Coral de São José a encantar os açorianos há 54 anos
Creusa Raposo

Coral de São José a encantar os açorianos há 54 anos

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“Ao longo dos seus quase 54 anos de história e de actividade ininterrupta, o Coral de São José foi evoluindo, desde a sua constituição como coro litúrgico, até chegar a uma composição sinfónica. Nesse percurso, foram várias as obras que interpretou, de vários compositores, com diversos solistas, maestros e orquestras, na construção de um historial que muito orgulha e que o permite afirmar-se como Agente Cultural e Artístico de referência no contexto regional.”, afirma o Presidente da Direcção, Ricardo Botelho, na estrevista que se segue. O Diário dos Açores traz até si um dos coros de maior destaque na Região sugerindo-lhe assim, iniciar o Novo Ano com beleza, elegância e requinte.

 


Em período de pandemia os ensaios e concertos sofreram limitações. Que medidas adoptaram?
É sabido que o surto pandémico de Covid-19 afectou todas as actividades e a nossa não foi excepção, naturalmente.
No período de maior confinamento, entre Março e Junho de 2020, suspendemos por completo a nossa actividade. Depois, deu-se uma retoma gradual, aplicando-se no nosso espaço de trabalho todas as medidas de protecção individual e colectiva. Os ensaios do Coro Sinfónico passaram a desenvolver-se por naipes, femininos e masculinos, em dias diferentes da semana, para evitar os aglomerados. Foi aplicada a distância física entre lugares e a obrigatoriedade de máscara durante todo o tempo, incluindo a cantar. Foi um desafio!
Na música, e no canto em particular, onde é importante o som, a respiração, a dicção, foi um trabalho árduo.
Mas com a força de vontade que nos caracteriza, superamos esses obstáculos e foi-nos possível preparar vários programas. Inclusive, esse período foi profícuo para o desenvolvimento de um trabalho vocal e técnico mais complexo e minucioso. Enveredamos, nessa altura, pela aprendizagem, e consequente apresentação de programas que versam sobre a contemporaneidade e que dão primazia ao canto, à voz, em interpretação à capella.
Nesta fase, recorremos, também, à alternativa digital para transmitir os nossos projectos.
Com o atenuar da situação, com o breve folgo da vacinação, foi possível ir retomando algumas dinâmicas e voltar a projectar para os espectáculos ao vivo, como foi o caso do Festival Música no Colégio, que em Setembro passado voltou à rua e brindou a cidade de Ponta Delgada com quatro noites de música bastante enriquecedoras.
O desejo é que assim se mantenha, e que com responsabilidade, possamos ir devolvendo a prática cultural e artística a todos os envolvidos e interessados.

Nesta quadra natalícia anunciaram quatro concertos. Qual o repertório que o público poderá desfrutar?
O Natal é uma época especial, em que paira e se vive um ambiente mais caloroso. É essa a intenção dos nossos programas de Natal. Engrandecer esse ambiente e promover momentos que façam as pessoas sentirem-se bem. A música tem esse poder!
Para este ano, temos dois conceitos diferentes. Os concertos de dia 8 e 18 de Dezembro e 8 de Janeiro, têm maior enfoque no reportório de Natal português e que valoriza a voz humana como instrumento principal. São programas que incluem peças do cancioneiro português e outras composições recentes que nos retratam o Natal cristão, assente no nascimento de Jesus. Por esse motivo, foi pensado para igrejas e, por isso, também de acesso gratuito a todo o público.
Os concertos de dia 18 de Dezembro e 8 de Janeiro, em Vila Franca do Campo e na Lagoa, respectivamente, surgem a convite desses mesmos Municípios, apoiando o nosso projecto de descentralização cultural.
A excepção esteve no concerto de dia 8 de Dezembro que, sendo gratuito, apelámos ao contributo de todo o público para um donativo a favor das obras de conservação patrimonial da Igreja de São José. Esse é um templo de referência no panorama arquitectónico, artístico, cultural e também na dinâmica social. O Coral de São José, enquanto movimento lá fundado e sediado, sente a responsabilidade de também apoiar essa causa e promover que outros também o façam!
No dia 12 de Dezembro, no Coliseu Micaelense, tivemos o Clássicos de Natal, o regresso de um projecto musical equiparado às produções que assistimos em várias cidades do mundo. Um concerto para coro, orquestra e solistas, com a interpretação de célebres obras musicais internacionais que estão no ouvido e na memória do grande público. Christmas Carols que espalham a magia do Natal e envolvem o público num cenário místico. Este é um projecto apresentado várias vezes e que sempre conquista o aplauso e carinho do público. É o único concerto do género que se apresenta por cá! É uma co-produção do Coral de São José com a Câmara Municipal de Ponta Delgada e o apoio do Governo dos Açores.

Nos anos anteriores os vossos concertos de Natal e de ano Novo apresentaram composições de Haendel,  Irving Berlin, Gordon Young, Adolphe Adam, entre outros. Qual a preferida do público e a qual vossa?
Essa é uma pergunta difícil! Estes compositores são todos muito diferentes e as suas obras também muito distintas.
O público que nos conhece sabe que a nossa matriz artística é essencialmente a erudita (vulgo clássica), mas os rasgos de novidade são também importantes. Compete-nos construir uma programação artística e cultural diversificada, mas estruturada e evolutiva. O próprio trabalho do coro vem também nesse sentido, de formar para novas sonoridades, diversificar a oferta cultural, enriquecer o património artístico. Mas respondendo à pergunta, creio que, tanto para nós como para o público, é de grande admiração ouvir Hallelujah Chorus de G. F. Haendel ou O Holy Night de Adolf Adam.

Qual a composição mais desafiadora que o Coral São José já deu vida?
Ao longo dos seus quase 54 anos de história e de actividade ininterrupta, o Coral de São José foi evoluindo, desde a sua constituição como coro litúrgico, até chegar a uma composição sinfónica. Nesse percurso, foram várias as obras que interpretou, de vários compositores, com diversos solistas, maestros e orquestras, na construção de um historial que muito nos orgulha e que nos permite afirmar como Agente Cultural e Artístico de referência no nosso contexto regional.
Contudo, e como um dos grandes desafios, creio que possa indicar a Missa Solemnis de Beethoven, apresentada em 2017, na celebração do nosso cinquentenário.

Quais as expectativas para o ano de 2022?
Para o próximo ano, que se avizinha já em breve, mantemos a intenção de apresentar os nossos projectos-estrela: o Concerto de Primavera, com obra sacra de Rossini, o Festival Música no Colégio, de novo com cinco noites, encerrando com uma grande noite sinfónica, e o Clássicos de Natal.
A novidade na nossa programação reside na aposta em novos projectos de descentralização cultural, em que propomos deslocar-nos a outras ilhas do nosso Arquipélago. Consideramos de grande importância que em mais pontos dos Açores se possam apresentar programas como os nossos, numa lógica de coesão territorial em matéria de cultura e dando resposta a tantas solicitações que nos chegam sobre essa possibilidade de outros açorianos, que não só os micaelenses, poderem assistir, ao vivo, a concertos do Coral de São José. Vamos trabalhar no sentido de tornar possível esta ideia!
O Coral de São José assume-se como Agente Cultural e Artístico activo, parceiro das entidades com competência em matéria de valorização cultural, dinâmicas de turismo e de comunidade, empenhado na construção e manutenção regular de uma programação consistente e de qualidade.

jornal@diariodosacores.pt

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