Diário dos Açores

Angola, Brasil e Cabo Verde (CPLP) no Mundial de Basquetebol: Filipinas-Indonésia-Japão-2023

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 A 19ª edição do “FIBA World Cup 2023” vai ser realizada, pela primeira vez, em mais do que um país (Filipinas, Indonésia e Japão), no período entre 25 de Agosto e 10 de Setembro do corrente ano. Neste evento, participarão 32 seleções nacionais, o que sucede pela segunda ocasião na história da competição. A primeira aconteceu em 2019 na China. O que também é uma novidade é a presença na prova máxima do calendário internacional de basquetebol, de 3 seleções nacionais (Angola, Brasil e Cabo Verde), membros da Comunidade dos Países de Lingua Portuguesa (CPLP).

Evolução histórica dos Campeonatos Mundiais
O inglês William Jones, primeiro Secretário Geral da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), aproveitou o sucesso do torneio de basquetebol nos Jogos Olímpicos de Londres-1948, para criar e aprovar a organização do 1º Mundial de Basquetebol durante o Congresso Mundial da FIBA ali efectuado. O 1º FIBA World Cup realizou-se na Argentina-1950, porque foi o único país que se canditou à sua organização. O factor casa foi fundamental na conquista do título. Os cinco primeiros campeonatos foram efectuados na América do Sul e as seleções do continente americano conquistaram 8 das 9 medalhas nos 3 primeiros eventos.
Argentina-1950 (1º Argentina, 2º USA, 3º Chile);
Brasil-1954 (1º USA, 2º Brasil, 3º Filipinas);
Chile-1959 (1º Brasil, 2º USA, 3º Chile).
Contudo, a partir de 1963, as seleções da União Soviética e Jugoslávia começaram a fazer frente às equipas mais fortes do continente americano. Brasil-1963 (1º Brasil, 2º Jugoslávia, 3º União Soviética);
Uruguai-1967 (1º União Soviética, 2º Jugoslávia, 3º Brasil);
Jugoslávia-1970 (1º Jugoslávia, 2º Brasil, 3º União Soviética);
Porto Rico-1974 (1º União Soviética, 2º Jugoslávia, 3º USA);
Filipinas-1978 (1º Jugoslávia, 2º União Soviética, 3º Brasil);
Colômbia-1982 (1º União Soviética, 2º USA, 3º Jugoslávia);
Espanha-1986 (1º USA, 2º União Soviética, 3º Jugoslávia);
Argentina-1990 (1º Jugoslávia, 2º União Soviética, 3º USA).
Entretanto, na sequência do que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, com a participação do Dream Team (NBA), começou uma nova era nas competições à escala global. Assim, no  Mundial de Toronto – 1994,  a inclusão dos jogadores da NBA na maioria das seleções alterou de forma significativa os resultados anteriores.  O título mundial foi conquistado pelos USA e as medalhas de prata e bronze foram para a Rússia e Croácia, face ao desaparecimento da União Soviética. O FIBA World Cup Atenas-1998, perdeu alguma notoriedade devido ao lockout dos jogadores na liga norte americana (NBA). A seleção da Jugoslávia venceu a Rússia na final e a equipa dos USA, formada por jogadores que actuavam na Europa, ficou no 3º lugar. No evento seguinte efectuado nos Estados Unidos-2002, ou seja, no país em que a modalidade foi inventada, foi um desastre completo para a equipa da casa. Os norte americanos muito mal preparados, convencidos que as camisolas ganhavam os encontros, foram ultrapassados pelas seleções da Jugoslávia, Argentina e Alemanha, todas elas compostas por credenciados atletas que actuavam na NBA.
Em 2006, no Japão, a experiente seleção dos nossos vizinhos ibéricos, constituída por diversos Juniores de ouro do mundial de Lisboa-1999, surpreendeu tudo e todos com a conquista do título, tendo Pau Gasol sido nomeado MVP da competição. A seleção da Grécia foi finalista e a equipa dos USA não conseguiu melhor do que a medalha de bronze. Nos mundiais seguintes, realizados na Turquia-2010 e em Espanha-2014, a seleção dos USA veio reforçada com  diversas estrêlas da NBA recuperando o título mundial  que já não conquistava desde 1994.
Turquia-2010 (1º USA, 2º Turquia, 3º Lituânia);
Espanha-2014 (1º USA, 2º Sérvia, 3º França).
No mais recente mundial, China-2019, a seleção de nuestros hermanos confirmou o valor do seu basquetebol a nível global, arrecadando o mais ambicionado título internacional pela segunda vez nos últimos quatro eventos. China-2019 (1º Espanha, 2º Argentina, 3º França). A seleção de Espanha foi liderada por dois categorizados atletas  com larga experiência na NBA, Marc Gasol e Ricky Rúbio (MVP do mundial) que desiquilibraram a competição a seu favor.

Medalhas conquistadas por país nos FIBA World Cup.
1º USA (5 ouro, 3 prata, 4 bronze),
2º Jugoslávia (5-3-2),
3º União Soviética (3-3-2),
4º Brasil (2-2-2),
5º Espanha (2-0-0),
6º Argentina (1-2-0),
7º Rússia (0-2-0),
8º Grécia, Sérvia e Turquia (0-1-0),
11º Chile e França (0-0-2),
13º Croácia, Alemanha, Lituânia e Filipinas (0-0-1).

Jogadores mais medalhados nos mundiais.
Jugoslávia: Kresimir Cosic (4), Drazen Dalipagic (4), Vlade Divac (3), Dejan Bodiroga (2), Dejan Tomasevic (2), Pedrag Drobnjak (2); Brasil: Wlamir Marques (4), Amaury Passos (4), Ubiratan Maciel (4),Carmo Sousa (3), Eduardo Schall (3); União Soviética: Serge Belov (4), Alexander Belostenny (4), Modestas Paulaskas (3), Prit Tomson (3); USA: Stephen Curry (2), Rudy Gay (2), Derrick Rose (2), Espanha: Rudy Fernandez (2), Marc Gasol (2).

Países apuradospor continente e respectivos rankings:
Após a fase de qualificação para o FIBA World Cup -2023, efectuada nos respectivos continentes, ficaram apuradas as  32 seleções nacionais de seniores masculinas que possuem os seguintes rankings continentais e mundiais, actualizados em 27 de Fevereiro de 2023, pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA).
Africa (5): Angola (4º/41º), Costa do Marfim (5º/42), Egipto (6º/55º), Sudão do Sul (7º/62º) e Cabo Verde (8º/64º); Américas (7):USA (1º/2º), Brasil (3º/13º), Canadá (4º/15º), Venezuela (5º/17º), Porto Rico (6º/20º) República Dominicana (7º/23º) e México (8º/31º); Ásia e Oceania(8): Austrália (1º/3º),Irão (2º/22º), Nova Zelândia (3º/26º), China (4º/27º), Jordânia (5º/33º), Líbano (9º/43º) a que se juntaram os países organizadores Japão (6º/36º) e Filipinas (8º/40º); Europa (12):Espanha (1º/1º), França (2º/5º), Sérvia (3º/6º), Eslovénia (4º/7º), Lituânia (5º/8º), Grécia (6º/9º), Itália (7º/10º),Alemanha (8º/11º), Montenegro (12º/18º), Finlândia (13º/24º), Letónia (16º/29º) e Geórgia (18º/32º).

Seleções credenciadas não apuradas.
Na fase de qualificação para o Mundial houve algumas surpresas, pelo não apuramento de algumas seleções bem posicionadas no ranking continental e internacional ao não confirmarem o seu favoritismo. Em Africa, as 3 melhores seleções do respectivo ranking,ou seja, a Nigéria (1º), a Tunísia (2º) e o Senegal (3º), ficaram pelo caminho. Nas Américas,a equipa da Argentina, finalista do último campeonato mundial frente à seleção espanhola, 2ª melhor seleção americana logo atrás dos USA e 4º lugar no ranking internacional não conseguiu o apuramento. No continente europeu, a República  Checa, a Polónia e a Turquia, que ocupam respectivamente o 9º, 10º e 11º lugares no contexto europeu também não se qualificaram.
10º - R. Dominicana; 11º - Finlândia;12º - Lituânia.
Seleções da Comunidade dos Países de Lingua Portuguesa.
Numa apreciação à futura prestação das equipas nacionais de basquetebol de Angola, Brasil e Cabo Verde, gostaríamos de realçar  a qualificação de Cabo Verde (1ª vez) para um mundial. Um feito  extraordinário para um país insular, que conta com três atletas dotados de  enormes recursos técnico-desportivos: Walter Tavares (Real Madrid) MVP da Euroliga, Betinho e Ivan Almeida, que actuaram no Benfica.Passar à fase seguinte seria uma nova proeza.
Angola vai participar pela nona vez no FIBA World Cup, tendo alcançado a sua melhor classificação (10º lugar) no mundial disputado no Japão-2006. Face aos resultados verificados recentemente, parece-nos que a actual seleção está longe das equipas nacionais angolanas que lideraram o continente africano durante décadas e prestigiaram o basquetebol angolano além fronteiras. Oxalá esteja enganado.
O Brasil que participou por direito próprio em todos os mundiais ( 2 medalhas de ouro, 2 de prata e 2 de bronze), foi e continua a ser, uma equipa de topo no contexto internacional. Actual 3º classificado no ranking mundial, recheado de atletas de enorme valor e experiência, pode e deve realizar um campeonato ao nível do seu prestígio internacional.


 * (continua)

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