Banca continua a dificultar negociação do crédito e até sugere venda da casa
Diário dos Açores

Banca continua a dificultar negociação do crédito e até sugere venda da casa

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A banca continua a dificultar a negociação do crédito à habitação a famílias em dificuldades que solicitam uma revisão da prestação.
O “Diário dos Açores” já tinha denunciado esta situação há poucos meses, mas temos conhecimento de que as dificuldades mantêm-se, à semelhança do que acontece a nível nacional.
Aliás, alguns bancos nos Açores argumentam que “as ordens são de Lisboa e não podemos fazer nada”, diz-nos um casal nesta situação.
Natália Nunes, do Gabinete de Proteção Financeira da DECO, confirma que “aquilo que nós continuamos a verificar, infelizmente, e apesar de todos os alertas e pressão que é feita, é as instituições de crédito a continuarem a não terem, muitas vezes, a abertura que se recomendava nestas situações para se encontrar soluções que evite que estas famílias entrem em situação de incumprimento”.
A responsável da DECO já ouviu de uma família que a indicação que foi dada pelo seu banco foi a de que “vendesse a casa”.
Este ano cerca de 20 mil famílias já pediram ajuda à DECO, um número semelhante ao de anos anteriores, por dificuldades em pagar a casa e também por dificuldades em fazer face ao aumento do custo de vida.
A coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da DECO diz que todos os dias há famílias que pedem ajuda junto da Defesa do Consumidor com dificuldades para pagar o crédito à habitação, por causa do aumento das taxas de juro, e relata um dos casos que chegou ao seu conhecimento: “Uma família que nos disse que em 2022 pagava uma prestação de 378 euros, em setembro de 2023 pagava 491 euros e agora recebeu uma informação do banco a dizer que irá pagar 737 euros, e aquilo que nos diz é que é completamente impossível pagar este valor tendo em conta os nossos rendimentos, são palavras de uma consumidora que nos pede ajuda”.
Natália Nunes anunciou, a propósito, uma nova área no site da DECO sobre como “Sobreviver à Crise”, onde há conselhos para ajudar as famílias a equilibrar o orçamento familiar, como por exemplo, “informações sobre os cuidados que devem ter na elaboração e gestão do orçamento familiar, nos cuidados que devem ter quando pretendem recorrer a um qualquer crédito ou quando querem contratar um seguro ou o que devem fazer quando não conseguem pagar atempadamente uma dívida às finanças ou à segurança social”.

Bancos recebem 500 pedidos
por dia

Os maiores bancos em Portugal estão a receber cerca de 500 pedidos de fixação da prestação da casa por dia no âmbito da medida da moratória que entrou em vigor há duas semanas.
“Estávamos preparados para um número superior”, referiu Francisco Barbeira, administrador do BPI, onde já chegaram 1.500 pedidos da parte das famílias para estabilizar a prestação do crédito à habitação. A medida entrou em vigor no passado dia 2 de Novembro.
Barbeira sublinhou que “o banco tem tido uma preocupação muito grande com as famílias” e adiantou que “o número de casas entregues em dação de pagamento foi zero no último ano”.
“Temos recebido cerca de 100 pedidos por dia, estamos a responder dentro dos prazos”, indicou o administrador do Novobanco Luís Ribeiro. O responsável revelou que o banco já renegociou cerca de 17 mil créditos desde o início do ano.
Já o CEO do BCP, Miguel Maya, voltou a elogiar a medida da moratória. “Foi bem desenhada e implementada no momento oportuno”, referiu, indicando depois que o banco já recebeu cerca de 2.000 pedidos e aos quais está a responder de forma diligente.
“O grau de implementação destes pedidos é muito elevado, anda entre os 50 e 80 por dia”.
Na Caixa, Paulo Macedo revelou que o banco público estava a receber 50 pedidos por dia no início, mas o número subiu para “cerca de 80 por dia”. “A medida é importante para um conjunto de famílias que se endividou recentemente”, frisou Paulo Macedo.

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