Vários cidadãos que aguardavam a realização de teste à Covid-19 no Hospital de Ponta Delgada, na passada Sexta-feira, revoltaram-se com a longa fila de espera e alguns criticaram ofensivamente os profissionais de saúde que trabalhavam no local.
As longas filas, ao longo do dia, deveram-se à realização do jogo Santa Clara-Sporting, em que era exigido apresentação de teste negativo.
O clube açoriano aconselhou mesmo os espectadores a dirigirem-se ao HDES para a realização dos respectivos testes, sem que tivesse havido qualquer diálogo com os responsáveis da unidade hospitalar.
Outros cidadãos que aguardavam realização do teste, mas que não tinham nada a ver com o jogo, disseram ao nosso jornal que a situação “foi vergonhosa, porque as críticas dirigidas aos profissionais de saúde não tinham razão de ser”.
“Quem devia ter prevenido esta situação dos testes para o jogo era o Santa Clara, montando uma tenda junto ao estádio, como acontece com os outros clubes no continente”, disse ao nosso jornal um profissional de saúde.
As críticas e ofensas, “quase a roçar a agressão física foram uma vergonha, porque aqueles senhores queriam a todo o custo fazer o teste, passando à frente de outros, à medida que se aproximava a hora do jogo”, refere outro profissional de saúde.
Algumas pessoas que estiveram presentes alertam que as autoridades de saúde deviam contactar os clubes para que tal situação não se repita, porque prejudicou toda a gente e os profissionais de saúde “foram criticados sem justificação nenhuma, com grande injustiça”.
Sobre este assunto, o Secretário Regional da Saúde, Clélio Meneses, tomou posição, escrevendo na sua página pessoal das redes sociais: “Manifesto a minha profunda e sentida solidariedade a todos quantos foram ofendidos e atacados ontem no posto de testagem aberto pelo Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
O enorme serviço público que tem sido prestado por essa, como todas as unidades de saúde desta região, e por todos os profissionais de saúde, que estão há quase dois anos no meio de uma tempestade, não merece tanto desrespeito e falta de civismo.
Infelizmente, tudo isso é alimentado por quem a tendo não assume a responsabilidade que lhes cabe como a todos e cada um de nós.
No mundo inteiro civilizado, a organização de eventos que obriguem a apresentação de teste e a participação nos mesmos implica responsabilidade partilhada na respectiva realização.
Nos Açores, infelizmente, há muito quem pense que o Governo tem de fazer e dar tudo.
Temos dado tudo o que podemos, mas, sobretudo, os profissionais de saúde têm dado muito mais do que deviam e podem. A eles a minha reiterada e sentida gratidão e solidariedade”.