Uma jovem do Pico que se dedica de “alma e coração” ao artesanato
Rómulo Ávila

Uma jovem do Pico que se dedica de “alma e coração” ao artesanato

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É de Santa Cruz das Ribeiras, das Lajes do Pico.
Diana Silva tem 23 anos, é ajudante de educação num infantário e dedica-se ao artesanato, de “alma e coração”.
O Jornal do Pico entrevistou-a.

Onde faz os trabalhos?
Todos os trabalhos são feitos em minha casa. Tenho uma divisão em que montei lá o meu ateliê.
 
Que trabalhos faz?
Faço alguns trabalhos de pintura, maioritariamente são quadros para decoração.
De momento, o que faço quase diariamente é o artesanato, onde produzo peças de madeira. O que tem mais saída, nesta altura, são os porta-chaves, mas também temos cinzeiros, ímans, relógios de parede e chaveiros, entre outros trabalhos.
E nisto tudo, junto a pirografia à madeira, tentando sempre em-belezar ainda mais a peça escolhida pelos compres.

Como surgiu a ideia?
No caso da pintura, considero que já nasci com essa “ideia” e os meus primeiros desenhos foram aos 13 anos, e eu fazia alguns desenhos animados famosos para os anos de meu irmão.
Como os materiais eram poucos eu ficava pelos lápis de cor e grafite.
No meu 10.º ano, escolhi ir para a área das Artes Visuais na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico e lá aprendi as técnicas e tive acesso a outros materiais que nunca tinha manuseado antes.
Depois de acabar a escola, decidi não prosseguir os estudos. Até arranjar trabalho, dediquei- me a fazer uns quadros, para uma possível exposição.
Na minha vida, o artesanato com a técnica de pirogravura apareceu em 2019, vindo de uma brincadeira e confesso que não estava nos meus planos ser artesã, foi mesmo ao acaso.
Sempre tive o gosto por trabalhos em madeira.
No meu 8.º ou 9.º ano lembro-me que fiz uma tábua com motivo em relevo.
Sempre vi meu pai a fazer um pouco de tudo e estava incluindo nisso umas pequenas coisas em madeira.
Então, sempre que via um pedaço de tronco diferente, guardava.
Nunca sabia bem em concreto para quê, mas lá ia guardando cá e lá um pedacinho de madeira.
Em dezembro de 2018, fizemos uma limpeza ao armário e lá estavam desses tais troncos.
Achámos que estavam ocupando um pouco de espaço, pois já estavam lá há anos, e nunca tinha feito nada com eles.
Aí começou, talvez, o meu verdadeiro percurso, pois disse ao meu pai que se ele cortasse de tal forma, fazíamos uns cinzeiros. E ele lá fez.
Depois eu achei que ficavam mais bonitos com algo desenhado, então meu pai comprou-me um pirógrafo de 15 ou 20€, foi o mais barato que ele arranjou, pois eu nunca tinha trabalhado com aquilo, não sabia se ia dar certo ou não.
Mas hoje, passados quase três anos, ainda continuo a usar o mesmo pirógrafo, o mais baratinho, sem regulador de temperatura.
Chegou o pirógrafo, eu tinha de tentar trabalhar com ele. Experimentei umas rodelas de madeira, e daí sairam os pri-meiros ímans.
Em fevereiro de 2019, candidatei-me a artesã (por isso digo que começou em 2019) e até hoje estou no artesanato.
Em ambas as áreas fui aproveitando para gravar enquanto faço os trabalhos, para posteriormente publicar no meu canal de Youtube (DianaSilva.Art), tendo como objetivo que mais pessoas vejam os meus trabalhos e poder crescer a esse nível.
 
Tem apoios?
Os apoios que eu tenho são do Centro de Artesanato e Design dos Açores, que dão-me a possibilidade de concorrer a apoios e para participação em feiras. E a MiratecArts, que sempre que possível está promovendo os artistas, aqui na ilha e pelo mundo fora.
Também já participei num Curso Técnico de Pintura Acrílica, promovido por eles.
A estas duas entidades, quero aqui dar o meu muito obrigado.
Mas também tenho outro tipo de apoios que não podem ficar esquecidos, que também são tanto importantes quanto os outros.
Entre eles é o apoio de meu pai que, por estar desempregado, ajuda-me e trabalha para mim na parte da madeira.
Muitas vezes eu vou trabalhar, deixo-lhe a ideia ou como quero que a fique a peça, e chego a casa, a madeira já está lixada e preparada, pronta a eu pirogravar.
Também tenho o apoio de uns vizinhos e pessoas amigas, que me deixam ir cortar madeira ao prédio deles, ou que já cortaram e trazem para poder fazer os meus trabalhos.
Outros apoios enormes são a minha família e amigos, que acre-ditaram em mim desde o começo e que foram divulgando o meu trabalho.
A todos o meu enorme obrigada.
Ao Jornal do Pico, agradeço também esta oportunidade, pois os jo-vens, como eu, merecem e precisam.
 
Acha que os apoios aos artesãos devem ser revistos?
Não lhe sei responder muito bem a essa pergunta, porque estou no artesanato há quase três anos, e, até agora, ainda não concorri a apoios, só concorri para a ir a uma feira, por opção minha.
Assim, como eu comecei como uma brincadeira e do nada, ter a hipótese de concorrer para feiras e para apoios na ajuda para a aquisição de máquinas é mais do que suficiente, para mim.
 
Como podemos adquirir os seus trabalhos?
Podem adquirir pela minha página do Facebook: Diana Silva-Artesanato.
Na página também podem agendar uma visita aqui ao meu “atelier”, ver o material e que tenho feito.
Já agora aproveitam e conhecem a maravilhosa freguesia das Ribeiras e o lugar de Santa Cruz.

Exclusivo Jornal do Pico/
Diário dos Açores

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