Diário dos Açores

São Miguel de pantanas

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Editorial

 O desinvestimento público que se assistiu, nos últimos anos, em várias ilhas, especialmente em áreas estratégicas da economia, está, agora, a reflectir-se com algum estrondo junto de empresários e exportadores.
Já perdemos a SATA Internacional, um dos maiores activos estratégicos da Região, devido à gestão ruinosa de administradores e governantes, e agora estamos a ser confrontados com constrangimentos de toda a ordem no porto de Ponta Delgada, que movimenta mais de 70% da carga das nossas ilhas.
Os empresários têm razão quando reclamam mais recursos para o porto de Ponta Delgada, onde quase tudo é obsoleto, desde guindastes a rebocadores, menos os confortáveis gabinetes dos seus gestores e das respectivas tutelas.
O que se passou nos últimos dias ao largo do molhe da cidade parece mais um filme do outro mundo, com graneleiros a aguardar, mais de uma semana, para descarregar, ora por falta de espaço no porto, ora por falta de rebocador, ora por falta de alguma organização atempada.
Foi preciso fretar um rebocador da Horta, com um custo de 20 mil euros, porque o que está na Terceira, que fica mais perto, também está avariado!
Se o porto já é pequeno para o movimento que não pára de aumentar, então que se planeie a sua expansão, como sugere o líder dos empresários de Ponta Delgada, com um segundo molhe, que criaria espaço de operações e protecção do atual, que está totalmente vulnerável a tempestades cada vez mais agressivas.
O que vamos assistindo, entretanto, é que o porto de Ponta Delgada já não dá para as encomendas de forma eficiente, tem equipamentos de terra que são velhos e como se isto não bastasse também tem equipamentos de mar muito para além da sua vida útil de operação.
Este problema é apenas um dos muitos que S. Miguel está a sofrer, porque não há voz activa, a nível político, em defesa da ilha.
Consta que, esta semana, o IL, com um deputado apenas, vai levar ao parlamento regional uma sessão de perguntas sobre a ilha de S. Miguel.
É muito sintomático que os outros partidos, com muito mais representação nesta ilha, entram mudos e saem calados quando se trata de apresentar e reflectir os problemas que afectam S. Miguel.
Na semana que se passou veio a público um relatório da Comissão Europeia sobre impactos da política de coesão para 2021-2027, que aponta para um impulso do PIB açoriano próximo dos 7%, tornando os Açores na região europeia que mais poderá crescer, graças aos fundos comunitários.
Com os constrangimentos que vamos assistindo na nossa economia, ninguém poderá acreditar em tais projecções. 
As regiões mais atrasadas são sempre aquelas onde se perspectivam crescimentos mais acelerados. 
O problema é a concretização destes crescimentos. 
Só se formos muito eficazes! 
Ao ritmo que vamos assistindo nos investimentos públicos estratégicos, seremos mesmo?

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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