Bolieiro suspendeu privatização da SATA em nome da “ética democrática”
Diário dos Açores

Bolieiro suspendeu privatização da SATA em nome da “ética democrática”

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O Presidente do Governo dos Açores explicou ontem que suspendeu o processo da privatização da Azores Airlines em nome da “ética democrática e da cautela”.
Segundo José Manuel Bolieiro, num período de perturbação com a reprovação do Orçamento Regional e a possível convocação de eleições antecipadas e a eleição de um novo Governo “é exigível aguardar com serenidade em vez de decisões precipitadas”, deixando “para a legitimidade democrática do novo Governo” a respectiva decisão.
Bolieiro explicou ainda que se trata de “apenas uma suspensão e não tem a ver com a qualidade das propostas apresentadas”.

PS critica decisão

O PS/Açores considerou que a suspensão da privatização da Azores Airlines e de dois hotéis é uma decisão que “parece defender mais o interesse do próprio Governo Regional” do que “o interesse da SATA e dos açorianos”.
O Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), conforme noticiamos ontem, suspendeu os processos de privatização da companhia de aviação Azores Airlines e dos hotéis das ilhas das Flores e da Graciosa, devido à actual situação política na Região.
Para o Vice-presidente do grupo parlamentar do PS/Açores, Carlos Silva, a decisão “parece defender mais o interesse do próprio Governo Regional e dos partidos da coligação do que propriamente o interesse da SATA e dos açorianos”.
Segundo o socialista, desde o início que os processos de privatização da companhia aérea e dos dois hotéis foram “pouco transparentes” e o Governo Regional “não divulgou informação que foi requerida pelo Parlamento”.
“Nós ainda não conhecemos sequer o relatório do júri do processo de privatização da Azores Airlines”, disse, acrescentado que o partido também desconhece o “conteúdo exacto do processo de reestruturação negociado com a Comissão Europeia”.
Se, para o Governo Regional, a sobrevivência da SATA dependia do processo de privatização, “então como é que fica a SATA” e “como é que fica salvaguardado o futuro da SATA com essa suspensão desse processo”, questiona Carlos Silva.
Em relação aos hotéis, o responsável diz que também “não se sabe nada”.
Para o Vice-presidente do grupo parlamentar do PS/Açores, Carlos Silva, o Executivo alega que tomou uma “decisão responsável e de acordo com a ética democrática”, mas, nos últimos tempos, “tem feito uma campanha abusiva de prometer tudo a todos” e “sem se preocupar minimamente com a ética democrática, com a responsabilidade”.
“Esta é uma decisão do Governo que traduz aquela que tem sido a sua incapacidade e a sua incompetência, nos últimos três anos, em governar a Região Autónoma dos Açores”, concluiu o socialista.

Chega diz que não faz sentido

Por sua vez, o Chega/Açores considerou que “não faz sentido o Governo Regional ter suspendido os concursos de privatização de parte do Sector Público Empresarial Regional”, nomeadamente no que diz respeito à Azores Airlines e aos hotéis das Flores e da Graciosa (detidos pela empresa pública Ilhas de Valor).
José Pacheco, citado num comunicado do partido, refere que a situacção política que se vive actualmente na Região, no seguimento do chumbo do Orçamento para 2024, “não pode ser justificação para acabar com processos que já estavam em curso”.
Em relação à companhia aérea Azores Airlines, o responsável afirma que o processo de privatização “já estava avançado”.
“Já estava decidido o consórcio que avançaria com a compra de parte da companhia aérea [que faz as ligações dos Açores com o exterior], portanto, não faz sentido suspender o processo que estava a seguir os procedimentos normais”, defende.
Na nota, o parlamentar acusa o Governo da coligação de “nunca se querer desfazer da Azores Airlines, que ano após ano só tem dado prejuízo à Região e que já conta com prejuízos acumulados de muitos milhões de euros”.
“Isto só prova que o Governo nunca se quis desfazer da Azores Airlines e são os açorianos que vão continuar a pagar os prejuízos desta empresa que há muito tempo não serve os açorianoso”, critica.
O líder do Chega/Açores considera, ainda, que o Executivo regional “apesar de estar de saída continua a brincar com os açorianos”.
“Suspender um processo que já estava definido, é uma infantilidade, não faz sentido, e a União Europeia pode ter de intervir, novamente, neste processo”, adverte.
Contudo, o deputado salienta que é necessário proteger a SATA Air Açores, “já que é o garante da mobilidade dentro do arquipélago”, e defende que caso o processo de privatização não resulte “que seja a SATA Air Açores a garantir as ligações aéreas entre os Açores e o continente”.

BE defende SATA
100% pública

O Bloco de Esquerda considera que a anulação da privatização da SATA é uma boa notícia, porque a venda da companhia aérea a privados coloca em causa a mobilidade dos açorianos e açorianas com o exterior da Região.
O Bloco defende um projecto que passe pela recuperação da SATA para que possa estar ao serviço dos Açores.
Sobre a justificação que o Governo anunciou para travar o processo, o Bloco de Esquerda considera que é mais um acto de vitimização.
“Em vez de reconhecer que o processo de privatização seria danoso e que os consórcios que se propuseram a comprar a SATA não tinham credibilidade nem davam garantias de que a SATA continuaria a desempenhar um papel importante nas ligações aéreas dos Açores com o exterior, o Governo esconde-se atrás da dissolução do Parlamento como pretexto para suspender o processo”, acrescenta o BE.
“É fundamental que todos os partidos assumam com clareza o que defendem para o futuro da SATA. O Bloco considera que a SATA é um instrumento fundamental para a economia dos Açores e para a mobilidade dos açorianos e açorianas, e por isso reitera que defende que a companhia aérea deve manter-se totalmente pública”, adianta.
“Num contexto em que a TAP está em vias de ser privatizada, não podemos deixar que as ligações dos Açores com o exterior fiquem exclusivamente dependentes de empresas privadas. Basta recordar o recente episódio da chantagem que a Ryanair fez sobre os Açores para perceber os perigos desta situação”, conclui.

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