“A cultura e o turismo devem cruzar-se sob o ponto de vista institucional”
Diário dos Açores

“A cultura e o turismo devem cruzar-se sob o ponto de vista institucional”

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Arquipélago de Escritores arranca hoje em Ponta Delgada

Mais um Arquipélago de Escritores, o quinto. Este traz modelo diferente ou a matriz dos anteriores mantém-se?
A matriz mantém-se. Assumir a tradição literária açoriana e a vocação dos Açores para serem anfitriões de várias vozes culturais, vindas de diferentes lados.

O cruzamento entre literatura e música, à mistura com teatro, é a receita ideal para o modelo que se pretende para o Arquipélago de Escritores?
Penso que sim. E ainda se podem juntar mais áreas. Entendemos a literatura em sentido lato e achamos que pode e deve comunicar com várias áreas artísticas. Um concerto pode levar aos livros e vice-versa. Assistir a uma peça que parte de um livro gera, automaticamente, a curiosidade em ler esse livro.

Ponta Delgada e Angra do Heroísmo. Para quando outras cidades ou ilhas?
É algo que nos interessa desde o início. 
É decisivo concretizar a ideia de Arquipélago de Escritores. Partimos de São Miguel e queremos que se realize em todas as ilhas. 
A verdade é que, desde o início, a revista Grotta tem vindo a publicar textos de todo o território açoriano, cá dentro e fora. 

Na quinta edição e a esta velocidade, o Arquipélago de Escritores é para figurar todos os anos?
É, sem dúvida. E vamos procurar que se vá realizando ao longo de ano, de diferentes maneiras. O Arquipélago de Escritores é um conceito e uma causa que podem ser consagrados de diferentes modos – de conversas estivais a residências literárias no Inverno.

Impressiona a quantidade e qualidade de eventos culturais que se estão a realizar nesta Região?
Sem dúvida. Penso que os Açores já começam a assumir que uma das suas maiores vocações é uma distribuição generosa e variada de acontecimentos culturais cada vez mais exigentes. Que vão de uma cultura dita tradicional até a novas linguagens. 
Quando os dois mundos se cruzam – e já vi acontecer - pode-se chegar a patamares verdadeiramente transcendentes.

Também é dos que se espantam por haver tanta gente a comprar em minutos um bilhete para os Coldplay e depois haver quem se queixe que os livros são caros?
Completamente. As ideias-feitas vão fazendo o seu caminho. 
É mais honesto dizer-se que os portugueses, em geral, têm fracos hábitos de leitura e que os açorianos, em particular, também. A partir daí poderemos trabalhar noutro sentido. O resto são clichés. Sou um frequentador de bibliotecas e encontro muitos livros que nunca saíram das estantes.

 A Cultura açoriana precisa de um olhar mais atento por parte dos poderes?
Os Açores são um chão naturalmente cultural e quase todas as artes precisam de apoios. Das filarmónicas à música. Há artes que são especialmente caras, como o cinema ou as séries. Porque envolvem equipas grandes e vários dias de rodagem. 
Se quisermos ter cinema e séries nos Açores deve haver um investimento público. Dou o exemplo da Islândia, que hoje em dia começa a surgir nas plataformas com boas séries. Isso só se consegue com uma mistura entre apoios públicos e risco privado. Tenho defendido algo muito pragmático. A cultura e o turismo devem cruzar-se sob o ponto de vista institucional. 

Sugira um ou dois motivos para nos surpreender na edição deste ano do Arquipélago de Escritores.
O roteiro pensado por Maria das Mercês Pacheco e por Pedro Almeida Maia para Ponta Delgada. 
Tem um título que parte das suas obras mais recentes: “Dos Viajantes dos Açores à Escrava Açoriana”. 
No Domingo, às 14h, partimos das Portas da Cidade pela mão dos dois autores e vamos aonde nos quiserem levar com as histórias que quiserem partilhar. E, logo a seguir, às 16h30, no Hotel Marina Atlântico, José Carlos Barros, o Prémio Leya do ano passado, entrevistado pelos históricos José Carlos Frias e Vamberto Freitas.

jornal@diariodosacores.pt
 

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