A nossa condição de Insulanos, habitantes oceânicos bem no meio do vasto Atlântico, provoca uma dependência total das energias fósseis. Petróleo e Gás para nos iluminar, movimentar, cozinhar, etc.
Até aqui, nada de novo. Todos o fizeram. O problema é que estamos isolados demais para sermos suficientemente importantes nas prioridades em caso de emergência. Isto acontecendo, estaremos entregues a nós mesmos e à nossa capacidade de sobrevivermos – sozinhos, como sempre aconteceu ao longo dos nossos séculos de vida arquipelágica.
Nos tempos modernos, novas energias e formas de as produzir, trouxeram facilidades e inovações que no nosso caso, enquanto Atlantes, nos ajudam e facilitam a vida, desde que convenientemente formatados para tal.
Nessas novas formas de produzir energia, democratizou-se a iniciativa individual na sua produção. Qualquer pessoa pode produzir a sua própria eletricidade. A fonte é eterna: O Sol, o Vento, o Mar.
No Portal da Energia da Direção Regional da Energia, - Proenergia, Sistema de incentivos à produção e armazenamento de energia a partir de fontes renováveis, nota-se o primor com que foram elaboradas tais páginas digitais. No entanto, para a grande maioria do nosso Povo, esses portais nada dizem, se não forem complementados com sessões de informação, amplas campanhas publicitárias de fácil acesso linguístico para melhor assimilação dos verdadeiros interessados – o Povo em geral.
Neste momento, as campanhas tal como estão elaboradas, atingem apenas uma elite, uma camada social, mais recetiva a este género de informação.
As campanhas que beneficiam todos em geral, especialmente os mais precários e menos escolarizados, devem ser dirigidas em linguagem de fácil acesso e os funcionários das respetivas secretarias devem estar lá para ajudar os cidadãos em todo o processo. Muitos funcionários e respetivas chefias vivem ainda adversos na cedência de informação – que é de todos. A “casta-casulo funcionário público” prevalece ainda em muitos casos da administração pública, paga por todos os contribuintes.
Quando abrimos o portal da Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, a primeira coisa que aparece em página inteira é a fotografia enorme de Berta Cabral, secretária regional do assunto em causa, pelo que ficamos na dúvida se de fato abrimos uma página de informação sobre energia, ou se abrimos uma página de autopromoção política futurista…
No contexto atual de guerra na Europa, torna-se urgente promover mais rapidamente toda a transição energética nas Ilhas Açorianas, para que num futuro próximo menorizemos ao máximo os impactos negativos dos preços cada vez mais agravados dos combustíveis.
“Os incentivos à aquisição e instalação de sistemas solares fotovoltaicos já disponíveis são destinados às famílias, empresas, IPSS e outras organizações, permitindo comparticipar a aquisição de sistemas solares fotovoltaicos a 100%, até ao máximo de 1.500 euros por quilowatt instalado.” Não basta colocar todas estas informações num portal digital e pronto. As entidades responsáveis terão de proceder a uma maior e mais eficiente campanha publicitária sobre este assunto de extrema importância, para que a população açórica usufruía ao máximo dos incentivos agora disponíveis. Torna-se de extrema importância a informação boca-a-orelha a nível autárquico, onde as Juntas de Freguesia podem assumir um papel vital neste contexto.
Importante se torna assinalar que o programa SOLENERGE estará em vigor até agosto de 2025, com uma dotação global de 19 milhões de euros. Isto implica que temos apenas pouco mais de dois anos para que os açorianos possam usufruir dos benefícios deste programa como excecional incentivo para a tão desejada transição energética. É fundamental para o nosso Ambiente, para o nosso Futuro, para os nossos Açores.
José Soares