Diário dos Açores

Era uma vez…

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Transparência

… um país onde as leis não preveem os maus tratos aos animais. A constituição desse país, é feita de interesses essencialmente partidários, já caduca, com a sua guarda pretoriana avessa ao humanismo civilizacional do presente século XXI. Não alinham sequer pelo bom senso que deve primar nas decisões difíceis. Esses guardiães do absurdo, vivem num castelo denominado “palácio ratton”.
E ficaram surpreendidos um dia, ao ver que uma grande multidão de animais humanos invadira as ruas da capital desse país, a exigir-lhes que não anulassem a já fraca legislação existente sobre a defesa e criminalização de maus tratos aos outros animais. Surpreendentemente, ‘esqueciam’ aqueles ratões que os humanos também são animais…!
Era uma vez um país, onde imperava o absurdo e impensável. Os governos obtinham maiorias eleitorais e crivavam-se de arrogância, esquecendo que o erário público animal é que lhes paga, esquecendo a ética da nobre profissão que é a política profissional, esquecendo que o tempo passa depressa até novas eleições… Esquecendo até… a própria memória!
Tudo lhes era permitido entre eles. Desde indeminizações milionárias a funcionários que saíam de empresas públicas quase em dissolvência, salvas com dinheiros públicos. Funcionários esses que tinham outros ‘prémios’ a seguir: iam para o governo. Ministros ou secretários de estado. A fidelidade partidária era apreciada e contemplada segundo a participação monetária no famoso “saco azul” partidário.
Nesse país havia igualmente ministros sem neurónios – coisa rara – que esqueciam de tudo. Só se lembravam do fim do mês para receber o salário. Até os meus fiéis cães, meus queridos amigos de companhia, conseguem ter mais memória que esses animais humanos…
Todos eram juristas e nas cátedras por onde passaram, os mestres formatavam a receita única para todos: «Vale tudo, menos matar. Podem usar sempre a desculpa de que não se lembram! Nenhuma lei os pode condenar por isso! Até por que somos nós, distintos advogados, que fazemos as leis!»
“Eles comem tudo e não deixam nada”, era a canção que ainda se ouvia, mais de cinquenta anos depois da sua composição, mas ainda bastante atual.
Era uma vez um país…
Que… de repente…! critica a construção de um palco por 5 milhões de euros para as jornadas mundiais da juventude, onde o Papa Francisco estará presente. Palco que deve albergar dois mil humanos sobre ele, entre padres, o coro, linguagem gestual, orquestra, staff, equipa técnica, tudo o que envolve um evento desta dimensão. Um milhão e meio de humanos estará presente e pelas jornadas que antecederam noutros países, esta multidão deverá render um retorno de pelo menos 700 milhões de euros (segundo as afirmações de Carlos Moedas, presidente da CML), além de que as estruturas ficam e irão servir para inúmeros eventos no futuro. Contas feitas, não deixa de ser um ótimo investimento num país laico e republicano!
Vai ser um milhão e meio de pessoas a gastar em restaurantes, cafés e bares, hotelaria, aviões, comboios, táxis, etc. A dita capital do reino, vai duplicar a sua população durante cerca de uma semana, de 1 a 6 de agosto de 2023.
Acresce dizer, a bem da verdade, da transparência e enquanto leigo e agnóstico que sou, que este evento é positivo para o país, que durante uma semana será notícia mundial e que o aproveitamento de terrenos vazios e abandonados, antigos aterros, vão ser valorizados e terão daqui em diante um papel social importante na cidade-capital do império.

José Soares *

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