetados pela pandemia, levando a que muitas empresas tenham resistido com grandes dificuldades e, infelizmente, implicando o encerramento de algumas.

Dos 16 estabelecimentos turísticos reconhecidos nos Açores com o galardão Green Key 2022, cinco são unidades associadas da Casas Açorianas – Associação de Turismo em Espaço Rural. Isto demonstra o vosso compromisso com o meio ambiente e a sustentabilidade? De que moldes são colocados na prática?
Para um presidente de uma Associação, ver associados receberem distinções com a importância do galardão Green Key, nada o pode deixar mais feliz, aproveito para salientar a distinção que as Casas Açorianas receberam recentemente do Governo Regional dos Açores que as distinguiu com o prémio Espírito Verde relativo à categoria de personalidade ou instituição.
Quanto aos prémios Green Key são, provavelmente, a distinção que mais apreciamos, e que felizmente os nossos Associados têm conquistado com regularidade.
Este Galardão é, sem dúvida, o reconhecimento, por parte dos nossos clientes, do resultado de todo o esforço e empenho que cada proprietário nosso associado coloca no bem receber e na qualidade do acolhimento que faz ao turista.
Unidades de turismo em espaço rural como as nossas, têm vindo a constituir-se como uma referência e são já peças-chave na afirmação do destino Açores como local único e apelativo.
É um prémio internacional que distingue as boas práticas ambientais, a vários níveis, nomeadamente as energéticas, as de educação ambiental na área do turismo sustentável, bem como a autenticidade sociocultural dos territórios de acolhimento e a conservação da sua identidade cultural.
E estas questões fazem parte do ADN da nossa associação e dos nossos associados.

Tem-se assistido a novos investimentos na área do turismo rural nos Açores?
Sim, com o crescimento do turismo para os Açores também a oferta tem aumentado e mais alojamento em espaço rural foi surgindo, mesmo em ilhas e lugares que até há poucos anos não tinham a perspetiva de ter investimentos desta natureza.

Alguma polémica que tem recaído sobre a ATA tem, de alguma forma, beliscado a Casas Açorianas?
A Associação de Turismo dos Açores tem vivido, nos últimos anos, situações complicadas, mas pensamos que com o compromisso público do Governo Regional em resolver a situação, está a entrar no bom caminho, e nós, como parte interessada no bom desempenho turístico da região, estamos a contar com isso. Sei que está a ser feita uma auditoria e que após as conclusões o executivo açoriano irá avançar célere com uma solução que, como disse o presidente do Governo Regional, passará por limpar o passivo da ATA, ou criar uma outra entidade pública e privada para a promoção turística.

Share

Print
Ordem da notícia1325

Theme picker