Diário dos Açores

Memórias defuntas

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Peixe do meu quintal

Há memórias defuntas.
O governo centralista tem memórias defuntas constantemente. Envia conforme as suas estratégias de queima-tempo, os seus ministros e ministras à colónia açoriana para continuar a ‘prometer as promessas prometidas’ incessantemente há anos. Dão um passeio de avião na executiva – como bons socialistas que são – com tudo pago, hotel, avião, comilança, passeios, guias à frente e atrás deles, visitas e palavreado que já não engana ninguém (senão o seu próprio séquito) e botam mais promessas. Mais sapatos de defunto.
Até do seu próprio património na colónia não cuida. Os edifícios manchados, precisando há anos de ser pintados, as polícias sem condições nas esquadras, as universidades sem verbas para educar (o que não lhes deve interessar), as prisões que mais parecem tiradas dos filmes de terror, onde a sobrelotação e as condições desumanas transgridem os princípios mais básicos dos Direitos Humanos. Afinal, o apregoado humanismo socialista, em nada se reflete nas ações deste caso do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada. Vinte anos de promessas visitadas e virtudes prostituídas. Cartórios dignos de um país quinto-mundista, tribunais a condizer com o sistema de justiça existente: miserável. Tetos esburacados, vidros quebrados. As condições em que muitos funcionários públicos trabalham nesta terra, é um ato de coragem todos e cada dia que se deslocam para trabalhar.
São os milhões e milhões de euros que nos devem por direito. Nem o dever constitucional cumprem. Da lei fazem tábua rasa.
O Estado português não é uma pessoa de bem, ponto final. Não cumpre com os seus mais elementares deveres.
Porque não ficamos independentes a 17 de novembro de 1975?
Porque recuaram os então responsáveis que tomando a dianteira dos interesses açorianos, acabaram manietados pelas promessas de altos cargos em Lisboa?
Esses que são agora senadores reformados com promissoras pensões e passeiam por entre as memórias defuntas. Os que perniciosamente enganaram os seus pares no virar da esquina da História. Os que dececionaram o futuro.
E tudo para se tornarem marionetes do centralismo colonial.
E há os outros. Os que ficaram admirados pela interrupção abrupta do processo natural de soberania.
“Da leitura de documentos em diversos arquivos e agora desclassificados, depreende-se que os dirigentes açorianos do movimento independentista recuaram no último instante”.
Nomes como Frank Carlucci, Henry Kissinger, Linda Pfeifle e outros, foram elementos atentos e interventivos, que em nome do governo dos EUA, estavam (discretamente) prontos para ajudar no facto consumado de uma soberania Açoreana.
Hoje seriamos um país com 48 anos e membro da CE, tal como acontece com a República de Malta, cuja população é de apenas meio milhão e um dos 27 estados-membros de pleno direito. 

José Soares *

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