Diário dos Açores

Amo os Açores por entre lágrimas

Previous Article Mais mão-de-obra? Chame os seus Filhos

Ao fim de dezanove anos de residência arquipelágica sinto esta terra como se nela tivesse tido todas as origens e quero para ela tudo de bom que a distinga e dignifique por entre as demais.
As críticas ou lamúrias que aqui expresso são transversais a mais de duas décadas de PS no poder e aos dois anos desta coligação, aliás estendem-se a todos os anos da autonomia inconseguida (e cada vez menos existente) pela incompetência, pela supremacia dos interesses pessoais, partidários, bairristas, em detrimento dos interesses globais de nove ilhas.
A constante crise na saúde, falta de equipamentos, outros obsoletos sem investimento, falta de médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, a esta acresce a constante crise na educação com alguns bons equipamentos e outros monumentos  de relevo a cair aos bocados como o vetusto Liceu Antero de Quental, falta de pessoal auxiliar, instabilidade de professores, mais recentemente a adesão cega ao politicamente correto que nada representa a não ser a satisfação de uma pequena franja do eleitorado (mais vocal). A permanente crise da SATA, rotas criadas e canceladas sem tarelo, aviões estacionados onde os interesses mandam e não economias de escala, os eternos atrasos nas obras de recuperação do furacão Lorenzo (as mais chocantes são as do molhe do porto das Flores com todos os problemas de abastecimento à ilha), os atrasos nas pequenas obras em Porto Pim no Faial, a encrenca do novo porto da Horta, os erros na Madalena do Pico, mais recentemente a trapalhada dos cabos submarinos, as rotas deficitárias da ilha Terceira  que o vice-presidente do governo gostava que fosse o centro do universo  e se resume a um património a preservar. Há ainda a falta de barco entre S Miguel e Santa Maria numa política que só os cegos não verão que luta pelo apagamento do relevo da maior ilha, com maior população, com maior dinâmica empresarial em detrimento das restantes. Acresce ainda a falta de um cargueiro para escoar os produtos de que a economia local precisa exportar, sem falar na falta de um barco entre os Açores e a Ibéria. Tudo isto sem que a dívida da região deixe de subir avassaladoramente até ficarem endividados os nossos netos.
A cultura parece ter-se evaporado da agenda oficial com um corte de 25% em 2023 não obstante haver mais artistas, escritores, cantores, que nunca, mas que se desenrasquem com a caridadezinha  que os grandes apoios financeiros são para trazer gente fina e importante de fora. Alguns abencerragens prosseguem quixotescamente  com a sua luta cultural seja o Rafael Carvalho a tentar tornar a viola da terra em património imaterial, o Nuno Costa Santos e o seu arquipélago de escritores, o Terry Costa com a sua cultura alternativa no MiratecArts e nós nos Colóquios da Lusofonia (20 anos e 36 eventos) entre outros.
 Gostava que fossem os açorianos a mandar nesta autonomia que Lisboa controla de rédea curta e sem pagar o que deve, seja para a cadeia em Ponta Delgada, para a Universidade tripolar, seja para o subsidio social de mobilidade, ou outras promessas de Santa Engrácia que ministros e secretários  da república, ciclicamente vêm aqui repetir para o dia das calendas de são nunca pela tardinha.

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

Share

Print

Theme picker