Diário dos Açores

Gozar com o contribuinte

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Imaginemos o pé de vento que não seria se a administração da SATA tivesse a ideia peregrina de comprar uma frota de carros BMW para os seus administradores e directores...
Já teríamos assistido a dúzias de conferências de imprensa a pedir a cabeça dos seus responsáveis e dos governantes que permitiriam tal dislate.
Em Lisboa é diferente.
A oposição protesta, os sindicatos revoltam-se, mas a impunidade impera perante o silêncio abstruso do governo e do seu primeiro-ministro.
Foi preciso toda uma sociedade civil se revoltar, para a TAP voltar atrás e os seus administradores assumirem a vergonha de não terem a determinação que demonstraram no início para levar por diante a escandalosa mordomia.
O plano de reestruturação da TAP, aprovado por Bruxelas, prevê uma injecção de até 3,2 mil milhões de euros pelo Estado português, isto é, pelos bolsos dos contribuintes. 
A última tranche, de 990 milhões, entrará na companhia aérea até ao final do ano.
Ora, perante este enorme sacrifício, que incluiu despedimentos, redução de salários, redução de frota e até uma anunciada privatização, como era possível uma administração adquirir dezenas de viaturas novas, algumas topo de gama, para satisfazer o ego se suas excelências?
A administração da TAP provou que não possui bom senso e, como tal, não está à altura de assumir um encargo tão arriscado como é a reestruturação da empresa.
Em qualquer país discreto já tinha sido substituída, mas a marca dos governos de António Costa tem sido o da impunidade para com os seus amigos e clientela partidária.
É o que temos assistido, ao longo destes anos, em várias frentes da administração pública, onde imperam as gentes que colam cartazes e que se estão a marimbar para o contribuinte.
Por cá também temos disto, aos montes, em várias instituições e organismos públicos, enxameados de gente chamada pelo partido a assumir funções para as quais não têm capacidade.
Gente que nunca fez nada na vida a não ser viver com base no orçamento público à custa da reverência aos líderes.
Já aqui alertamos que os partidos tradicionais estão a brincar com o fogo, permitindo um assalto à organização pública por pessoas que têm apenas como mérito possuir o cartão do partido.
O contribuinte não é tolo e sabe como dar resposta aos desmandos dos poderes absolutos.
É o que estamos a ver por esta Europa fora.
Não estará longe de nos bater, também, à porta. 

Transportes marítimos


A comunicação do Comandante Lizuarte Machado apresentada ontem na cerimónia dos 175 anos da empresa pioneira mariense “Pareces”, que publicamos na edição deste jornal, é um excelente contributo para o estudo que se pretende fazer sobre a problemática dos transportes marítimos nos Açores. É preciso recolher muitos contributos na nossa Região, porque temos cá muita gente que sabe muito do sector e não deixar que sejamos, depois, confrontados por teorias de “especialistas” sentados em Lisboa. 
É preciso, também, não permitir que o estudo seja influenciado por outros interesses que não os de todos os Açores. Caso contrário, em vez de um estudo sério, estaremos, também, a comprar uma frota de carros sem necessidade...

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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