Açorianos mantêm forte a tradição em louvor do Espírito Santo
Diário dos Açores

Açorianos mantêm forte a tradição em louvor do Espírito Santo

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Em Hamilton, no Canadá

É certo que o domingo a seguir ao Domingo de Páscoa é designado na liturgia como o Domingo da Divina Misericórdia e marca o arranque das Festas do Divino Espírito Santo nas nove ilhas dos Açores, com as insígnias – coroa, ceptro e bandeira - a percorrerem as casas das famílias que o recebem com grande amor, devoção e inspiração.
Cá, em terras canadianas, como lá, onde há um açoriano há também a presença de uma fé inabalável ao Espírito Santo.
Cá, como lá, juntam-se as famílias e os amigos, todos os dias, que na presença da “pombinha” rezam o terço e entoam cânticos de glória e de louvor, culminando com o jantar das tradicionais sopas do Espírito Santo, a coroação e entrega à próxima família que o recebe de braços abertos.  

Grande comunidade de expressão açoriana em Hamilton

Em Hamilton, onde há uma grande comunidade de expressão açoriana, e micaelense em particular, acompanhamos sábado (15) e domingo (16) os festejos e a promessa do casal Paulo e Cidália Ferreira, que abrindo portas do seu coração, mas também as portas da sua casa, receberam ao longo da sua “dominga” (como são chamadas as semanas de oração e de promessa) várias dezenas de pessoas, com particular destaque para o jantar de sábado onde ofereceram a quem por ali passou o tradicional manjar do Divino, estimando-se que mais de cem pessoas passaram pelas mesas sempre postas e recheadas.
Nesse dia, tal como nos outros, há marcas açorianas bem presentes.
Para além da Banda Filarmónica, destaca-se nesta reportagem os cantares e a presença da Folia de Hamilton, que, cá como lá, dão as boas-vindas a todos e fazem cânticos de improviso em agradecimento e evocação à família, mas também, olhos nos olhos, com o Espírito Santo, lhe dedicam quadros “de amor e de devoção”.
O casal Botelho Ferreira, acompanhado pelas suas duas filhas Sabrina e Salina, visivelmente emocionado, “agradecem muito aos seus familiares e amigos por toda a colaboração nestes dias de festa, mas também de trabalho”, confessando à nossa reportagem que “depois do Espírito Santo sair, a casa fica vazia”.
Cidália diz mesmo: “Tivemos o Senhor, também por causa dos anos de pandemia, três anos na nossa casa. Vamos sentir a falta Dele. Mas Ele parte com o dever cumprido, vai fazer feliz outra família que precisa Dele e vai continuar sempre ao nosso lado, a toda a hora”.

Irmãos e famíla de mãos dadas

Os irmãos juntam-se, os de Paulo e os de Cidália, de mãos dadas rezam, mas também unem as mãos quando toca ao trabalho e à ajuda.
Para além destes, a “irmã de coração” a amiga Carla, chega-se ao tacho; e Simão manda “sentar toda a gente, para que se sirvam as sopas e a carne quente”.
Depois do repasto, a folia toca e canta, ora modas tradicionais açorianas, ora canções dedicadas ao Espírito Santo.
Aqui, e pela noite dentro, “a malta toda canta, e até o padre da Paróquia de Hamilton, David Ávila, ajuda e junta-se à festa”, ele que tem raízes em São Roque do Pico, nos Açores.
A concluir, é justo dizer que o casal Paulo e Cidália Ferreira, os “donos desta coroa” do Espírito Santo, num gesto carregado de emoção e de alegria, este ano brindaram os seus primos, recentemente chegados dos Açores, convidando-os a coroar os seus filhos: a Maria Inês, de 10 anos e o Afonso de 6.

Onde há um açoriano há o Espírito Santo

Cá, um pouco por todo o Canadá, onde há uma bandeira dos Açores, há também um culto e uma fé ao “sopro do Espírito Santo”, ele que, como afirmou São João Paulo II (Papa) é sempre uma “nova primavera para a Igreja”.
Também o Papa Francisco sublinhou, recementemente, que a celebração do Pentecostes representa “o antídoto para o frenesim do mundo de hoje. Este é o momento de dizer Vem, vem Espírito Santo vem. Aquece o meu coração”.
Há quem não acredite, é um facto, no poder da Igreja e dos Santos, mas o “poder do Espírito Santo move montanhas e nunca é colocado em causa. É respeitado. É uma força acima de tudo o resto”.

Exclusivo “Diário dos Açores”

por Rómulo Ávila,
Correspondente em Toronto *

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