Os teus pais batem pedindo,
Implorando um abrigo.
Será que arranjo lugar
Para ficarem comigo?
Se calhar, eu até tenho!
Lugar, há sempre amigo.
Precisa é ser despejado
De tudo o que é mundano:
São tretas e mais tretas
Juntas ao longo do ano...
É uma arrecadação
Que faço no coração,
Este farto de me bater
Cheio de tanta ilusão,
Quer delas se desfazer!
Mas é hoje, é amanhã...
Vou adiando a limpeza.
Um dia, tenho a certeza,
Não vou poder lá entrar!
E, então, é nessa altura,
Que não dá para adiar!
Mas, hoje, sinto amargura...
Como Te posso ajudar?
Mesmo assim, espera um pouco.
Tenho sempre um vazio
No coração, lá no fundo.
Onde as coisas deste mundo
Não se enquadram muito bem.
É aqui, nesse vazio
Se o quiseres preencher,
Podes nascer, vir ao mundo;
Podes lá crescer, morar,
Viver e continuar...
Depois, davas uma ajuda,
É a minha condição.
Ajudares nas limpezas,
De todas as impurezas
Que tenho no coração.
Gilberto Bernardo *