Diário dos Açores

Cancro da mama… Do Porquê ao Para Quê

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Opinião

Após o diagnóstico a vida tal como era pensada, sentida e vivida sofre uma transformação abrupta conduzindo a uma série de desafios.
Durante todo o processo (diagnóstico, tratamento e vigilância) podem ocorrer fases de negação -não me está a acontecer, trata-se e pronto; de revolta -não é justo, porquê a mim; de negociação -a partir de agora vou começar a fazer x para obter y; de tristeza e de aceitação -fase de adaptação. 
Em primeira instância verificam-se transformações a nível do corpo em que a integridade e imagem corporal são ameaçadas e o contato com o espelho é muitas vezes evitado, emergindo sentimentos como repulsa, vergonha e tristeza. O cansaço persistente, insónia, diminuição da líbido, dor muscular e articular bem como dificuldades de atenção, concentração e memória coexistem.
A estas aliam-se outras alterações: questões laborais; hobbies; relações interpessoais; questões de dependência/autonomia; planos e projetos futuros; sexualidade e intimidade; questões existenciais, sentido de vida e morte.
Todas estas disrupções podem conduzir a distress e sabendo-se elevada a relação entre doença oncológica e ansiedade e depressão, a psicooncologia tem um importante papel não só quando já está instalada a sintomatologia, mas preferencialmente na prevenção da mesma e na promoção da saúde.
Assim, acompanha-se sem pressa, permitindo a ventilação de emoções e expressão de pensamentos, efetuando psicoeducação, ajudando a dar significado ao processo de doença e a promover estratégias de coping adequadas e hábitos de vida saudáveis, trabalhando questões de vida e morte e promovendo aquilo que observo em tantas mulheres um crescimento pós-traumático.

Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos! Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Patrícia Mestre Santos

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