O Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), de Ponta Delgada, apresentou ontem os resumos do relatório preliminar sobre o movimento assistencial daquela unidade hospitalar em 2021.
Trata-se de um documento elaborado pela Unidade de Epidemiologia do HDES (UEC3IS) com base nos dados compilados pelo Serviço de Informação para Gestão (SIG).
Do relatório, constata-se que, em 2021, foram realizadas 9.092 intervenções cirúrgicas, o que representa um crescimento significativo em relação aos últimos 5 anos (60% sobre 2020 e 10,5% sobre a média de 2017 a 2019).
Foi o ano mais produtivo dos últimos 5 anos, segundo o documento.
Recuperação de listas de espera com aumento de mais de 100%
Foram realizadas 4.958 intervenções cirúrgicas em Produção Programada, que representou 54,3% do total - o que é um desvio significativo em relação aos anos de 2017 a 2019, em que a Produção Programada representava sempre mais de 60% do total.
A Produção Adicional (recuperação de listas de espera) registou um aumento de 102% em relação à média de 2017 a 2019, e quase o quádruplo de 2020 (de 518 intervenções cirúrgicas para 1.912).
A Produção Adicional representou 21% do total cirúrgico, que é praticamente o dobro de todos os anos anteriores, em que representava à volta de 11%.
A Produção Urgente atingiu as 2.222 intervenções cirúrgicas, que é o maior valor desde 2017 (série de 5 anos).
A lista de espera cirúrgica registou uma redução para 10.889, que é o 3º valor mais baixo dos últimos 5 anos.
Depois de um máximo de 12.253 atingido em Julho, houve reduções em todos os meses até Dezembro, que volta para valores semelhantes aos de 2018 e 2019.
Mais Consultas Médicas
No ano de 2021, foram realizadas 164.505 consultas médicas no HDES (alguns valores de Dezembro ainda se encontram por apurar, pelo que o resultado final deverá ser ainda um pouco superior, mas sem afectar significamente a tendência).
Trata-se de um aumento de 12,2% em relação a 2020, o que é um valor praticamente igual à média de 2017 a 2019 e é apenas inferior ao ano de 2019.
Foram ainda realizados 69.979 Actos Médicos Sem Doente (AMSD), que é o maior valor dos últimos 5 anos.
O número de consultas telefónicas atingiu as 13.760, sendo uma forte redução de 38% em relação a 2020, o ano que registou o maior valor deste tipo de consultas, fixando-se em 2021 em 8,56% do total de consultas médicas.
Refira-se que o valor final é grandemente influenciado pelo 1º semestre, que foi responsável por praticamente 70% do total de consultas telefónicas em 2021, que desde Outubro se cifram na casa dos 4% do total.
Foram realizadas 19.753 consultas não médicas, que é uma área que revelou grande crescimento em 2020, e que em 2021 foi também ultrapassado.
Foram ainda realizadas 28.921 consultas de Enfermagem, que é o maior valor dos últimos 5 anos.
No total de consultas no HDES (médicas, não médicas e de enfermagem), foi atingido um valor de 213.179 consultas em 2021, que é igualmente o maior valor desde 2017.
Redução de 10% nas listas
de espera
Entre Janeiro e Dezembro de 2021, o HDES conseguiu reduzir a lista de espera cirúrgica (propostas cirúrgicas) de 12.178 para 10.889, o que representa uma redução de 1.289, ou menos 10,58%.
Esse tipo de descidas nunca tinha sido alcançado. Consequentemente, o número médio de dias em espera por uma cirurgia baixou 79 dias (de 583 dias em Janeiro para 504 dias em Dezembro). Trata-se de um número ainda bastante elevado, mas claramente com tendência de redução.
Registe-se que em Janeiro havia 5.534 propostas cirúrgicas com esperas de mais de 540 dias e em Dezembro esse número já tinha baixado para 3.941, uma redução de 28,8%.
Mais atendimentos na Urgência
No ano de 2021 foram atendidos no Serviço de Urgência 85.265 doentes, representando um aumento de 19,6% comparativamente a 2020.
Registou-se um aumento da procura no 2º semestre de 2021, que representou 58,6% do total de atendimentos de todo o ano, decorrente do incremento de utentes avaliados no SU COVID.
No ano de 2021 o Serviço de Urgência atendeu 13.379 utentes por suspeita de infeção SARS COV-2.
Trata-se de um aumento de 450% em relação aos 2.434 verificados em 2021, o que dá bem nota da enorme pressão que a pandemia exerceu sobre o SU.
Do total de atendimentos nesta área, 1.660 ficaram internados.
Ao longo do ano de 2021 registou-se uma afluência crescente de doentes ao SU Covid, em particular no 4º Trimestre, que foi responsável por 40% do total do ano.
O mês de Outubro registou o maior valor, tendo pela primeira vez ultrapassado os 2.000 atendimentos.
Menos dias de internamento
Registou-se um total de 19.523 doentes internados (doentes com Alta), um valor claramente ao nível das médias de 2017 a 2019, registando um crescimento significativo em relação a 2020 (24,35%).
A média de internamento foi de 5,35 dias por utente, que representa uma redução em relação a 2020, que foi de 5,86 dias, e está em linha com os anos anteriores.
A taxa de mortalidade em 2021 foi de 3,81%, representando grande redução em relação a 2020 (que foi de 4,52%), embora acima das médias dos anos anteriores (de 3,4% a 3,6%).
Desde o início da pandemia foram internados 331 doentes por Covid-19 no HDES.
No ano de 2021 o seu valor atingiu 231, sendo 100 relativos ao ano de 2020, registando-se assim um aumento de 130% entre os dois anos.
Em todos os meses de 2021 houve internamentos por Covid-19.
O número de doentes internados na Unidade de Cuidados Intensivos aumentou de 9 em 2020 para 31 em 2021.
O número total de dias de internamento por Covid-19 passou de 1.598 para 2.424.
A faixa etária mais afetada em ambos os anos foi a das pessoas com 61 anos ou mais, mas o seu peso reduziu-se de 2020 para 2021, de 75% para 57,6%, enquanto que o peso das pessoas dos 31 aos 50 anos de idade aumentou de 10% para 25,1%.
Mais atendimentos
no hospital dia
Em 2021 foram atendidos 3.880 utentes, que é o maior valor dos últimos 5 anos, com um aumento de 13,8% sobre a média de 2017 a 2019 - e de 7,6% no número de sessões, que atingiu as 27.904, que é também o maior valor dos 5 anos.
Menos partos
Em 2021 realizaram-se 1.274 partos e nasceram 1.295 bebés, que é o valor mais baixo dos últimos 5 anos, tendo a taxa de cesarianas atingido 45,5%, que é o maior valor, absoluto e percentual, dos últimos 5 anos.
Registaram-se 5 nados mortos.
“Um ano de grande esforço”
Para a administração do HDES, face a este balanço, tratou-se de “um ano de grande esforço, mas também de grandes resultados, que vêm reforçar a posição central do HDES no sector da saúde nos Açores.
Os valores de 2020 foram totalmente recuperados, isto apesar de 2021 representar 2 terços de todos os eventos relacionados com a pandemia Covid-19 desde o seu início, o que obrigou a grande contenção do funcionamento que afectou todo o hospital. Desempenhamos um papel fundamental na redução da Lista de Espera Cirúrgica que se regista na Região. E o quadro de pessoal foi reforçado, nomeadamente nas áreas mais interventoras na prestação dos serviços de saúde”.