Diário dos Açores

Como o Bloco de Esquerda com a sua poção mágica de ética transforma um cunhado em sogro?

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É difícil suportar a falsa moralidade do Bloco de Esquerda e do seu coordenador regional António Lima. Passa a vida a apontar aos outros faltas de ética pelos seus comportamentos, quando é essa sua atitude que revela falta de “ethikos” que em grego quer dizer “carácter”.
Não posso deixar de criticar veementemente a declaração política que esse deputado fez na Assembleia Regional, os seus lapsos e as suas mentiras. Há lapsos que são mentiras, mas há mentiras que sendo lapsos não são corrigidas. Quando há uma víbora ao ataque que lança veneno indiscriminadamente não há margem de manobra para desculpar lapsos, porque esses lançamentos de puro veneno transformam-se em atos de terrorismo político. Na política não vale tudo, mas para António Lima e a sua assessora Alexandra Manes, parece que sim.
Para fazer valer o seu ódio político e em nome da política que deveria servir a comunidade, ataca o mais sagrado que a comunidade tem: as famílias. Será que a família dele, certamente constituída por funcionários públicos, uma vez que odeia a iniciativa privada, não tem vergonha disso? O que é que a família dele tem a ver com isso? Nada. Se não tem nada a ver com a sua ética pessoal, as famílias de outros, também nada tem a ver com a visão mesquinha que ele tem da sociedade que considera corrupta na sua essência se não for bloquista.
Acusou o Secretário Regional da Saúde de favorecer a esposa num concurso público, para logo de imediato saltar para o Secretário da Agricultura, por se ter apercebido que esse não era o alvo da moda. Mesmo sabendo que todos os deputados e utentes públicos consideram a visada, competentíssima, isso não o fez parar para pensar, por uma razão muito simples: a meritocracia é uma palavra banida do dialeto bloquês. Com uma só cuspidela de veneno conseguiu atingir múltiplos alvos.
De seguida acusa o Secretário do Ambiente e alterações Climáticas de ter metido à socapa na EDA Renováveis o sogro, e não diz que é um lapso, porque é bom que o veneno se espalhe mais. Toda a gente percebeu que se estava a referir a mim, tentando passar mais uma vez a ideia de incompetência e conspiração.
O sogro do secretário visado é reformado e não foi indicado para nada. Estava descansado da sua vida até António Lima o vir importunar. Queria-se referir ao cunhado do visado, que sou eu. Não fui indicado pelo Secretário, que conforme as competências que lhe atribuíram, não tutela a energia e não é acionista da EDA, e eu, não sou um ilustre desconhecido porque participo na vida pública e já fui eleito como ele para a Assembleia Regional e já me sujeitei a muitos outros tipos de escrutínio público que ele nunca teve, porque não tem habilitações para tal. Não saber distinguir um processo de indicação de um de nomeação é incompetência.
As incongruências são muitas. Esse senhor, quando defende os professores não está ele a defender causa própria, por ser professor? Esse senhor não é dos deputados que mais ganha na Assembleia Regional dos Açores, tendo recebido limpinhos, de vencimento, sem contar com despesas de representação, apenas no mês de Junho do ano passado, 5.690,65€, salário esse muito superior ao salário de um médico especialista, de um professor em fim de carreira e absurdamente superior ao dos ditos trabalhadores que ele diz defender? Esse senhor recebe muito mais do que a maioria dos empresários que ele tanto abomina e que criam postos de trabalho.
Poderia elencar aqui um conjunto muito mais vasto e estúpido de questões populistas, que dificilmente bateriam as posições populistas e de falsa moralidade de António Lima. O objetivo das questões anteriores não é dar a entender que António Lima é corrupto, mas apenas confrontá-lo com as suas inconsistências, incompetências e arrogância ética.
O que acho ser mesmo muito importante descortinar e construir em nome da transparência, não é um site com as indicações para cargos públicos que tenha a árvore genealógica de cada governante até se chegar a Adão e Eva, mas sim um site público onde se elencam as mentiras de determinados políticos, e ao lado, a apresentação dos seus pedidos de desculpa. Nesse site, entrariam as considerações e insinuações que António Lima fez à EDA de estar em conluio com os Bensaúde e os Governos Regionais num contrato que apelidou de “milionário”, pouco ético e penalizador do povo açoriano. Depois de esclarecido tudo isso e se ter demonstrado que estava errado, apareceu algum pedido de desculpa? Lança lama sobre uma empresa pública e isso é relativizado em nome da opinião política. Relativamente aos Governos não foi capaz de dizer onde estava o conluio, saltando mais uma vez para a simples “opinião política”.
Quando aparecerá o seu pedido de desculpa ao sogro do meu cunhado, ao cunhado do meu cunhado, e à família do cunhado do meu cunhado?
Quando aparecerá o pedido de desculpa por não se ter preocupado minimamente com a forma correta de fazer uma simples árvore genealógica e de ter posto em causa a competência de pessoas? Quando lhe pagam num mês, 5.690,65€ limpos, sem contar com as despesas de representação, não deveria António Lima ter a obrigação de saber pelo menos o que é uma árvore genealógica, pois era esse o único foco da sua intervenção. Por esse montante, esse senhor também tinha obrigação de saber que não é uma administração de uma empresa que aceita nomeações políticas ou escolhe administradores, mas sim os acionistas da empresa que escolhem a administração? Esse dinheiro acaba por ser mal empregue porque esse senhor nem se lembra de ter ouvido em audição, obrigatória, o Presidente do Conselho de Administração da EDA e validado a sua indicação? Se querem ouvir todos, desde os administradores aos diretores de uma empresa pública, alterem a lei. Depois não se queixem de lhes faltar tempo para servir o povo dos Açores, por suspeitarem de tudo e de todos.

Félix Rodrigues *

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