Ómicron faz regressar o fantasma do Natal passado
Diário dos Açores

Ómicron faz regressar o fantasma do Natal passado

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Vêm aí novas restrições

Os Açores, à semelhança do resto do país, preparam-se para entrar na quadra natalícia com novas medidas restritivas e apelos por parte das entidades responsáveis, numa altura em que se assiste a um agravamento de novos casos por Covid-19, tal como há um ano.
E à semelhança de 2020, também este ano estamos perante uma nova variante.
Enquanto que em 2020, a variante Delta começava ganhava terreno em Portugal e no mundo, impulsionado o ritmo de infeções, internamentos e mortes por Covid-19, este ano a variante Ómicron ameaça recuperar essa memória ainda que os números se encontrem longe daqueles assistidos há um ano.
O certo é que assistimos todos os dias ao aumento das infecções, como é o caso na nossa região, com o respectivo aumento de internamentos.
Nos Açores o Governo Regional vai reunir em Conselho esta semana para definir as novas restrições e recomendações, numa altura em que o Governo da República também já anuncia algumas restrições, como o encerramento de discotecas e o regresso obrigatório ao teletrabalho.

As recomendações
de Tato Borges

 “A comparação com o ano passado é inevitável. Este ano, apesar de termos um terços dos óbitos e dos doentes em cuidados intensivos, graças à cobertura vacinal, a taxa de incidência é a mesma que a do ano passado fruto das novas variante que circulam em Portugal”, explicou ao Jornal Económico (JE) Gustavo Tato Borges, ex-Coordenador da Autoridade de Saúde dos Açores e vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública (AMSP), frisando no entanto que Portugal vive hoje uma “realidade diferente” de há um ano atrás.
Ou seja, “em termos de incidência estamos igual ao do ano passado, em termos de gravidade estamos mais controlados e protegidos mas não devemos minimizar o aumento dos casos”, alertou o responsável.
Caso se verifique um aumento substancial em Janeiro, como é de prever, Gustavo Tato Borges defende que “poderá ser muito importante adotar  medidas mais restritivas”, sendo que aquelas  previstas para 2 a 9 de janeiro “poderão vir a ter que ser antecipadas” ou agravadas, como por exemplo, o encerramento de estabelecimentos onde é difícil manter o distanciamento ou até mesmo o uso de máscara.

As recomendações
de Graça Freitas

A diretora-geral da Saúde deixou vários alertas sobre a situação pandémica em Portugal e a necessidade de tomar medidas para travar a vaga da Ómicron.
Em relação ao natal, deixou várias recomendações às famílias portuguesas: poucas pessoas, divididas por várias mesas, num espaço arejado, com a máscara a ser somente retirada à refeição.
“Em vez de estarmos todos numa mesma mesa é preferível ter duas ou três pequenas mesas”, disse Graça Freitas em entrevista à “SIC Notícias”.
A responsável deixou vários alertas sobre os espaços fechados. “Quanto maior for o aglomerado de pessoas num espaço interno, maior a probabilidade de, havendo alguém infetado, a doença se transmitir”, afirmou.
“Temos insistido na ventilação dos espaços. (Discotecas podem continuar abertas?) Depende das lotações, depende da testagem”, acrescentou.
A líder da DGS disse que o país está perante uma “situação de altíssima incerteza”, admitindo que “pode ser necessário ampliar” o período de contenção previsto – de 2 a 9 de janeiro. “Se há grande incerteza deve haver uma cautela maior”.
“Essas decisões devem ser tomadas pelo governo que tem toda a legitimidade e informação para o fazer”, defendeu.
Sobre a vacinação, Graça Freitas revelou que “dentro de um ou dois dias” vai ter “novo parecer da comissão técnica de vacinação para fazer uma recomendação de alargar as doses de reforço para faixas inferiores aos 40 anos, por ordem decrescente”.
O que se está a passar na Europa

Os países europeus já estão a aplicar novas restrições para reduzir a disseminação da Ómicron: gradualmente esta variante começa a superar a Delta tornando-se na dominante.
Em Portugal, o primeiro-ministro já admitiu o prolongamento das restrições em vigor além da semana de contenção entre 2 e 9 de janeiro: “Vamos seguramente prorrogar porque a 9 de janeiro não vamos estar em condições de poder tirar essas medidas”, referiu António Costa recentemente.
A ministra da Saúde já avisou que a Ómicron terá uma prevalência de 50% pela altura do Natal e de 80% na passagem de ano.
A vizinha Espanha fará uma reunião de emergência esta quarta-feira para discutir a adoção de novas restrições. No domingo, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, dirigiu-se à nação e explicou o que o encontro com líderes regionais irá “avaliar novas medidas que podem ser introduzidas nas próximas semanas”.

OMS recomenda cancelamento
de eventos

Tal como o governo português e espanhol, o governo italiano está a ponderar impor novas medidas, após uma onda de casos positivos, mas também devido às preocupações com a Ómicron.
“Estamos preocupados. Nenhuma decisão foi tomada ainda e analisaremos o número de casos, mas colegas do Reino Unido disseram-nos que a Omicron é um desafio. Temos uma vantagem, uma incidência menor de Omicron em comparação com outros países, mas não vai durar muito ”, afirmou o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, à “Rai3” neste domingo.
Na Alemanha, o governo está considerar impor restrições às reuniões sociais a partir de 28 de dezembro, segundo a “NPR”. As regras devem incluir limitações às reuniões com mais de 10 pessoas, bem como o encerramento de bares e discotecas.
Relativamente às viagens, na segunda-feira, a Alemanha já aplicou restrições aos viajantes que vêm do Reino Unido. Com as novas regras os viajantes britânicos para a Alemanha vão estar sujeitos a quarentena de 14 dias independentemente do estado de vacinação, aponta o “Financial Times”.
Na Suécia, o Governo anunciou novas regras de viagem a partir de 21 de dezembro para seus vizinhos nórdicos, exigindo um certificado de vacina para viajantes que chegam da Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia.
Em França, o executivo de Macron impôs restrições mais rígidas para viagens entre o Reino Unido e a França, exigindo “razões convincentes” para tais viagens, sendo que o turismo e negócios não se qualificam.
De todos os países aquele que aplicou medidas mais rigorosas foi a Holanda que entrou em novo confinamento no domingo com duração até 14 de janeiro de 2022.
 As novas regras pedem que “todos fiquem em casa o máximo possível” e estabelecem limites para o número de visitantes que uma família pode receber, bem como para encontros ao ar livre entre amigos (duas pessoas).
As restrições acontecem num momento em que a Organização Mundial de Saúde pediu às pessoas que cancelassem alguns dos seus planos de férias para proteger a saúde pública, sendo que a variante Ómicron tem se propagado rapidamente a nível global.
“Um evento cancelado é melhor do que uma vida cancelada”, disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentando que “decisões difíceis” devem ser tomadas.

Crianças dos Açores em Janeiro

Os Açores vão iniciar a vacinação contra a Covid-19 de crianças entre os 5 e os 11 anos em janeiro, anunciou o secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses.
“No início de janeiro, vai passar a estar disponível, para aqueles que os pais entenderem e que os médicos entendam, a vacinação das crianças, conforme dissemos, após termos um avanço significativo na vacinação dos mais vulneráveis”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, citado numa nota de imprensa.
Questionado em 10 de dezembro sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19, o secretário regional da Saúde disse que a prioridade do executivo açoriano era o processo de administração da dose de reforço à população mais vulnerável e que só depois de concluído seria tomada uma decisão.
“Concluído este processo, vamos reavaliar a situação, vamos perceber todo aquele que é o fundamento científico relativamente a esta matéria e vamos decidir. Não vale a pena decidirmos agora uma coisa que só seria praticável no início do ano”, adiantou, na altura.
“Enquanto não tivermos essa população [pessoas com mais de 65 anos] completamente vacinada, não passamos a outros níveis etários. É uma questão de responsabilidade e é uma questão de assumir aquilo que é prático. Não podemos estar aqui a dizer que vamos vacinar crianças, quando ainda não vacinámos os mais velhos”, acrescentou.
No continente português, a vacinação de crianças com menos de 12 anos arrancou no passado fim de semana, tendo sido inoculadas mais de 95 mil crianças entre os 9 e os 11 anos, segundo a Direção-Geral da Saúde.
Clélio Meneses disse também que o processo de vacinação contra a Covid-19 nos Açores “vai entrar num ritmo mais intenso a partir do mês de janeiro”.
“Em São Miguel volta a estar operacionalizado o processo no Pavilhão das Portas do Mar, de forma a que a dose de reforço seja aplicada ao maior número de pessoas possível. Neste momento, já nos estamos a aproximar das 30 mil pessoas com dose de reforço aplicada nos Açores”, adiantou.

50 anos: vacina de reforço

Para além de profissionais de saúde, funcionários de lares de idosos e bombeiros e das pessoas com mais de 18 anos que receberam a vacina da Janssen, a dose de reforço contra a Covid-19 está disponível para pessoas com mais de 50 anos.
“Qualquer açoriano com 50 anos ou mais que não tenha sido ainda chamado para dose de reforço pode dirigir-se à respetiva unidade de saúde para, havendo oportunidade no momento, ser inoculada a vacina ou então agendar para ser inoculada a vacina”, acrescentou Clélio Meneses.
O secretário regional da Saúde voltou a apelar à vacinação, alegando que a maioria das pessoas que desenvolveram doença grave nos Açores não estavam vacinadas.
“É com a vacinação de pessoas que nos protegemos. Os casos de cuidados intensivos e óbitos são de pessoas não vacinadas. As situações dos internados são maioritariamente de não vacinados ou então que têm um conjunto de comorbilidades associadas intensas”, frisou.

Mais 60 casos nos Açores

Nas últimas 24 horas de ontem  foram diagnosticados 60 novos casos positivos de covid-19, sendo 33 em São Miguel, oito em Santa Maria, oito na Graciosa, cinco na Terceira, três no Faial, dois no Pico e um nas Flores, resultantes de 976 testes realizados.  
Em São Miguel, foram registados 24 novos casos positivos no concelho de Ponta Delgada, cinco no concelho da Lagoa, dois no concelho de Vila Franca do Campo, um no concelho da Ribeira Grande e um no concelho da Povoação.  Em Santa Maria, foram registados oito casos positivos correspondentes ao concelho de Vila do Porto, e na Graciosa há também oito novos casos correspondentes ao concelho de Santa Cruz.  Na Terceira foram registados cinco novos casos positivos, todos no concelho de Angra do Heroísmo  No Faial há registo de três novos casos positivos que correspondem ao concelho da Horta e no Pico há dois novos casos positivos, um no concelho das Lajes e outro no concelho da Madalena. Nas Flores, há um novo caso positivo registado no concelho das Lajes. À data de hoje estão onze doentes internados, dez no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada (dois em Unidade de Cuidados Intensivos) e um no Hospital de Santo Espírito, em Angra do Heroísmo.  Nas últimas 24 horas foram registadas seis recuperações.  O arquipélago regista presentemente 449 casos positivos ativos.

 

“Ómicron aumenta na região e vai haver testagem massiva”

 

O secretário regional da Saúde disse que houve um aumento de casos de infeção por SARS-CoV-2 com a variante Ómicron na região, sem quantificar, admitindo avançar, esta semana, com novas medidas restritivas.
“Vamos tendo notícia de que há um aumento progressivo de casos da nova variante nos Açores, tal como de resto acontece no mundo, na Europa e a nível nacional”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses, citado numa nota de imprensa.
Na passada sexta-feira, os Açores tinham detetado três casos de infeção de SARS-CoV-2 com a variante Ómicron, aguardando ainda por confirmação do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
O secretário regional da Saúde não revelou quantos casos foram identificados desde então, mas admitiu que houve um aumento.
“Não tenho o número correto, porque estão sempre a surgir análises, mas a perceção que temos é que está a entrar de uma forma intensa esta nova variante, que por aquilo que dizem os especialistas é mais transmissível e menos intensa em termos de carga viral, nos sintomas e no impacto que a doença tem”, avançou.
Clélio Meneses disse que este aumento “era previsível” numa região “aberta ao exterior”, mas sublinhou que as autoridades de saúde estão a acompanhar a evolução da situação.
“Estamos a acompanhar a situação de uma forma muito atenta. Neste momento, para além da obrigatoriedade de uso de máscaras em espaços interiores, de obrigatoriedade de teste e vacina para eventos culturais, sociais ou desportivos, também estamos a incrementar os rastreios”, apontou.
O secretário regional da Saúde admitiu, no entanto, a possibilidade de o executivo adotar novas medidas de controlo da pandemia de Covid-19.
“O Conselho de Governo vai reunir nos próximos dias para, se for necessário, tomar mais alguma medida, que imponha mais algum controle”, revelou.
Segundo o titular da pasta da Saúde, “está a ser preparada uma operação de testagem massiva, através de teste de saliva, a todos os estudantes de Terceira e São Miguel” - as duas únicas ilhas em que foram detetados casos da nova variante - “no início do ano letivo”.
O executivo açoriano vai também disponibilizar testes rápidos de antigénio nos aeroportos da região.
“Disponibilizamos a todos aqueles que voluntariamente queiram fazer um teste de antigénio nos aeroportos, sendo as portas de entrada, essa possibilidade”, revelou.
Clélio Meneses acrescentou que o Governo Regional está “a ultimar o processo burocrático e administrativo de convenções com os laboratórios e com outras entidades clínicas que possam fazer testes rápidos de antigénio”.

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