À medida que esta variante invade os Açores, atingem-se novos recordes de contaminação por SARS-CoV-2, fazendo com que os casos se tornem mais normais e menos excecionais. Algumas das pessoas que testam positivo poderão desencadear emoções como a vergonha e o medo e pensamentos associados ao facto de termos feito algo de errado, uma vez que impera uma narrativa que incide sobre os comportamentos e a responsabilidade individual.
A vergonha tem um historial de estar ligada a vários diagnósticos de saúde, levando a que muitas as vezes as pessoas escondam ou omitam os factos. E porque vivemos numa sociedade em que se atribui demasiada importância ao julgamento, como se houvesse um único padrão de certo ou errado, perfeito ou imperfeito, levantam-se muitas suposições sobre as razões pelas quais as pessoas fazem certas escolhas ou manifestam determinado comportamento.
Lidar com um resultado positivo num teste, requer que:
Reconheça as emoções com que se depara e ao mesmo tempo tente abstrair-se de qualquer julgamento sobre o seu comportamento ou de outros. Identifique as emoções, como a vergonha (à qual se associa a culpa), ou o medo. Padrões perfeccionistas só dificultam a aceitação de si próprio e de um vírus sobre o qual a capacidade de controlo é muito reduzida.
Considere a presente situação como uma experiência de aprendizagem em relação a si, à sua capacidade de adaptação e resiliência. Aproveite o tempo de isolamento para refletir sobre as suas necessidades e prioridades, cuide de si.
Use esta situação como uma oportunidade para criar uma estratégia comportamental para o futuro.
Se ainda não tiver sido vacinado, faça-o.
Assuma que não pode controlar o que os outros fazem ou a forma como pensam.
Pratique a autocompaixão. Não pense no que poderia ter feito de forma diferente ou que esta situação representa um fracasso. Não está sozinho(a)!
Fique bem pela sua saúde e a de todos os açorianos.
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
*Presidente da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses