O relatório anual da Nova School of Business & Economics, “Portugal, Balanço Social 2021”, conhecido ontem, traça o retrato socioeconómico dos portugueses, tendo por base o “Inquérito às condições de vida e rendimento de 2020” e o relatório “ICOR 2021” disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estatística, onde se conclui que os Açores são a região mais pobre do país.
Na sua 2ª edição, o trabalho foi realizado no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, um programa plurianual estabelecido entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE, instituições responsáveis pela apresentação do documento.
A autoria é de Bruno P. Carvalho, Mariana Esteves e Susana Peralta, do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center.
As conclusões do relatório
Do relatório fica-se a saber que o predomínio da pobreza e privação material tem decrescido.
A taxa de risco de pobreza em 2019 é de 16,2%, menos um ponto comparativamente ao ano anterior.
A taxa de privação material em 2020 regista-se em 13,5%, menos 1.6 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Manifestam-se principalmente em desempregados, famílias monoparentais e pessoas com baixa escolaridade, sofrendo como maiores privações a dificuldade de usufruir férias fora de casa, dificuldade de gerir face a despesas inesperadas e manter as casas aquecidas;
Uma em cada três pessoas desempregadas são pobres, e uma em cada dez empregadas são pobres;
Em 2020, 14,3% das famílias pobres viviam em acomodações sobrelotadas, face à população total de 9%. Quase 23% avalia ter uma saúde má ou muito má, e 18,9% aponta ter dificuldades em aceder aos cuidados de saúde; Os Açores são a região mais pobre do país (28,5%); já o Norte é a região do território continental com maior taxa de risco de pobreza (18,1%) em 2019; Alcochete é, em 2019, o município com o ordenado mais elevado (2011,5 Euro), e os ordenados mais elevados concentram-se no litoral do país; Celorico de Basto regista a remuneração média mensal mais baixa, com 794,4 Euro.
De 2018 para 2019 a percentagem de crianças pobres aumentou 0,6 pontos percentuais (19,1% em 2019). São o grupo mais vulnerável à exclusão social e à pobreza.
As perturbações na actividade lectiva de 2021 trouxeram perdas de competências face a 2019, segundo amostra representativa de alunos do 2º, 5º e 8º ano nas provas de aferição. Metade dos professores de escolas públicas e um terço de escolas privadas que participaram num inquérito não representativo acredita que a recuperação de aprendizagens irá demorar dois ou mais anos escolares.
Quase metade dos maiores de 60 anos admitiu sentir-se frequentemente ou algumas vezes sozinhos no ano de 2020.
Quase 73% disse ter sentido ansiedade ou nervosismo, e 63% teve consultas canceladas durante a pandemia.
Quase 18% das pessoas maiores de 65 anos era pobre em 2020, e dados de 2018 indicam que 34,9% não ttinha possibilidade para fazer refeições completas e comprar alimentos.
O ano de 2021 registou mais consultas do que o ano de 2019, no entanto o número de cirurgias mantém-se longe dos valores de igual período de 2019. O aumento justifica-se na necessidade de dar resposta às consultas adiadas em 2020.
A pandemia deteriorou a saúde mental, nomeadamente das pessoas mais pobres, desempregadas e menos escolarizadas.
O mercado de trabalho mudou em resposta à pandemia.
Fevereiro de 2021 foi o mês que registou mais trabalhadores em layoff simplificado, sendo que o pedido é 50% mais frequente para mulheres.
O teletrabalho manifestou-se predominantemente entre trabalhadores com maiores níveis de escolaridade e, entre março de 2020 e 2021, o número de horas laborais diminuiu 14,9%.