“Para compensar os seus produtores pelo aumento do custo dos fatores de produção em 2021”, a Insulac anunciou ontem que no próximo pagamento de leite, a efectuar a meados de janeiro, irá incluir um bónus relativo ao leite entregue pelos seus produtores no último trimestre de 2021.
A fábrica da Insulac situa-se na Ribeira Grande e produz queijos, manteigas, leite e lactoroso em pó, sob a marca Valformoso.
Esta valorização extra do leite, segundo a Administração da empresa, complementa o incremento realizado em Outubro e reforça a importância do aumento dos teores de proteína e gordura, na medida em que o bónus será determinado com base no total de kg de sólidos, (matéria gorda + matéria proteica), entregues por cada produtor nos meses de outubro a dezembro de 2021.
O valor do bónus será equivalente a 1,00 euro/100L e será pago proporcionalmente ao total de kg de matéria gorda e matéria proteica entregues por cada produtor de outubro a dezembro de 2021.
Com este pagamento, a empresa estima que o aumento total efectuado no 4º trimestre irá atingir cerca de 1,90 euros/100L.
Com este bónus a empresa pretende “contribuir para melhorar a situação financeira dos seus produtores, que tiveram um ano muito difícil em 2021”.
A Insulac pretende também mentalizar a produção para pensar não apenas em litros de leite, mas também na matéria gorda e proteína que entrega à fábrica.
Deste modo, está a chamar a atenção para a vantagem de, no futuro, se aumentar o teor de gordura e proteína do leite.
“É com leite mais rico em gordura e proteína que se poderá melhorar a produtividade da indústria e esta, assim, ficará mais bem preparada para defender o rendimento dos seus produtores”, justifica a Insulac em nota enviada ao nosso jornal.
Várias vozes açorianas têm defendido um aumento do preço do leite aos produtores, inclusivé a Igreja açoriana.
Na missa do primeiro dia do ano, o administrador diocesano de Angra disse na catedral açoriana que os produtores de leite da Região merecem receber um “preço justo” pelo seu trabalho.
“Há um aumento de preço que nos parece justo e que não cabe nas más notícias. Refiro-me ao preço do litro de leite pago à produção, aos trabalhadores da agricultura e da lavoura açoriana”, indicou o cónego Hélder Fonseca Mendes.
“Se um dos magos partisse das ‘ilhas longínquas’, como reza o salmo, certamente levaria ao Menino do presépio como oferta preciosa leite dos nossos pastos. Quando não é oferta, o produto deve ser pago a justo preço a quem trabalha, pese embora o fantasma da concorrência europeia que consegue vender leite mais barato do que água”, acrescentou.