Diário dos Açores

Libertinagens

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Transparência

Pretensioso, arrogante, insolente e narcisista, é o mínimo que posso dizer do deputado e presidente da Assembleia da República de São Bento, Augusto Santos Silva. Porque no máximo a que não quero ir, seria chamar-lhe salazarento.
Proibir membros do Chega de o acompanhar a visitas no estrangeiro, é um direito que lhe assiste e que o Zé Povinho lhe agradece, porque é economia, com menos alguns a passearem à nossa custa. Mas a forma como o comunicou no parlamento, parecia (e até pelo tom cínico da voz) Salazar quando se dirigia aos seus pares. A cátedra foi a mesma. O mesmo se aplica no tom raivoso como advertiu os palermas que usaram a Assembleia para demonstrarem a sua primitividade cívica. As veias saiam-lhe do pescoço. Fez-me lembrar quando foi posto fora da TVI como comentador – creio que em 2005 - porque aquela estação televisiva o considerou malcriado. Agora, o urso voltou a pôr as unhas de fora. E ficou ainda mais raivoso, quando se viu apanhado a comentar com Marcelo e Costa, o que tinha acabado de fazer. Agora diz que vai mandar investigar quem foi o responsável. Mas, afinal, responsável de quê?
A única pessoa esperta naquele grupo Marcelo, Santos Silva e Costa, não foi nenhum destes três, mas sim a companheira de Costa que à socapa avisou o marido da presença dos cameramen atrás dele. Os outros três, representantes do atual regime de elite, enquanto políticos não sabem que devem fazer atenção quando falam? Tinham de o fazer em público? Nós os vemos todos os dias com as mãos a tapar a boca uns para os outros no mesmo parlamento, para que ninguém os “ouça” pelos lábios. Ali, naquele momento e ainda a quente, não era o sítio para, sarcasticamente e de forma sardónica, estar a comentar a sua “heroica proeza”.
Quanto aos palhaços do circo, todo o mundo os tem. Itália, EUA, Espanha e por aí fora. A palhaçada a que assistimos por parte daquele grupo de extrema-direita, define a qualidade dos seus interpretes. Foram nus e crus. Demonstraram que nem pela casa do Povo têm o menor respeito e se um dia fossem governo (que Belzebu nos livre) aquela Assembleia era nada para eles. Gente daquela só existe porque a tolerância democrática assim o permite. Mas para tais ações dentro da Câmara e em plena sessão, Augusto Santos Silva deveria simplesmente mandá-los sair. Ou paravam tal manifesta estupidez, ou saíam da sala.
Mas Augusto Santos Silva não teve a coragem de o fazer. Teve medo da reação. Encolheu-se. Foi mais fácil fingir-se furioso, encolher a face, deitar as veias de fora do pescoço.
Há anos, Mota Amaral, quando era presidente da Assembleia de São Bento, mandou sair deputados e deputadas do Bloco de Esquerda por terem levado camisas de protesto com slogan. E saíram!
A Dignidade deve primar naquela que é a casa da Democracia. Assim, só a prostituem cada vez mais. Qualquer dia e se deixarem que ações primitivas, grosseiras, rudes e dignas dos mais elementares indícios da pura selvajaria, comprometa aquele lugar, só porque a tolerância democrática deve pactuar com isso, então veremos o caos assumir o controlo da sociedade.
Apanhado que foi pelas câmaras televisivas a gabar-se do que havia dito há minutos aos bebés cheganços.

José Soares *

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