Vêm aí inesperados aumentos de preços!
Diário dos Açores

Vêm aí inesperados aumentos de preços!

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Há uma “bomba” inflacionista que já está a entrar na factura, este mês, das empresas açorianas.
Trata-se do aumento brutal da electricidade, que vai esmagar as mais dependentes da energia para laborar, com aumentos na factura que ultrapassam, nalguns casos, os 70%!
Há empresários revoltados com a passividade do Governo Regional e alguns deles vão reunir já esta semana com uma única decisão em mente: reflectir os aumentos nos preços dos produtos finais.
Nalguns casos será o consumidor a pagar por este descalabro decretado pela ERSE (o regulador da electricidade que anda a dormir em Lisboa), com a passividade do Governo dos Açores e com o silêncio comprometedor da EDA.
Em Dezembro do ano passado o Fórum das Câmaras de Comércio dos Açores alertou para o problema, denunciando “o aumento abrupto e sem precedentes da energia elétrica, com claros impactos nas cadeias de abastecimento e produção”.
Pelos vistos, os responsáveis fizeram ouvidos de mercador.
As empresas privadas estão a enfrentar uma tempestade perfeita com este aumento da electricidade, a que se juntam a subida dos preços das matérias primas, a subida dos juros, o aumento dos salários e a falta de mão de obra.
Está mais do que sabido que tudo isto se vai reflectir no consumidor final, mas há empresas que não têm muita margem de manobra para tal, pelo que se receia a redução de custos, que, como se sabe, começa sempre na redução de pessoal e no corte de investimentos.
As empresas públicas estão, como sempre, fora desta equação, pois quanto mais gastam, mais o governo as acode, porque vamos lá colocando, nós contribuintes, o dinheiro dos nossos impostos, para muita coisa improdutiva, projectos ruinosos e negócios mal geridos.
Ainda esta semana o governo anunciou mais 3,7 milhões de euros para enterrar nos campos de golfe, em dois hotéis públicos e numa pousada de juventude, que mais tarde serão certamente vendidos ou concessionados por tuta e meia.
Há coisas nesta coligação que não se percebe: acode rapidamente às empresas improdutivas e demora uma eternidade para resolver os problemas no sector produtivo, que cria riqueza e empregos.
A Madeira, como sempre, vai muito mais à frente do que nós.
O governo madeirense já notificou a Comissão Europeia pedindo uma autorização para apoiar as empresas nesta questão dos aumentos da energia.
A ideia é implementar um programa de apoio que irá abranger todas as empresas com estabelecimento localizado na Região Autónoma da Madeira, com contrato de fornecimento de eletricidade em vigor com a Empresa de Eletricidade da Madeira, nas modalidades de baixa tensão especial ou média tensão.
Em Dezembro, quando apresentou a proposta, designada ‘Apoiar + liquidez’, o governo madeirense explicou que necessitava da autorização da Comissão Europeia, no âmbito do regime de auxílios de Estado, uma vez que estão em causa apoios a empresas privadas.
Por cá, ninguém se mexe.
Quando alguma empresa fechar portas, como aconteceu com a escola APRODAZ, é que os governantes vão acordar.

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A JANTARADA DA BANCA - O Presidente do Santander fez, na semana passada, um número pândego ao apresentar os avultados lucros do seu banco.
Pedro Castro de Almeida disse o seguinte: “E vocês vêem (não é uma questão de estrangeiros) podem circular por Lisboa para jantar fora a uma sexta, ou sábado de manhã, podem circular pela rua, e continuamos a ver as pessoas com um nível de um padrão de consumo, classe média e média-alta, relativamente elevado face ao histórico e à situação em que está a economia. Isto tem a ver com os níveis de poupança também que foram acumulados durante a pandemia.”
 Aqui temos mais um banqueiro, da elite lisboeta, que vê o país à luz da Avenida da Liberdade.
São estas pessoas, sentadas nos seus confortáveis gabinetes dos maiores e mais luxuosos edifícios de Lisboa, com carro e motorista à porta e cartão de crédito para frequentar os melhores restaurantes da capital, que acham que os portugueses, da classe média, têm a mesma vida destes senhores, os tais que nos chupam nas taxas de juro do crédito à habitação, mas mantêm igual os juros dos depósitos.
São os mesmos que vivem à grande e à francesa, porque têm a garantia do Estado (de todos nós, contribuintes) que ao mínimo trambolhão nas contas do banco, vamos acudi-los com milhares de milhões, com medo daquele papão a que os seus amigos políticos ruinosos chamam de “risco sistémico”.
A ganância da banca portuguesa e os negócios desastrosos em que se envolvem os seus gestores têm sido um dos grandes males da frágil situação económica da dita classe média e daí para baixo.
Levam-nos o couro e cabelo em comissões bancárias, juros e outras alcavalas.
Só faltava, agora, cobrarem-nos uma comissão para jantarmos fora à sexta-feira...
Como alguém muito bem lembrou, o conhecido ‘Boss AC’ tem uma canção com uma letra que responde aos senhores da banca: “Não tenho condições nem p’a alugar uma tenda / Os bancos só emprestam a quem não precisa / A mim nem me emprestam p’a mudar de camisa / Vou jogar Euromilhões a ver se acaba o enguiço / Hoje é sexta-feira, vou já tratar disso.”

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AS AGÊNCIAS DO GOVERNO CENTRAL - Desconhecíamos que o Governo Central possui agências representativas na nossa região.
Primeiro, foi o PS dos Açores, com Vasco Cordeiro a anunciar a visita do ministro Galamba e a cantar loas de deslumbramento ao desastrado governo de Lisboa. Uma visita, ainda por cima, a convite do Governo Regional.
Depois, foi o Governo da República a anunciar que transferiu uma verba para a Câmara Municipal da Horta, com vista à ampliação da pista do respectivo aeroporto, como se fosse uma infraestrutura municipal!
Era bom que o Governo de António Costa e os seus agentes locais fossem mais lestos nos apoios prometidos para o porto das Flores, para a Universidade dos Açores, para a construção da famosa cadeia da bagacina, para a trapalhada dos cabos submarinos, o fantasmagórico avião cargueiro, os recursos policiais e judiciais, e, finalmente, alterar o prometido, há quatro anos, “absurdo e ruinoso” subsídio da mobilidade.
Querem mais agenciamentos?

Osvaldo Cabral *
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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