Diário dos Açores

Prevenção

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Conselhos de médico

Ano novo… vida nova. A prevenção em saúde pode ser “dividida” em 5 níveis.
1 – Prevenção primordial: Tem por objetivo evitar estilos de vida que aumentem o risco de doença. Ao prevenir padrões de vida social, económica e cultural que se sabe estarem ligados a um elevado risco de doença estaremos a promover a saúde e o bem-estar diminuindo a probabilidade do aparecimento de doenças (legislação contra o tabaco, planos de atividade física, de saúde escolar, de melhoria do ambiente, de segurança alimentar, etc.);
2 –Prevenção primária: Pretende evitar fatores de risco antes que se desenvolva o mecanismo patológico que conduzirá à doença (vacinas, vit. D, preservativos, seringas descartáveis, etc.);
3 – Prevenção secundária: Deteção precoce dos problemas de saúde, com tratamentos atempados, evitando a evolução e a prevalência da doença (rastreios do cancro, “teste do pezinho” nos bebés, rastreio e tratamento da hipertensão arterial, da diabetes e da dislipidemia, etc.);
4 – Prevenção terciária: Limitar a progressão da doença, diminuir as consequências, diminuir e tratar as complicações, as incapacidades e as sequelas, prevenir a recorrência da doença e adaptar o doente às suas incapacidades e limitações. Neste aspeto a medicina física e de reabilitação desempenha um papel fundamental na potenciação das capacidades do doente, melhoria da qualidade de vida, reintegração familiar, laboral e social, diminuindo os custos sociais e económicos (educação e formação nas escolas e locais de trabalho, readaptação dos locais de trabalho para pessoas com deficiência, ajudas técnicas, etc.);
5 –Prevenção quaternária: Neste nível os objetivos são os de evitar um excesso de intervenção médica e as suas consequências (efeitos secundários e iatrogénicos), diminuir a híper medicação (médica ou de venda livre), procurar alternativas menos “arriscadas”, literacia em saúde (um doente com mais conhecimentos toma melhores opções para a sua saúde). Os médicos devem “aplicar” a medicina baseada na evidência e o princípio da proporcionalidade e da precaução avaliando muito bem os benefícios de determinada medicação, procedimento ou tratamento em contrapartida com os eventuais riscos. À população e aos doentes devem ser dadas indicações que evitem o consumo exagerado de medicamentos, de exames complementares desnecessários e até de cirurgias que se sabe terem pouca evidência científica. As vantagens e desvantagens de cada ato médico devem ser sempre muito bem ponderadas não só em prol do doente, mas de toda a sociedade. Toda a informação deverá ser baseada em fontes de informação fidedignas e independentes. O “diz que faz bem” não é ciência.

NOTA 1 - O povo diz: “Um homem prevenido vale por dois”. Se se quiser pode-se fazer muita coisa para além de “resolver os problemas das urgências”…!!!      
NOTA 2 - “Buns aunes” de 2023.
NOTA 3 – Haja saúde. Haja saúde. Haja saúde.

António Raposo*

* Médico fisiatra e especialista em Medicina Desportiva

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