Diário dos Açores

País da trafulhice

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Há exactamente uma semana escrevemos aqui que os políticos estavam a matar a política.
Nunca assistimos, pelo menos nos últimos anos, a tantos casos de trafulhice política neste país como agora.
Há uma cultura de desresponsabilização a todos os níveis, com muita gente a mentir pelo meio, descaradamente, como agora se viu com o caso da indemnização choruda à antiga administradora da TAP.
Há muita gente que se está a aproveitar da política para outros fins e esses deviam ser banidos de cena para o resto das suas vidas políticas.
Depois temos, também, a cultura do passa culpas e do lavar as mãos, do nunca saber de nada e de uma falta de noção da realidade do país e do povo que nele habita.
A polémica à volta do palco para o Papa e dos gastos para a Jornada Mundial da Juventude é reveladora do amadorismo em que está envolvido todo o processo, sem se perceber quem manda, quem lidera e quem decide.
Que todos estão envolvidos numa enorme trapalhada, já percebemos, mas nenhum quer assumir culpas próprias, nem tão pouco reconhecer o quão escandaloso é todo este caso.
O Presidente da República, que é um catavento político, parece ter sido o único que percebeu o sentimento de revolta que vai pelo país com esta cultura da mania das grandezas.
Um país em crise,   famílias em dificuldades, a pobreza a aumentar, problemas nas empresas e com os trabalhadores, e os políticos, com o amén da Igreja, a gastarem milhões em luxos escusados e sem qualquer parcimónia.
Todos estamos ainda lembrados do Euro 2004 e dos milhões gastos na construção de estádios, para depois estarem às moscas, enquanto por todo o país continuamos com escolas a meter água e hospitais sem recursos.
Quando se trata de gerir os dinheiros dos contribuintes, os políticos desta geração já demonstraram que não estão à altura.
Marcelo tem razão: está tudo doido!

O palco da pobreza

Cá dentro ficamos a saber esta semana que também temos uma espécie de “palco para o Papa”, onde correm os milhões sem que se saiba para que servem.
Trata-se das despesas da antiga ATA, com quase 1 milhão de euros só para salários, de dezenas de pessoas que ninguém sabe o que fazem.
É esta a herança que estamos a deixar às gerações seguintes: dívida e mais dívida, para contentar as clientelas dos partidos que nos governam.
Eles que se acusam mutuamente de terem gerado pobreza nos últimos anos, mas sem se queixarem dos salários milionários.
O Inquérito aos Rendimentos revelado na semana passada pelo INE é todo ele um manual sobre o falhanço dos nossos governantes.
Esses sim, deveriam subir ao palco.
Ao palco da vergonha.

 

Osvaldo Cabral *
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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