Lançamento do Livro «O Paço»
Rubens Pavão

Lançamento do Livro «O Paço»

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Na comemoração do 1º centenário da aquisição do Palácio Fonte Bela para Liceu Central de Ponta Delgada

    Felizmente que já são três os «centenários» a que vou assistindo para, na memória contemporânea, se assinalar o percurso educativo/cultural e histórico do Liceu Antero de Quental, para muitos açorianos, a segunda casa de saber das suas vidas por estas paragens e que com saudade ainda continua a permanecer no imaginário  dos (talvez poucos) alunos que por aqui ainda andam e por várias ilhas dos Açores, sobretudo Faial/Pico.
    O primeiro centenário ocorreu em 1952, quando frequentava a Escola do Magistério e os meus colegas de caminhada liceal de há 70 anos, terminavam o curso geral: uns para seguir estudos universitários e  outros  ficarem por aqui no exercício de várias actividades, incluindo a continuidade de empresas familiares.
    No número especial do Jornal «ArcoIris» e na Imprensa local, professores e alunos que ainda tinham frequentado o Convento da Graça expressaram a sua mensagem de saudade e de reconhecimento pela relevância da formação que ali haviam adquirido, bem como pela amizade que os ligara pela vida, tal como ainda hoje felizmente sucede.
    E, foi apenas através da Revista «Insulana» (volume VIII), do Instituto Cultural de Ponta Delgada, que o registo destas festividades ficou para a posteridade, uma vez que não era fácil obter-se naquele tempo os meios tecnológicos de  que hoje dispomos; e, se fosse possível  juntar  o  que ainda existe  em muitas casas da exposição fotográfica que esteve patente na Biblioteca, então sim, a história do ensino liceal nos Açores ficaria mais completa…    
    Contudo, na minha modesta opinião, para complementar essa  trajectória/histórica do Liceu Antero de Quental, continuava a faltar um documento de investigação mais abrangente  que  nos falasse também  do Palácio  Fonte Bela, da vida social e política que dali irradiava através da histórica família micaelense que ali nasceu e residiu, onde se instalara o Liceu em 1922, num acto de grande visão administrativa do seu Reitor, Dr. Jeremias Resende da Costa, quando exercia as funções de Presidente da Junta Geral Distrital, recebendo o apoio inequívoco das câmaras municipais do distrito de Ponta Delgada.
    Nesse contexto, quando em Março de 2002, o «Liceu/Escola Antero de Quental» (como devia oficialmente designar-se), comemorou o seu sesquicentenário, o Conselho Directivo publicou um «Álbum de Memórias», sob a coordenação da Drª. Maria Clotilde Rodrigues Cymbron  com a  valiosa colaboração de outras docentes e alunos,  que já nos transmite o novo percurso de mais 50 anos de vida, onde como muito bem escreve na nota prévia a então presidente, Drª Berta Camacho Melo Bento «é um trabalho que procura de forma sintética, e, porque doutro modo não poderia ser, apresentar os vários percursos da Instituição: o pedagógico- didáctico, o literário, o artístico esobretudo o polo-urbanodinamizador da actividade cultural».
    Assim, se foi complementando mais uma parte do percurso educativo/patrimonial do nosso «Liceu/Escola», até ao feliz aparecimento da 1ª edição de « O PAÇO», em Junho de 2011, mas com vista a assinalar o 1º centenário da construção do Palácio Fonte Bela, no seguimento duma ideia que foi lançada pelo Dr. Boanerges Botelho de Melo, então Presidente do Conselho Executivo, tendo sido constituído – entre os docentes - um  prestimoso grupo  de colaboradores/investigadores que deram corpo a tão notável empreendimento: os professores Margarida Palhinha, Délia Vasconcelos/Margarida Moura/José Cruz e Vitor Roque.
    Deste modo, o Palácio Fonte Bela foi «retratado» e dado a conhecer aos açorianos desde o Paço dos Capitães Donatários dos Condes de Vila Franca/ Ribeira Grande, num período de quase 500 anos da História  da nossa cidade «e que sempre se constituiu como um exemplo de cultura que se perpetuou na alma de quem sobre o chão da primeira moradia nobre edificou a sua casa apalaçada e da hoje Escola Secundária Antero de Quental, na qual o quotidiano escolar continua a coexistir com a memória dos tempos».
    Mas o que agora interessa evidenciar éque um «novo» O PAÇO acaba de ser  apresentado quando o «Liceu/Escola Antero de Quental» assiná-la o 170º aniversário da sua existência; - numa 2ª edição revista e complementada, acrescentando outros elementos histórico/bibliográficos e patrimoniais e que também marca o 1º centenário da aquisição do Palácio para instalar o Liceu, aliás um acontecimento que recordei na edição deste Jornal de 20 de Setembro de 2020, com o titulo de «Reunião histórica no Município de Ponta Delgada».
    Aos colaboradores /investigadores desta 2ª edição – que tem a execução  da Nova Gráfica - juntam-se agora os professores Boanerges Melo, José Cruz, Vitor Rego e Pedro Melo, os quais  no «Prólogo» referenciam - e bem - que «este trabalho é fruto do labor que os autores de O PAÇO desenvolveram com amor para que “o nosso livro” possibilite a todos quantos se interessam pela “nossa casa” e pelo património de Ponta Delgada uma Revisitação ao Paço – esta é a designação adoptada pelos autores para referir os diferentes momentos temporais desde a primeira edificação pelos capitães do donatário até ao presente – que, ao longo de 500 anos se erigiu sobre o mesmo solo e sempre soube aliar História e Cultura».
    Ao mesmo tempo, como de novo se observa no prefácio que o Dr. João Bosco Mota Amaral escreveu para 1ª edição, também O PAÇO corresponde «à audácia e largueza de vistas dos nossos gestores distritais e concelhios que no começo da década de 20 do século passado compraram o palácio Fontebela para nele instalarem o Liceu Antero de Quental, dando digna morada à escola que ostenta o nome ilustre de um dos nossos maiores».
    Por motivos pessoais não pude estar presente na cerimónia do lançamento. No entanto, pelo que li, desejo felicitar o Dr. Boanerges de Melo pelo trabalho que desenvolveu para que esta edição constitui-se mais um ponto de referência que permitirá despertar a atenção de todos quantos se interessam pela História, Cultura e Património de Ponta Delgada e da nossa primeira «Casa» de Ensino Secundário.
    E, apesar dos anos, a MEMÓRIA do Liceu/Escola Secundária Antero de Quental, continua…

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