Diário dos Açores

2023 Ano de Esperança? …

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1. O meu prognóstico é que «sim!
 A minha mãe já me dizia que a esperança era a última coisa que devíamos perder na vida, pois seria o mesmo que perder a Fé.
E, como ainda estamos na quadra natalícia, mas com entrada para o novo ano, o cardeal madeirense Tolentino Mendonça, ao observar os actuais sinais da vida quotidiana, relança assim essa esperança: «entrega-nos o verbo nascer como um programa de vida, um mapa sempre em aberto, sempre a ser refeito. O Menino que o Natal celebra diz a cada um: agora nasce tu !».
 Daí que, caberá a cada um de nós «voltar» a nascer se quisermos que 2023 seja aquele ano de esperança ambicionado por todos - pois tenho a convicção de que serenado algum do pó que se levantou na Europa e no Mundo, por  tudoo que se passou de bom e de menos bom - será da reflexão que cada um fizer de si e do outro eda trajectória de vidana Igreja, na família, na escola, na politica e na sociedade civil, que nos pudemos  situar nos votos que  formulamos e são tão comuns neste tempo: «Feliz Ano Novo!».
Como mote para assinalar a passagem deste 56º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco afirmou que «ninguém pode salvar-se sozinho», uma verdade que cada vez mais fui compreendendo e que me permitiu - e a tantos como eu - ter o coração desperto às fragilidades que nos passaram pela porta, mas sempre que pudemos, e com os pés bem assentes na terra, recomeçar a caminhada…
O rescaldo da pandemia mostrou e continua,os imensos vazios da nossa sociedade, mas também permitiu-nos fazer descobertas de valorização em muitas áreas da vida regional, com abrangência às suas nove parcelas, uma tarefa que, tem de ser encarada e renovada de acordo com as necessidades essenciais das suas populações e dos recursos que geram, proporcionando criar riqueza, mas que não enfraqueça os esforços que foram e estão a ser empreendidos.
Quando comecei a minha vida activa, no ano de 1953 – isto há 70 anos - confirmei o que ouvia dizer: «viver nos Açores é um luxo», porquanto a descontinuidade insular /nacionalnem sempre foisolidária, levando quase à asfixia do maior órgão da autonomia administrativa, que era assumido pelas juntas gerais; por outro lado, não era possível a fixação de grandes empresas gerando novos empregos, novas perspectivas de vida para os jovens,aliás uma situação que ainda se repete, apesar dos responsáveis políticos e os detentores da economia/finanças, tentarem aqui estabelecer novas fontes de riqueza, como é o caso do  «renascimento» do turismo… e não só, numa conjugação de esforços entre a sociedade civil e as diferentes secretarias regionais, sem esquecer os municípios.
Creio também ser de valorizar a actuação prudente e serena do Presidente do Governo Regional, sempre na tentativa - até agora conseguida – de levar esta legislatura até final do mandato, o que nos dá a tranquilidade suficiente para termos esperança de que o programa apresentado a sufrágio, com as devidas alterações que já foram introduzidas, trará aos povos dos Açores «aquele convite a permanecermos despertos, a não nos fecharmos no medo, na dor ou na resignação, não ceder à dissipação, nem desanimar, mas, pelo contrário, a ser como sentinelas vigilantes capazes vislumbrar as primeiras luzes da aurora, sobretudo nas horas mais escuras», conforme também disse o Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz.
O pluripartidarismo democrático que se vive na nossa Assembleia Legislativa Regional,também poderá ser um elemento indispensável para colocar no centro das conclusões tomadas a palavra «juntos»- mesmo no natural confronto político de ideologias – e, assim, todos valorizarem os desafios a enfrentar.
Já basta ver o que se passa no mundo da guerra – sobretudo na Ucrânia - e das consequências que, no dia-a-dia nos atingem, para nos abrirmos a um «novo nascimento» de vida em 2023 e sermos capazes de fazer face às desigualdades sociais, com amor e justiça. Mas, perdoem-me, pois até esses também têm de contribuir, para que todos sejamos melhores a construirdesde Santa Maria ao Corvo…

2. Um outro «nascimento»- que trará à Igreja Açoriana o Pastor muito justamente ansiado - vai acontecer no próximo dia 17, quando o novo Bispo designado para a Diocese dos Açores, D. Armando Esteves Domingos tomar posse canónica na Sé Catedral de Angra do Heroísmo, numa cerimónia que terá as mesmas normas já registadas aquando da posse do anterior prelado, D. João Lavrador, ambos bispos auxiliares: um da Diocese de Braga e outro da do Porto.
O meu pároco e amigo padre José Paulo Machado, director do Jornal «A Crença», sempre bem informado daquilo que se passa na Igreja portuguesa e até mundial, creio que foi o primeiro a «profetizar» que o bispo-auxiliar do Porto, D. Armando seria aquele que, pelas suas demonstradas qualidades pastoraise pessoais, seria o «bispo certo»,   que a Diocese de Angra precisava, mas creio que pôs algumas reservas quanto a essa possibilidade, porquanto afastá-lo da sua Diocese não seria fácil como «braço direito» do bispo residencial.
Mas, felizmente que tudo aconteceu como fora «profetizado» e o Espírito Santo, uma vez mais, derramou os seus dons sobre os açorianos e a sua Diocese. Daí que, como aconteceu no Porto - segundo o testemunho do padre Amaro Lopes, pároco duma das maiores paróquias daquela cidade nortenha, e assim será por aqui - «D. Armando integrou-se muito rapidamente na cultura própria da diocese portucalense e parecia conhecê-la tão bem e melhor do que muitos de nós, ao fim de bem pouco tempo».
E, acrescentou ainda,«que era um Homem muito livre e pelo que sabia não oferecera qualquer resistência à nomeação, nem fez cálculos, nem deitou contas à vida e que não escolhera ser bispo, nem escolhera uma Diocese».
Igualmente, «notava-se que, sob o ponto de vista pastoral, era uma boa fonte de inspiração renovadora para todos nós, bispos, padres, religiosos e leigos, com quem era agradável estar, conversar, discutir, desabafar. Dá força trabalhar com ele»!
Aliás, na mensagem que dirigiu aos açorianos logo após a sua nomeação, D. Armando Domingues afirmou «querer servir o povo dos Açores em forma de agradecimento; em primeiro lugar a Deus por todas as provas do Seu amor em todas as etapas da sua vida, no respeito por cada um, pelas instituições e serviços públicos ou privados e ter o meu coração em cada mulher ou cada homem dos Açores».
É caso para dizer: Louvado seja Deus, porque nos ouviste!
Uma palavra de carinhoso louvor é devida, nesta hora, ao senhor cónego Helder Fonseca Mendes que, como Administrador Diocesano dos Açores neste período delicado de «sede vacante», soube estar à altura das responsabilidades que lhe foram inerentes, visitando todas as paróquias e ouvidorias dos Açores, acompanhando e aconselhando o clero, os leigos e os movimentos da Igreja.
 Assim, apoiado na «coragem dos recomeços – 2023», faço ardentes votos queaconteça em todas as famílias e que este «nascimento» se prolongue em paz e fraternidade.

Rubens Pavão *

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