“Jo 14,15-20” Se me amais, obedecereis aos meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai e Ele dar-vos-á outro “advogado”- também consolador, para que permaneça convosco para sempre. Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode acolher, porque não O vê, nem O conhece. Vós O conheceis, porque Ele mora convosco e estará convosco.
Na festividade do Pentecostes, a igreja sempre conciliou uma liturgia catequética entrecruzando a teologia e a pastoral nos diferentes graus de incidência e de expressão ao longo dos séculos, assinalando a crença da fé nos povos, dispostos a receber os seus dons, ou carismas concedidos pelo Espírito Santo. Ex: os sete “Eu sou” de Jesus: Eu sou o Pão da vida; Eu sou a Luz do Mundo; Eu sou a Porta; Eu sou o Bom Pastor; Eu sou a Ressurreição e a vida; Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; Eu sou a verdadeira Videira.
No Novo Testamento os “dons do Espírito Santo” estão expressos em diversas passagens, algumas sobrepostas – (Rm 12, 6-8; 1Cor 12, 8-10; 1Cor 12, 28-31; Ef 4, 7.11s; 1Pd 4, 10-11).
Tradicionalmente há um consenso na Igreja de “sete” dons do Espírito Santo que são: “a sabedoria, a inteligência, o conselho, a fortaleza, o conhecimento, a piedade e o temor de Deus”. É assim que o Espírito Santo dota os cristãos, concedendo-lhes determinadas forças para além das suas aptidões naturais e dando-lhes a oportunidade de se tornarem instrumentos especiais de Deus neste mundo.”
A liturgia da festividade do Pentecostes é desde a antiguidade, (Antigo Testamento), celebrada 50 dias após a Páscoa, também conhecida ou chamada festa das semanas (7x7) dias depois da Páscoa, (Nm 28,26; Dt. 16,9s).
A sua origem tem um carácter de festa agrícola, em que se faziam as oferendas das primícias, em agradecimento pelas boas colheitas, (Ex.23,16;34,22) considerando-se assim um dia grande, destinado a peregrinação orar no templo, onde o descanso era guardado em absoluto, por ser a festa da alegria, porque o Espírito gera a Igreja.
Os cristãos, também celebram o Pentecostes como aniversário do envio de Espírito Santo. (Act.2,1-31) relata: “no meio de um ruído comparável ao de uma ventania, apareceram línguas como de fogo e os discípulos de Jesus reunidos ficaram cheios do Espírito. Começaram então falar noutras línguas”, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”.
É costume popular dedicarem dias especiais à celebração de determinadas festas, seja em relação a Deus, ou em lembrança de determinados acontecimentos, e de forma especial em todo o período pascal, porque recordam a libertação do povo de Israel.
Na famosa passagem dos Actos (2.42-47), a comunidade cristã, aparece-nos aberta ao Espírito Santo, por ser um momento de doação e partilha comum, incluindo a oração; as refeições e os haveres; ninguém passava necessidade.
Pelo mundo fora, há grupo de pessoas que assumiram o propósito de viverem juntas em comunidades cristãs, semelhantes às dos crentes citados nos Actos dos Apóstolos.
Algumas delas, juntam os seus recursos financeiros e seus haveres para providenciarem a alimentação e habitação dos membros; comprometem-se a estabelecer relações de solidariedade, confiança e respeito mútuos; prestam serviços à comunidade, e muitos dos cristãos, esforçam-se por cumprir esta visão de vida em conjunto.
Os acontecimentos que hoje atravessam na nossa sociedade em pleno século XXI, põe à prova a festa do Pentecoste, acontece com acção, e estão perfeitamente enquadrados e atualizados, quando os cidadãos entram na prática da partilha, quando solicitados a encher o celeiro do Banco Alimentar, como garantia de haveres a providenciar a alimentação dos muitos necessitados/ carenciados.
Em Jerusalém d. C. tal como acontece nas nossas cidades de hoje, era comum haver pedintes pelas ruas, e talvez, tal como hoje, alguns transeuntes olhassem para o outro lado, enquanto outros, decidiam parar, para dar umas moedas.
O Pentecostes de hoje, celebrado e festejado, é contínua festa da colheita diversificada em haveres domésticos, alegria fraternizada, onde as comunidades abrem o coração e suas portas em fim de tarde, depois do sol-posto, para orar em comunhão, e não é de estranhar também, que os cristãos não organizem suas festas características, como acontece neste tempo do Espírito Santo, entre nós ilhéus, não havendo nelas razão de imitações supérfluas, mas simplicidade adorno digno de reflexão e oração ao divino Espírito Santo.
Nas festas cristãs primitivas, já em tempo apostólico, os cristãos dedicaram o primeiro dia da semana de um modo especial ao culto divino, a que chamaram dia do Senhor, onde não eram permitidos negócios mundanos, porque se destinava à oração e exercícios de culto.
As festas anuais que marcam a história da salvação nos cristãos, são a Páscoa como eco fundamental da Redenção, morte e Ressurreição de Cristo, e o Pentecostes, como festa da vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, bem como outras também consideradas importantes, como complemento do calendário litúrgico anual.
Ambas as festividades Páscoa e Pentecostes, são de origem apostólica, e até aos dias de hoje, são as únicas celebradas com intensidade pelos cristãos, quer na igreja ocidental quer oriental.
(O capítulo 11 dos Génesis), contém a história daqueles “especuladores” arrogantes que construíram a torre de Babel para chegarem ao céu. Mas Deus, complicou tudo ao misturar-lhes as línguas, e acabaram por não se entenderem entre si, e o avanço do projeto tornou-se impossível.
O Pentecostes, foi exatamente o contrário!... O Céu desceu com o Espírito Santo sobre os Apóstolos, porque o Pentecostes celebrava a colheita do trigo, e os Apóstolos recebiam a colheita do Espírito Santo: a coragem, a confiança, e o zelo de saírem para o mundo a proclamarem a salvação de Deus em Jesus Cristo, fosse qual fosse a sua língua, cada um dos presentes conseguia entender a mensagem apostólica, porque o Pentecostes, continua a ser uma festa importante para a unidade dos cristãos.
Foi, e é um dia santo importante na vida social de então, e no presente, um dia para edificar o povo de Deus, porque o Pentecostes,” descida do Espírito Santo” é considerado o dia do nascimento da Igreja Cristã, onde a igreja católica, por tradição, celebra a sua solenidade no segundo domingo depois da Quinta-feira da Ascensão, cerca de cinquenta dias após a Páscoa, (sendo que o termo penta quer dizer “cinquenta”).
José Gaipo *