Diário dos Açores

Como quebrar ciclos de ansiedade?

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A ansiedade pode ser vista como uma sensação de preocupação, em geral por causa de um acontecimento percepcionado como perigoso ou devido a uma incerteza. Então, perante o medo e a incerteza, a ansiedade leva-nos a entrar em “ação”. Por exemplo, preocupando-se! E embora preocuparmo-nos não traga grandes resultados, o nosso cérebro já associou a resolução de problemas à preocupação e pensa que preocupar-se é o melhor caminho. No fundo, considera que está afazer alguma coisa, quando está só a distrair-se, o que reduz efetivamente a ansiedade mas por pouco tempo, já que o problema não fica resolvido e portanto a ansiedade volta.
Brewer, propõe 3 passos baseados na neurociência para acabar com os ciclos de ansiedade, e que o podem inspirar:
1.    Identificar os 3 momentos dos ciclos de hábito de ansiedade:
Gatilho / Comportamento / Resultado (p.e., Gatilho: tenho de escrever a tese e fico ansiosa só de pensar no que tenho para estudar / Comportamento: Procrastinar: vou fazer um bolo / Resultado:Distrai-me, sinto-me menos ansiosa, estou satisfeita com o meu bolo mas não avancei na tese)
2.    Propõe-nos recorrer ao sistema de recompensas: o cérebro aprende baseado nas recompensas que sente. Mais do que fazemos, importa o resultado do que fazemos. Assim, ir fazer um bolo em vez de estudar fez-me sentir um pouco melhor e afastou a ansiedade,  mas não resolveu a sua origem, portanto ela vai voltar. E como é que mudamos isto? Ganhando consciência – precisamos transmitir ao cérebro informação nova de que o valor de recompensa que aprendemos no passado, está agora desatualizado. Prestando atenção aos resultados do comportamento que quero mudar, no presente, ajudamos o cérebro a sair do piloto-atomático e a sentir até que ponto esse hábito é, ainda, recompensador.  
3.    Passamos ao terceiro passo, que passa por identificar os vários hábitos relacionados com ansiedade (como a preocupação, a procrastinação, o autojulgamento, etc.) para abraçar novos hábitos (como a curiosidade ou o mindfulness) que me fazem sentir efetivamente melhor e poderão ajudar a resolver os meus problemas.
É dificil largar um mau hábito só com a força de vontade! Para quebrar velhos hábitos e fazer com que novos se instalem, temos de identificar o que queremos mudar, trazer consciência para o que sentimos, observar o resultado dos nossos comportamentos e selecionar novos, que nos façam sentir melhor e colaborem para a efetiva resolução dos nossos problemas.
Lembre-se que neste processo pode contar com a ajuda de um psicólogo ou  psicóloga!
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Joana Amen*
*Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta e Vogal da Direção da Delegação Regional dos Açores

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