Diário dos Açores

Jornais, papel e jornalismo (2)

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Ensaio

Uma das últimas maravilhas da ciência digital é assustadora. Chama-se, simplesmente, Inteligência Artificial.
Curioso, entrei nos seus meandros e logo fui perguntado o que desejaria fazer. Respondi: um trabalho com cerca de 1500 caracteres espaços incluídos. “Qual o tema?” - Escrevi um tema.
Quase imediatamente apareceu o artigo completo. Algumas pequenas falhas linguísticas, mas tudo estava ali e até mais do que pedi.
Fiquei fascinado e logo a seguir dececionado. A máquina fez o seu exemplar trabalho, mas retirou-me o prazer de escrever.
Será esta maravilha a maçã de Adão? Tão fascinante que nos fará perder o que somos? O que temos? Ou apenas resultado dos novos tempos?
Estará o mundo preparado para esta corrida digital sem meta? E onde nos levará toda esta computação?
Nestes dias, uma notícia veio responder parcialmente às minhas dúvidas.
Um abaixo assinado composto por peritos e cientistas do mundo digital pedem uma moratória no desenvolvimento desta nova ferramenta tecnológica. Alegam que são muitos os perigos e que se deve primeiro desenvolver defesas de controlo, antes que aconteça algo desastroso.
“Elon Musk, o multimilionário dono da Tesla e da SpaceX, é um dos subscritores de uma carta aberta na qual se alerta para os riscos do uso acelerado da Inteligência Artificial e se admite que a corrida pelo desenvolvimento destes softwares está fora de controlo.
O dono da rede social Twitter faz parte do leque de peritos em Inteligência Artificial que defende que a criação destes programas deve ser suspensa durante seis meses, para que as capacidades e perigos destes sistemas possam ser devidamente analisados. Elon Musk é o cofundador da OpenAI, o laboratório responsável pela criação do ChatGPT e do GPT-4. Além de Musk, assinaram a carta Emad Mostaque, fundador da Stability AI, Steve Wozniak, cofundador da Apple e vários engenheiros de empresas como DeepMind, Microsoft, Meta, Google e Amazon. Sistemas de Inteligência Artificial com inteligência capaz de competir com seres humanos podem acarretar riscos pesados para a sociedade e a humanidade“, é possível ler-se na carta. “Nos últimos meses, é possível ver laboratórios de Inteligência Artificial numa corrida desenfreada para desenvolver mentes digitais cada vez mais poderosas que ninguém, nem mesmo o seus criadores, podem entender, prever ou controlar.”Segundo os subscritores da carta aberta, os responsáveis pelo desenvolvimento da Inteligência Artificial devem utilizar os seis meses de suspensão para “desenvolver e implementar em conjunto um leque de protocolos de segurança, para o design e desenvolvimento de Inteligência Artificial avançada.” Estes protocolos devem ser “auditados de forma rigorosa e supervisionados por peritos independentes“.
Muitas podem ser ainda as restrições para estas novas ferramentas digitais. Mas uma coisa é certa: Os jornais vão ter que adaptar-se rapidamente ao sistema digital. Com tudo o que se nos afigura cada vez mais e também pela importância da questão ambiental. É que o papel destrói milhões de árvores que levam muitos anos a crescer, para lermos apenas em alguns minutos nos jornais.

José Soares *

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