Artista picoense celebra longa carreira musical no Canadá
Diário dos Açores

Artista picoense celebra longa carreira musical no Canadá

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A 5 de Outubro de 1957 nascia, na ilha Terceira, nos Açores, Victor Martins.
No fim de semana passado celebrou, para além da sua data de aniversário, os cinquenta anos de carreira musical entre família, amigos, fãs e comunicação social.
Celebrando agora meio século, o artista que deu os primeiros passos e despertou para a vida na ilha do Pico, pois embora tendo nascido em solo terceirense, mudou-se para aquela ilha ainda cedo, acompanhando os seus pais Manuel e Prudência Martins, naturais das Lajes do Pico.
Longe de saber que o poder da montanha lhe daria asas para voar bem longe, Victor Martins, filho de pais picarotos, desde cedo se interessou pelas pautas musicais, pelas letras e por fazer uso “da voz que Deus lhe presenteou”.

Rodeado de amigos e admiradores
 
A sua inspiração está, aliás, bem patente, na música que canta: “Minha terra, debruçada sobre o mar, és um cântico de sol, um poema de luar. (...) oh nossa terra, oh nosso mar, a luz do sol e do luar. Minha terra, flor de pedra, a brotar, nossa ilha e a montanha, ao céu querendo beijar. (...) Minha terra (...) se algum dia te deixar, vai comigo a saudade em meu peito a soluçar”. Letra que foi feita pelo seu tio, escritor Dias de Melo, nascido na freguesia da Calheta de Nesquim e autor de Pedras Negras, Toadas do Mar e da Terra,  ou Mar pela Proa, mas que o artista luso-canadiano entoa sempre com a mesma emoção e carinho pelos Açores.
Victor Martins, rodeado de amigos e família, soprou as suas velas no Centro Cultural Português de Mississauga, no Canadá, na noite de sábado passado, tendo também feito um espectáculo composto por antigos e novos êxitos da sua carreira musical, havendo ainda espaço para a apresentação do vídeo da sua nova canção Mariana e a sua mini saia.
Nas mesas dos mais de 350 presentes no evento, para além da boa disposição e alegria, estavam aperitivos bem açorianos (chouriço, morcela e queijo branco), bife com batatas e vegetais, sendo que a sobremesa só poderia ser claro o bolo de aniversário, cujas velas foram apagadas com Victor Martins no meio de artistas musicais da comunidade portuguesa.
Aqueles a que o aniversariante chamou de “companheiros de caminhada, companheiros de luta”. Em termos musicais também actuou a Karma Band, animando os presentes e promovendo um serão de alegria contagiante.

Orgulho na carreira do filho

Marquei presença na comemoração desta data, e estive também à conversa com o pai de Victor Martins, que confessou “o seu orgulho na carreira do filho”, dizendo “tudo fazer para estar sempre ao lado dele”.
Manuel Martins, de 95 anos, ladeado pela atual companheira de vida, deu como exemplo o facto de ter estado hospitalizado, mas que “pedia todos os dias aos médicos para ir à festa do seu filho”.
 “As pessoas já deviam saber como são os Homens do Pico, quando querem muito uma coisa conseguem e são muito fortes, são feitos de pedra”, diz o pai do músico, antigo baleeiro que registou ter trabalhado no Cais do Pico, em São Roque do Pico, durante quase 20 anos.
50 anos de música, 65 de vida, recheados de alegria, algumas tristezas, de objectivos concretizados e alguns por cumprir, muita luta, muito trabalho, foi assim que Victor Martins se apresentou agradecendo a todos por toda a colaboração de sempre, esperando que o futuro ainda lhe reserve coisas boas.

Em prol da comunidade lusa no Canadá

Por seu turno, o mestre de cerimónias, Antonio Cesar, visivelmente emocionado, dedicou-lhe estas palavras: “Há artistas que nascem com a chancela de uma missão colada à vida. São os que colocam o sonho, a consciência, a fé, acima de tudo e até de si próprios. São os que com bravura saltam os limites e deixam transbordar a sua sensibilidade.
São os que dão a cara, mesmo sabendo que podem sofrer.
Assim é Victor Martins que tem servido a comunidade com lealdade há 5 décadas. A sua voz parece agora um velho vinho do Porto, pois quanto mais velho… Victor Martins está sempre ao lado dos que precisam da sua voz agradável, da sua dedicação pela comunidade sem esperar comendas ou homenagens! Victor Martins é um dos filhos legítimos da nossa comunidade”.
Terminou-se dando vivas à vida, à alegria e à música, entoando-se: “Ver nascer o sol numa traineira (...) em águas azuis com maré alta, golfinhos saltam com alegria e eu não me esqueci do barco Terra Alta. Nasci na terra dos bravos (...) os meus pais eram do Pico, da terra dos baleeiros”.
 E foi assim, que Victor Martins “no seu lindo cavalo de pau pintado”, foi cavalgando o mundo, concretizando sonhos, vingando na música, nunca esquecendo o que “a comunidade portuguesa lhe deu e apoiou”, disse.
Uma comunidade surpreendente, não há dúvida!

Toronto, Little Portugal

por Rómulo Ávila *,
Correspondente em Toronto

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