Diário dos Açores

Alexandre Barros: Desportista eclético vocacionado para o Ténis de Mesa

Previous Article Plano de Emergência Social e Económica dos Açores
Next Article A Economia grisalha

Desportistas do meu tempo

O Alexandre nasceu no bairro do Corpo Santo, freguesia da Conceição e andou na escola primária do tenente Areias, na rua Santo Espírito , na qual teve como professora a D. Mercês. Naquele tempo havia muito espaço na freguesia para a miúdagem brincar, correr, saltar e jogar à bola ao ar livre sem grandes preocupações. Quando entrou para o Liceu Nacional de Angra do Heroísmo teve como cvolegas de turma o Arlindo Nascimento,  Armindo Godinho, Fernando Maciel, Chico Almeida, Machado Bettencourt, Bruz da Cruz, Jorge Monjardino, António Fantazia e António Figueiredo entre outros.
Na qualidade de entusiasta pela actividade desportiva que naquela idade já mostrava, o Alexandre depressa se apercebeu que tinha nas aulas de educação física um professor (Monteiro Paes) que era um grande dinamizador da prática desportiva e excelente pedagogono ensino desportivo motivando com facilidade a grande maioria da rapaziada. O Alexandre para além de ser um bom colega era daqueles alunos que não faltava às aulas e, quando as não tinha, entretinha-se no Estádio da Pedra a dar uns pontapés na bola ou na sede da JEC (Juventude Escolar Católica), que ficava em frente da tasca do Antero, a jogar ping-pong (ténis de mesa) com os colegas da turma.
No bairro onde residia, o Corpo Santo, o desporto era muito popular com especial relevo para o futebol de rua, praticado no Jardim do Porto Pipas, do qual saíram muitos e bons jogadores para o clube local o Sport Club  Marítimo.  Ainda muito novo, começou a jogar nas equipas de bairro, os onze do Corpo Santo, Grupo desportivo do Lameirinho, Académica de S.Carlos e, já mais crescido, na Associação Académica do Liceu, na qual fomos companheiros aquando das saudosas deslocações à ilha de S. Maria, nas festas locais, durante as férias do Verão. Como adepto do Sport Club Marítimo teve a oportunidade de integrar a equipa de futebol numa deslocação particular à ilha Graciosa. Também jogou basquetebol nos torneios internos do Liceu e nas provas associativas pelo S.C. Angrense.
O Alexandre era um habilidoso nato quando se tratava de dominar uma bola, quer fosse com os pés ou com as mãos, daí ter integrado equipas de futebol e basquetebol a diversos níveis. As suas qualidades motoras ajustavam-se com facilidade a qualquer modalidade desportiva. No entanto, o desporto mais do seu agrado e onde atingiu maior notoriedade foi o Ténis de Mesa. No final da década de 50 inscreveu-se no Grupo Juvenil da Sé, então presidido pelo Luís Bretão, no qual  formou uma boa equipa juntamente com o Clínio Costa e o José Couto, tendo conquistado todos os torneios que então se realizavam. O treinador era o Sr. Antero, pessoa muito dedicada à modalidade, com uma enorme paciência para aturar aquela rapaziada, criando e fortalecendo laços de amizade que se estenderam até aos nossos dias, o que pode ser comprovado através da assiduidade do grupo nas touradas à corda.
Entretanto, em 1967, quando exercia funções profissionais na Repartição de Finanças de Angra do Heroísmo, foi mobilizado para o serviço militar obrigatório tendo feito o curso de sargentos milicianos em Tavira. Naquele período da guerra colonial havia uma grande falta de enfermeiros pelo que foi encaminhado para a área da enfermagem tendo feito a especialização nos Hospitais militares da Estrêla (Lisboa) e no do Porto. Concluída a especialização (1969) foi enviado para o ultramar, mais propriamente, para Mueda e Sagal, na província de Cabo Delgado, zona complicada em termos de conflito armado no norte de Moçambique.
Na sua viagem marítima no paquete Lourenço Marques, com saída da Gare de Alcântara a caminho do continente africano fez paragens no Funchal, Luanda, Lobito, Cidade do Cabo (África do Sul) e finalmente Lourenço Marques. Em terras moçambicanas seguiu em veículos, numa coluna militar, da capital para a província de Cabo Delgado num percurso de 1672 quilómetros, ou seja, mais distante que de Lisboa à Terceira (1565 Km). Na sua permanência no norte prestou serviço durante 12 meses no Batalhão de Caçadores (BC15). Cumprida a primeira fase do seu destacamento foi transferido por via aérea para o Hospital de Lourenço Marques onde continuou a exercer as suas funções de enfermeiro por igual período (12 meses). Terminado o tempo de serviço em terras moçambicanas regressou ao continente português, igualmente a bordo do paquete Lourenço Marques, com paragens nas cidades de Durban (África do Sul), Luanda, Funchal e destino final em Lisboa.
De regresso à sua terra natal, a saudosa  ilha Terceira, ainda teve que fazer mais uma viagem marítima desta vez a bordo do Angra do Heroísmo. No bairro do Corpo Santo calçou novamente as sapatilhas e voltou à sua actividade desportiva habitual, não competitiva mas sim de lazer, através de umas futeboladas com a rapaziada amiga e, quando o tempo não o permitia, havia sempre o ténis de mesa nos locais onde, na companhia do Clínio e Couto, tinham vencido todas as provas então realizadas. Mas não ficou por aqui, pois foi convidado para o exercício de funções de dirigente desportivo. Primeiro, como membro da direcção do seu clube de sempre, o Sport Club Marítimo e, posteriormente, como vice-presidente da Associação de Ténis de Mesa da ilha Terceira e, num segundo mandato, como Presidente da Assembleia Geral da respectiva associação.
O Alexandre Barros sempre foi e continua a ser um desportista correcto, bom companheiro de equipa, com uma atitude de entrega total em benefício do colectivo, comungando do princípio que o desporto é para fazer amigos para sempre. Bom exemplo para todos nós e, principalmente, para os mais novos.

Eduardo Monteiro *

Share

Print

Theme picker