O escritor açoriano Pedro Almeida Maia acaba de receber o Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes 2023, que decorreu ontem na Biblioteca Municipal de Portimão, contando com a presença do vencedor, cuja obra “A Força das Sentenças” mereceu a distinção do júri da edição deste ano, composto por Idalina Rodrigues, Mila Mariano e Carlos Café, também presentes na cerimónia.
A obra vencedora terá uma edição de 300 exemplares pela editora On Y Va, metade dos quais se destinará ao respectivo autor, a quem será também atribuído um prémio monetário no valor de três mil e quinhentos euros.
Esta iniciativa cultural distingue trabalhos inéditos escritos em língua portuguesa, com o objectivo de estimular a criação literária e constitui mais uma forma de perpetuar a memória do patrono do Prémio, o escritor e Presidente da República, natural de Portimão, Manuel Teixeira Gomes.
Ontem, antes de receber o Prémio, o Diário dos Açores esteve à conversa com Pedro Almeida Maia, que começou por dizer que “os prémios costumam trazer um misto de reconhecimento e de responsabilidade. Ver um texto meu distinguido de entre 120 outros, com base numa leitura isenta e longe de casa, é o melhor incentivo para continuar a trilhar este caminho. Por outro lado, aumenta o compromisso com os leitores, sobretudo com os que me acompanham há mais tempo, de continuar a não desiludir”.
Sobre o novo livro o autor micaelense exoplica-nos que “é uma ficção muito diferente das que tenho vindo a publicar”.
“É um drama no género novela e pretendia ser um projecto paralelo, mas depois ganhou nova dimensão. Tornou-se um relato na primeira pessoa do fictício professor Penedo Quental, diagnosticado com a doença de Alzheimer pouco tempo depois de perder a esposa. Como homem habituado a uma série de rotinas, incluindo a ambição pela escrita, vê-se obrigado a mudar de casa e de ritmos, a adoptar um cão e a lidar com uma cuidadora problemática. Os desafios com que se depara são relevantes nos nossos dias: até que ponto a nossa memória nos define enquanto indivíduos?”, conclui.
“A Força das Sentenças” é um olhar descontraído sobre o fardo do diagnóstico e dos seus rótulos na sociedade actual.
Sugere uma profunda reflexão sobre a importância da memória na nossa definição de individualidade.
Pedro Almeida Maia é psicólogo organizacional e do trabalho, licenciado em Psicologia pela Universidade dos Açores, e mestre em Psicologia do Trabalho, das Organizações e dos Recursos Humanos pela Universidade de Coimbra e pela Universidade de Barcelona.
Trabalhou na Irlanda e regressou aos Açores em 2017, onde reside actualmente.
Começou o seu percurso literário a escrever para música, em 1996, seguindo-se a publicação de crónicas na imprensa local.
Estreou-se no romance com um policial, em 2012, seguindo-se outros trabalhos em diferentes géneros (conto, infanto-juvenil, ensaio, poesia e argumento).
O seu sexto romance, “A Escrava Açoriana” (2022), tem sido agraciado pela crítica, assim como o anterior, “Ilha-América” (2020).
No género novela, publicou em 2014 o drama “Nove Estações”, que havia sido seleccionado para a Mostra LabJovem daquele ano, tendo agora “A Força das Sentenças”, a sua segunda novela, recebido o Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes 2023.