Maria está presa em um relacionamento abusivo com seu parceiro, Pedro. Ele a critica constantemente, controla seus movimentos, isola-a de amigos e familiares e a faz sentir que é inútil sem ele. Mesmo sofrendo abuso emocional e às vezes físico, Maria teme deixar Pedro, pois acredita que não pode viver sem ele.
Fátima fica sempre ansiosa quando o namorado, Martim, sai com amigos ou tem compromissos que não a incluem. Ela constantemente verifica o telemóvel dele, fica com ciúmes e insegura, teme que ele a deixe e não consegue se concentrar na sua própria vida. Ela deixa de fazer coisas que gosta só para estar disponível para ele o tempo todo.
Sofia é casada com Marcos há vários anos, e ele é o principal provedor financeiro da família. No entanto, Marcos usa essa dependência financeira para exercer controle sobre Sofia. Ele frequentemente ameaça retirar seu apoio financeiro e deixá-la sem recursos se ela não seguir suas ordens ou satisfazer as suas necessidades. Ela se sente presa e incapaz de tomar decisões que beneficiem sua própria saúde emocional.
De acordo com Robin Norwood, autora do livro Mulheres que Amam Demais, a dependência emocional consiste num padrão comportamental, manifestado por algumas mulheres, para se envolverem em relacionamentos amorosos destrutivos nos quais elas sacrificam as suas próprias necessidades, desejos e bem-estar em prol do parceiro sistematicamente.
As condições culturais e familiares em que fomos criadas/os tem um grande impacto sob forma com funcionamos emocionalmente enquanto adultos/as. Por exemplo, se os seus pais ou cuidadores durante a infância eram ambivalentes e imprevisíveis face às suas necessidades, ou seja, às vezes eram afetuosos outras distantes, poderá ter desenvolvido uma resposta ansiosa face a essa realidade como mecanismo protetor e de sobrevivência, focando-se excessivamente no outro. E se, adicionalmente, cresceu numa cultura patriarcal e judaico-cristã, provavelmente terá um sistema de crenças que sobrevalorizam ao poder masculino em detrimento do feminino, o que naturalmente perpetua a dependência emocional.
A dependência emocional pode ser um problema para a sua saúde e felicidade quando afeta significativamente o seu bem-estar, quando sistematicamente negligencia as suas necessidades, quando crê que sem o outro não pode existir, quando perde a sua identidade, quando manifesta comportamentos autodestrutivos para lidar com o stress causado por uma relação íntima.
Se se identificou com esse problema, o primeiro passo é pedir ajuda a um serviço especializado.
Contate-nos.
UMAR Açores – Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres
Email: umaracores@gmail.com
Contatos telefónicos: 296 283 221 ou 963 827 606
Raquel Félix Fontes *
*Psicóloga na UMAR Açores - Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres
Campanha 16 Dias pelo Fim da Violência contra as Mulheres 2023