Diário dos Açores

Hélder Rodrigues: técnico que contribuiu muito para o desenvolvimento do turismo açoriano

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Opinião

Falecido há poucos dias em Lisboa, Hélder Rodrigues era conhecido por muitos profissionais do turismo, nomeadamente dos Açores, pois muitos beneficiaram do seu válido conselho ou da sua competente pedagogia como formador acreditado nas profissões turísticas, principalmente na hotelaria e na restauração.
Ele dedicou longos anos da sua vida à causa da formação das profissões do turismo, com enorme competência e com grande rigor técnico, ensinando sempre que a qualidade é a condição essencial para o sucesso em tão importante sector económico.
Hélder Rodrigues, sempre muito aprumado e educado, frequentou a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, nos anos 60 do século passado, antes de prosseguir estudos noutros locais, em Portugal e no estrangeiro. Começou como profissional na hotelaria do Algarve, de onde era originário. Depois foi técnico de formação hoteleira no Centro Nacional de Formação Turística e Hoteleira, em Lisboa. Foi também director ou colaborou com escolas e pólos escolares turísticos, nomeadamente em Lisboa, Estoril, Santarém, Setúbal, Açores e Algarve. Deixou, pois, uma marca muito grande e dispersa.
Com profundo conhecimento da hotelaria e da restauração, Hélder Rodrigues transmitiu muita da sua competência e muita da sua experiência a centenas ou mesmo milhares de alunos durante a sua vasta e rica carreira de formador. Muitos profissionais devem-lhe muito e reconhecem isso, com grande e sentida gratidão.
Além disso, estabeleceu e desenvolveu uma notável cooperação entre escolas de hotelaria e directores de hotéis, a nível nacional e internacional. Colaborou activamente com as associações profissionais do sector turístico e representou Portugal em manifestações e certames profissionais praticamente em todo o mundo.
Conheci Hélder Rodrigues quando fui jornalista na Agência Lusa em Lisboa. Estabelecemos uma verdadeira amizade. Ele por vezes telefonava-me a dar informações para notícias relacionadas precisamente com o sector turístico. Fiquei-lhe sempre muito grato por isso. 
Ele conhecia muito bem os Açores e as respectivas potencialidades turísticas. Não tenho dúvidas em dizer que contribuiu muito para o desenvolvimento do turismo no arquipélago, de forma talvez silenciosa, mas muito eficaz, através da formação e do aconselhamento qualificado e especializado. E uma vez disse-me: “Não compreendo como autorizaram a construção daquele enorme hotel nas Sete Cidades. Os Açores, se querem ser um destino turístico de grande qualidade e de elevada rentabilidade económica, não podem cometer erros contra a natureza. Isso seria hipotecar o futuro do sector”. Oxalá essa tão lúcida análise chegue ao conhecimento de governantes e autarcas. O que é muito grave é que continuam a cometer-se erros contra a natureza na nossa terra.
Ao desaparecer agora do nosso convívio, Hélder Rodrigues merece este mais do que justo registo, embora modesto: ele foi, para todos os efeitos, um excelente amigo dos Açores.
No espaço de um ano aproximadamente, faleceram na capital Celestino Domingues, extraordinário historiador de turismo, e Humberto Ferreira e Belmiro Santos, competentes jornalistas especializados no sector turístico. Escrevi sobre os três. Agora desapareceu Hélder Rodrigues, distinto formador turístico, que realizou e deixou um trabalho verdadeiramente notável e positivo. Todos foram amigos dos Açores e deram evidente atenção ao desenvolvimento do turismo nas nossas ilhas. 
É mais do que tempo de os Açores manifestarem o devido reconhecimento a todos quantos, não sendo açorianos, de qualquer sector e de qualquer profissão, amaram e serviram, sob diversas formas e com grande empenho, o nosso arquipélago. Nos casos de Celestino Domingues, Humberto Ferreira, Belmiro Santos e Hélder Rodrigues eu fiz a minha parte.

Tomás Quental Mota Vieira
 

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