Livro sobre as migrações de José Andrade apresentado em Toronto
Diário dos Açores

Livro sobre as migrações de José Andrade apresentado em Toronto

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O dia 9 de Maio foi a data escolhida para o lançamento, em Toronto, do livro “Transatlântico - As migrações nos Açores”, da autoria de José Andrade, Director Regional das Comunidade do Governo dos Açores.
Sendo que no âmbito do programa comemorativo dos 70 anos de emigração portuguesa para o Canadá, a iniciativa constituiu uma oportunidade para fazer uma reflexão sobre o presente e o futuro das comunidades portuguesas em Ontário.
Com chancela da editora Letras Lavadas, e prefácio de José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, a obra já tinha sido lançada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada no começo do mês, chegou agora a Toronto, com a apresentação que decorreu na Casa dos Açores do Ontário que, em abono da verdade, compôs-se com representantes de vários sectores e associações da comunidade portuguesa a residir em terras canadianas.
O evento literário contou com a participação do autor, José Andrade, a presidente da Casa dos Açores do Ontário, Suzanne Cunha e o Conselheiro das Comunidades Açorianas pelo Ontário, Mathew Correia
“Este livro não vale propriamente pelos seus 50 textos modestos que olham os Açores como cais de partida, para os que emigram, ou como porto de abrigo, para os que imigram. Este livro vale sobretudo como pretexto para ganharmos consciência de uma açorianidade que é transatlântica cosmopolita, porventura desconstruindo preconceitos”, referenciou o autor de “Transatlântico - As migrações nos Açores”.
 José Andrade foi mais longe: “com ele podemos perceber que os Açores só ficam verdadeiramente completos com a sua décima ilha; que valorizar a diáspora não é uma opção, é uma obrigação; que apostar no emigrantes não é uma despesa, é um investimento; que ir à comunidades não é passear, é trabalhar; que incentivar os regressos não é retroceder, é avançar; porque juntos somos mais fortes”.
O também Director Regional, esclarecendo que com o livro “podemos também perceber que os Açores só têm a ganhar com todos quantos vêm por bem, viver e conviver nas nossas ilhas; que a imigração não é um problema, é uma oportunidade; que os imigrantes ou os regressados não retiram, acrescentam, que a interculturalidade não descarateriza, enriquece”.
 “Um povo que sempre foi bem acolhido na terra dos outros tem a obrigação de bem acolher na sua própria terra; porque, também assim e também aqui, juntos somos mesmo mais fortes. Com esse orgulho de ser como somos, não estamos no fim da Europa ou no princípio da América. Estamos no centro do mundo”, concluiu o governante.
Por seu turno, Suzanne Cunha, anfitriã, deu “as boas-vindas a todos à Casa dos Açores. Não estou aqui só como presidente desta casa, estou também na qualidade de filha de emigrantes açorianos”.
Falando do percurso e no exemplo da sua família, que sempre viveu “de uma forma muito açoriana”, realçou que “se habituou desde sempre a ouvir falar nos queridos Açores”.
Suzanne da Cunha também falou da importância de “continuarmos, pelo menos nas casas onde há portugueses, falar a língua de Camões”.
Mathew Correia, enquanto Conselheiro das comunidades açorianas, em poucas palavras “apelou à união de esforços, de vontades e de ambições no que toca aos clubes com marca açoriana”.
José Andrade, refira-se tem mais de duas dezenas de livros publicados, e esta sua recente obra pretende ser um contributo para a análise e compreensão do processo de emigração de registo açoriano.
A terminar, registam-se ainda o facto de terem existido quatro intervenções a cargo de jornalistas, representando órgãos de comunicação social de expressão portuguesa no Canadá: Jorge Neves, Cristina Gonçalves de Jesus, Bosco da Costa e Rómulo Ávila, jornalista do Sol Português e da televisão FPTV, que foi claro: “Ora bem, uma reflexão – foi isso que foi pedido. E hoje, estamos a meio caminho entre o sábado do Sr. Santo Cristo, o 13 de Maio de Fátima, o Dia da Língua Portuguesa e hoje mesmo celebra-se o Dia da Europa. 70 anos dos pioneiros chegarem cá e nos abrirem as portas. Comemora-se também 100 anos de Natália Correia e nada melhor que começar por ela, citando-a: ´Os meus heróis na vida real são os que desafiam a lei em nome de um ideal´. Foi isso que alguns fizeram. E nós, fomos desses, dos tais que talvez fomos dos primeiros a chegar às cinco partes do mundo. Somos e continuaremos a ser poemas de Camões, fomos atrás de sonhos. Somos fado e somos magia, somos festas sem igual, somos parte das cinco quinas da bandeira de Portugal, mas dentro de nós voa certamente um açor, um açor que partiu , mas que deixou o coração na ilha, mas como somos gente de coração enorme: cabem perfeitamente dois países. É isso que nos faz ser diferentes, sentir saudade, mas compensá-la abraçando sonhos de vida, vivendo tradições. Nós escolhemos viver no Canadá, temos talvez a cabeça em Portugal, mas temos certamente o coração nas nove ilhas dos Açores. A terminar dizer que fruto do histórico do povo açoriano que aqui se fixou, somos vistos como pessoas de trabalho e pessoas de confiança, mas carregados de sonhos”.

por Rómulo Ávila,
Correspondente em Toronto *

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