Diário dos Açores

Intelectualidade activa, precisa-se!

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Por estes dias, muita da intelectualidade açoriana esteve ou ainda está reunida em importantes e interessantes encontros, mostrando o que de melhor se produz culturalmente nos Açores ou sobre os Açores e reflectindo, também, sobre temas relevantes, com destaque para a literatura. Tudo isso é, obviamente, muito positivo e muito oportuno!
Mas eu gostaria que escritores, poetas, historiadores, professores, músicos e outros não ficassem circunscritos aos seus círculos: falta, efectivamente, o que eu definiria como uma “intelectualidade activa”, disponível e capaz de intervir na vida colectiva sem receio de melindrar este ou aquele, de defender com denodo os nossos valores patrimoniais e de apontar caminhos de progresso cultural sem ficar à espera dos decisores políticos.
Os intelectuais não podem só analisar obras literárias por melhores que sejam, fazer discursos de fino recorte linguístico e trocar elogios por mais justos que sejam. Cabem-lhes outras e não menos importantes tarefas de interesse colectivo.
Têm sido cometidos erros enormes na nossa terra contra o património arquitectónico e ambiental, entre outros, mas os intelectuais, que são os que têm maiores preparação e formação, calam-se, não emitem qualquer opinião, fazem de conta que não é com eles. Não, também é com eles. Parece que todos ou quase todos evitam comprometer-se publicamente seja com o que for. As excepções são, na verdade, muito raras.
Já tivemos intelectuais com grande capacidade de intervenção na vida colectiva. Já não estão entre nós, mas o seu exemplo deve ser seguido e imitado, para o bem dos Açores. Não se exige dos intelectuais intervenção política, que também podem ter se assim as suas consciências o determinarem, mas influenciar, sensibilizar e educar a sociedade para os grandes valores são tarefas a que os intelectuais não se devem eximir.

Tomás Quental Mota Vieira *

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