Diário dos Açores

Endometriose e o impacto na saúde mental da mulher

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Quando se pensa no mês de março, logo surgem no nosso pensamento várias datas e dias significativos a comemorar. Dias de aniversário de familiares, dias significativos pessoais e dias internacionais, como o Mês Mundial da Consciencialização da Endometriose e esse será o foco do presente artigo: A Endometriose, o impacto físico e psicológico nas mulheres que sofrem desta patologia e estratégias de coping para um melhor bem-estar físico e psicológico.
A Endometriose é uma doença caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esta afeta cerca de 10%, cerca de 190 milhões de mulheres e meninas em idade reprodutiva em todo o mundo. É uma doença crónica associada a dores intensas e com impacto na vida durante a menstruação, relação sexual, movimentos intestinais e/ou micção, dor pélvica crónica, distensão abdominal, náusea, fadiga e, às vezes, depressão, ansiedade e infertilidade.
É importante lembrar que uma paciente é mais do que apenas um quadro clínico com uma doença, precisando de um tratamento que aborde também as suas questões emocionais e psicológicas. Toda a doença pode ser agravada por efeitos psicológicos, interferindo negativamente no seu tratamento. No caso da Endometriose não é diferente. Mulheres com a saúde mental fragilizada por causa da doença acabam tendo menor adesão ao tratamento e demoram mais tempo para procurar um médico especialista. Além disso, a mulher que recebe acompanhamento psicológico sente-se mais segura para fazê-lo e realizar o tratamento, tendo mais segurança para enfrentar dificuldades e possíveis consequências da doença.
O facto de a endometriose causar limitações nas atividades diárias pode originar problemas para a saúde mental.
Os principais sintomas emocionais que podem ser notados após o diagnóstico são: medo relacionado ao tratamento ou às consequências que a doença pode ocasionar, incertezas, sensação de impotência, raiva, frustração, solidão quando a paciente não possui uma rede de suporte afetivo ou quando pensa que o problema é seu e não tem solução, stress e ansiedade relacionada com a doença e o seu futuro.
Devido aos sintomas, quem sofre de endometriose pode isolar-se socialmente, não esquecendo que em alguns casos pode existir a dificuldade para ter filhos, até mesmo o risco de se tornar infértil.
Desde modo, ressalva-se a importância de ter o diagnóstico e o tratamento o quanto antes, tanto para melhoria do bem-estar físico como psicológico.
Na presença desta doença, são importantes algumas técnicas e estratégias que podem ser essenciais no processo de diagnóstico, no tratamento e ao longo da vida. Das várias técnicas possíveis, destaca-se a prática de exercícios físicos, técnicas de relaxamento, como yoga, meditação e respiração, obter informação fidedigna acerca da Endometriose, suporte familiar e de amigos, suporte afetivo e fazer parte de grupos de apoio.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os açorianos.
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Jéssica Martins Sá*

* Psicóloga

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