Rupturas
Dionísio Fernandes

Rupturas

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A vida, meus amigos, necessita de ser feita de equilíbrios, desequilíbrios, e de rupturas.
Caso contrário é entediante.
Mas perante isto há uma palavra da cultura oriental que me lembrei: samtosa.
Podia defini-la como contentamento, mas esta palavra, contentamento, contém algo de negativo na nossa maneira de pensar ocidental.
Podemos a identificar com alegria, mas não chega.
Claro que a verdadeira alegria não tem a ver com as condições que nos rodeiam: ela desenvolve-se e cresce apesar das circunstâncias e dos condicionamentos que nos envolvem.
Contrariamente à alegria, a felicidade depende das circunstâncias exteriores, sobretudo da satisfação ou não dos nossos desejos.
Já o contentamento produz uma condição psíquica que promove a paz mental, é baseado no reconhecimento das leis que governam a vida e fundamentalmente na Lei do Karma. Ele produz um estado mental onde todas as condições são aceites como correctas e justas, e como aquelas nas quais o aspirante pode melhor realizar e alcançar o propósito (superior) da sua vida. Isto não implica qualquer tipo de acomodação ou submissão mas, sim, o reconhecimento das condições do momento, uma avaliação das oportunidades, de modo a que formem a fundação e a base de todo o progresso futuro.
Samtosa (presente em yoga) está ligado a algo como: “Eu tenho o suficiente. Eu recebo o suficiente.”
A felicidade que obtemos ao adquirir paixões é apenas temporária. Precisamos encontrar novos e adquiri-los para sustentar esse tipo de felicidade.  Mas este tipo de contentamento: “Se algo vier, que venha. Se não, não importa. ”, cultiva-se e é constante.
E não é possível ser sempre feliz. A vida é uma coleção de opostos: yin e yang, noite e dia, inverno e verão, claro e confuso, triste e feliz. Sem um, não seríamos capazes de conhecer o outro, não haveria nada para comparar. Uma vida vivida plenamente é uma vida que abrange os opostos. O contentamento pode ser encontrado em abraçar a sua experiência de ambos os lados, e tudo o que está entre eles.
Haja saúde.

 

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