A Secretária Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital dos Açores, Susete Amaro, justificou o pedido de exoneração do Director Regional da Cultura, Ricardo Tavares, com falta de “lealdade e zelo”.
“O que levou a este pedido de exoneração foi um conjunto de várias situações que não se coadunam com a lealdade e com o zelo que deverá existir no exercício de um cargo desta natureza”, afirmou.
O Executivo açoriano revelou, na Terça-feira à noite, que o Director Regional da Cultura, Ricardo Tavares, iria ser exonerado do cargo, a pedido da Secretária Regional da tutela.
A exoneração Ricardo Tavares do cargo de Director Regional da Cultura ainda não foi, no entanto, publicada em Jornal Oficial.
Questionada sobre as situações a que se referia quando falou em falta de lealdade e zelo, Susete Amaro não quis especificar.
“Não pretendo particularizar nenhuma em concreto, porque são várias situações”, adiantou.
Num email, enviado na Segunda-feira à tarde, Susete Amaro disse ter dado instruções aos funcionários da Direcção Regional da Cultura para que a partir daquele dia não cumprissem “qualquer despacho, instrução ou email emanado” por Ricardo Tavares.
“A partir deste momento, retiro-lhe todas as suas competências, bem como a confiança política”, lê-se na comunicação assinada pela Secretária Regional.
Confrontada com o conteúdo deste email, que começou a circular nas redes sociais, Susete Amaro garantiu que a decisão de exoneração já tinha sido comunicada anteriormente ao Director Regional e que foi enviada também uma carta a Ricardo Tavares.
A governante lamentou ainda que o e-mail, enviado a várias pessoas, tenha sido tornado público.
“Não deveria ter acontecido. Provavelmente, terei de instaurar um processo de averiguações para saber como é que essa situação se procedeu”, adiantou.
Susete Amaro foi indicada pelo PSD para a tutela da pasta da Cultura, da Ciência e Transição Digital e Ricardo Tavares indicado pelo PPM.
Ao longo do mandato, por várias vezes, a Secretária Regional e o Diretor Regional apresentaram divergências publicamente.
O caso mais mediático esteve relacionado com um pedido de transferência de um boi anão empalhado da coleção do Museu Carlos Machado para o Ecomuseu do Corvo, dirigido por Deolinda Estêvão, mulher do líder do PPM/Açores, Paulo Estêvão.
Apesar dos pareceres negativos do Director do Museu Carlos Machado, Duarte Melo, e do responsável pela Colecção de História Natural, João Paulo Constância, o Director Regional da Cultura aceitou o pedido de transferência.
Essa decisão acabaria por ser revertida pela Secretária Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital, que permitiu uma cedência temporária, desde que garantidas todas as condições técnicas para a conservação da peça.
Cópia do referido email, contendo os endereços electrónicos da Secretária, do Director e dos vários funcionários da DRAC circula nas redes sociais, provavelmente por fuga de informação interna.